Tirar dúvida e qualidade da internet são as maiores dificuldades para estudantes em aulas remotas
Conheça os destaques do estudo Painel TIC COVID-19, do Cetic.br, que também mostra como fatores socioeconômicos interferem na maneira com que estudantes acompanham as aulas remotas
por Redação 6 de novembro de 2020
Dificuldade para tirar dúvidas com professores, baixa qualidade de conexão à internet, falta de estímulo para estudar e baixa qualidade dos conteúdos são os fatores que mais prejudicam estudantes com 16 anos ou mais que frequentam escola ou universidade a acompanhar as aulas remotas. Esses argumentos estão presentes no estudo Painel TIC COVID-19, divulgado nesta quinta-feira (5) pelo Cetic.br (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação) do NIC.br (Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR), ligado ao CGI.br (Comitê Gestor da Internet no Brasil).
Diferentemente do levantamento TIC Domicílios, que é feito por meio de pesquisa presencial e conta com a opinião de quem não usa a internet, neste painel as respostas foram colhidas de forma online, o que restringe o universo pesquisado. A amostra do estudo divulgado nesta quinta-feira (5) contou com 2.728 pesquisados, durante o período de 10 de setembro a 1 de outubro.
Aprendendo Sempre: Ferramentas e orientações para suas aulas remotas
Entre o público pesquisado, 82% disse que está acompanhando aulas remotas. Três quartos dos usuários de Internet com 16 anos ou mais e que são das classes DE (74%) acessam a rede exclusivamente pelo telefone celular, percentual que é de 11% entre os usuários das classes AB.
O celular aparece também como a ferramenta utilizada com maior frequência (37%) para assistir às aulas e atividades educacionais remotas. No entanto, o uso do dispositivo como o principal recurso para participação nas atividades é maior entre os usuários das classes DE (54%), se comparado com o percentual daqueles das classes C (43%) e AB (22%). Já o uso de computador (notebook, computador de mesa e tablet) como o principal recurso para acompanhamento do ensino remoto é maior nas classes AB (66%), sendo menos acessível aos estudantes das classes C (30%) e DE (11%).
“A falta de recursos digitais para acessar as aulas e atividades remotas é um dos principais aspectos que podem afetar a continuidade das rotinas educativas durante a pandemia. As disparidades de acesso às TIC entre estudantes dos distintos perfis socioeconômicos também criam oportunidades desiguais para a aprendizagem”, destaca Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br|NIC.br. “O celular é bom para troca de mensagens, mas limita o desenvolvimento de algumas habilidades e o uso de uma forma mais emancipada da internet”, diz.
Essa desigualdade também explica por que a adoção de material impresso tem sido forte (29%) e figura como terceira forma de acesso a conteúdo pedagógico mais citada, logo depois de sites, redes sociais (71%) e plataformas de ensino disponibilizadas pela secretaria, escola ou universidades (55%).
Por que não acompanham aulas remotas
E não só a falta de conectividade pesou como motivo para o não acompanhamento de atividades educacionais remotas. A crise financeira pode ser apontada como um dos motivos pelos quais entrevistados citam a necessidade de buscar emprego (56%); de cuidar da casa, dos irmãos, filhos ou de outros parentes (48%). Longe do convívio social que escolas e universidades proporcionam, 45% também disseram que não acompanham aulas por falta de motivação.
Quando é feito um recorte socioeconômico desses motivos, entre os usuários das classes AB, não conseguir ou não gostar de estudar a distância lidera com 43%, seguido por cuidar da casa, dos irmãos, filhos ou outros parentes (38%) e falta de motivação (35%). Já entre os indivíduos das classes DE, as questões mais apontadas foram a necessidade de buscar emprego (63%), de cuidar da casa, dos irmãos, filhos ou outros parentes (58%) e a falta de equipamentos para acessar as aulas (48%).
A relação completa de indicadores desta edição do Painel TIC COVID-19 está no site Cetic.br.