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Inovações em Educação

5 dicas para criar testes de múltipla escolha

Pesquisador mostra como elaborar suas perguntas de acordo com as mais recentes descobertas da neurociência

por Youki Terada, do Edutopia ilustração relógio 14 de janeiro de 2019

Embora testes de múltipla escolha sejam úteis para avaliar o quanto os alunos entendem um assunto, eles podem interferir no aprendizado se forem mal planejados, de acordo com uma pesquisa recente.

Andrew Butler, professor de psicologia e ciências cerebrais da Universidade de Washington (EUA), é especialista na maleabilidade da memória – como as lembranças podem desaparecer ou serem reforçadas com o tempo. Em um artigo recente no Journal of Applied Research in Memory and Cognition, ele explica que, apesar da popularidade dos questionários de múltipla escolha, muitas vezes eles não estão alinhados com as descobertas científicas mais recentes sobre como os alunos processam e retêm informações.

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Butler afirma que quando os alunos não têm certeza da resposta certa entre as opções disponíveis, podem inadvertidamente aprender informações incorretas, um fenômeno chamado efeito de sugestão negativa. “Quando o aprendizado é o objetivo, o fato que os testes de múltipla escolha exponham os candidatos a muitas informações incorretas é preocupante, porque eles poderiam aprendê-las”, explica.

Mas um questionário bem planejado e de baixo risco deve fornecer aos professores as percepções necessárias e reforçar o que os alunos sabem, aumentando seu desempenho em provas futuros. Os alunos tendem a esquecer rapidamente uma lição e os testes inteligentes podem ajudar a garantir que a informação seja mais profundamente codificada.

Aqui vão cinco dicas baseadas em pesquisas para elaborar testes de múltipla escolha:

1. Não liste muitas respostas. Quanto mais respostas um aluno vê, maior é a probabilidade de que ele se lembre do que é errado. Os alunos também gastam mais tempo em perguntas com mais respostas, limitando a quantidade total de material que um teste pode abordar. Atenha-se a três respostas possíveis: é o melhor equilíbrio entre qualidade e eficiência.

2. Evite perguntas difíceis. Charadas, pegadinhas ou perguntas enigmáticas destinadas a enganar ou enganar os alunos não são “produtivas para o aprendizado”, explica o professor de psicologia. Embora seja tentador incluir perguntas que exijam que os alunos passem alguns momentos a mais pensando sobre a resposta, pegadinhas podem fazer o tiro sair pela culatra e criar confusão – mesmo para aqueles que estão indo bem no restante do teste – e, assim, fazer mais mal do que bem.

3. Use formatos de pergunta simples. “Todas as opções acima”, “nenhuma das opções acima” e perguntas com várias respostas (como “A, B e D”) podem ser manipuladas – se um aluno eliminar uma das alternativas, a lista de respostas corretas é rapidamente reduzida, levando a “níveis artificialmente mais altos de desempenho”, diz Butler.

4. Faça testes desafiadores, mas nem tanto. Os questionários que são muito difíceis podem desencorajar pesquisas futuras e fazer com que o material pareça intransponível. De acordo com a pesquisa, um teste difícil também pode levar os alunos a enviar informações ruins à memória, já que a escolha errada seria reforçada na mente do aluno. Os alunos atentos devem obter entre 70% e 80% das perguntas corretas – menos que isso pode indicar que teste pode estar dificultando sua capacidade de aprender o conteúdo.

5. Ofereça retornos avaliativos (feedback). Promover acompanhamento é um ponto crucial. Ir além do questionário não apenas garante ao professor uma visão sobre as dificuldades da turma, mas também permite aos alunos outra chance de dominar o conteúdo avaliado. “Fornecer feedback após um teste de múltipla escolha aumenta seus efeitos positivos na aprendizagem e reduz substancialmente ou elimina seus efeitos negativos”, escreve Butler.

Conclusão: Testes de múltipla escolha não são apenas avaliações. Quando bem concebidos, podem ser considerados ferramentas de aprendizagem eficazes, reforçando a compreensão do conteúdo por parte do aluno.

* Publicado originalmente em Edutopia e traduzido mediante autorização
© Edutopia.org; George Lucas Educational Foundation


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avaliação, ensino fundamental, ensino médio, ensino superior

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