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Como Inovar

Aplicativo gratuito conecta pais, alunos e professores

Agora em português, Remind permite ao educador enviar a pais comunicados sobre lições e provas, além de fotos direto da classe

por Fernanda Nogueira ilustração relógio 22 de abril de 2015

A plataforma gratuita de troca de mensagens Remind, que tem cerca de 23 milhões de usuários pelo mundo, acaba de lançar sua versão em português graças a uma iniciativa da Fundação Lemann. Conhecida por conseguir aproximar professores, pais e alunos, principalmente nos Estados Unidos nos últimos anos, a ferramenta espera conquistar no Brasil milhões de pessoas nos próximos meses.

O objetivo da Remind é tornar os estudantes e os pais mais envolvidos nos estudos e economizar tempo dos professores, que deixam de ter de escrever recados na agenda de cada aluno ou mandar e-mails para todos os pais, por exemplo. “Acreditamos que se conseguirmos engajar os pais na educação de seus filhos e se pudermos tornar o trabalho dos professores mais eficiente, poderemos causar um enorme impacto no sistema de educação”, afirma Brett Kopf, CEO da empresa.

Professores de escolas públicas ou privadas que se inscreverem até o dia 30 de abril na lista de espera para usar a ferramenta terão acesso a uma formação online (vídeos com tutoriais do aplicativo, sugestões de uso, videocases), recursos de divulgação e formação (PDFs, PPTs etc) e espaço de comunicação com a fabricante. O mesmo conteúdo estará disponível a pais e alunos, chamados de assinantes, a partir de 4 de maio.

Como funciona

De uso simples, a ferramenta demanda cerca de um minuto do tempo do educador para iniciar seu uso por meio do computador ou de aplicativos para tablet e celular, de acordo com Brett. “Se você olhar para tecnologias educacionais dos últimos 30 ou 40 anos, verá que os professores tinham que usar tecnologias complexas. Às vezes, eles precisavam de um manual e levavam mais de dez minutos para entender como usar. Nosso produto usa menos de 60 segundos do professor para iniciar o uso. É muito simples. Isso é importante porque os professores são muito ocupados”, explica Brett.

Seu principal diferencial em relação a outras ferramentas de troca de mensagens, como o WhatsApp ou o Messenger, é o perfil dedicado à educação e, por isso, tem como foco a segurança dos usuários durante as conversas. Segundo a fabricante, a ideia é que o educador esteja sempre no comando. Por isso, é ele quem cria seu perfil e depois convida os pais e alunos, pessoalmente, por e-mail ou por SMS (esta opção está disponível apenas nos EUA e no Canadá), para entrarem no grupo dele dentro da ferramenta.

A partir daí, o educador cria grupos, que podem ser divididos por classes e séries, e passa a se comunicar com eles, enviando avisos sobre provas, perguntas sobre temas discutidos em sala, mensagens motivacionais, recados aos pais, imagens, como a foto de uma lição escrita na lousa, arquivos, vídeos e mensagens de voz. “Acreditamos que as mensagens de voz são muito poderosas, porque trazem o tom da voz do professor. Ele pode dizer ‘oi, alunos, estou muito orgulhoso de vocês’, o que é bem diferente do que apenas ler a mesma mensagem”, afirma Brett.

Com o tempo salvo com antigas práticas para se comunicar com os pais, os professores ganham tempo para trabalhar temas importantes em sala de aula com seus alunos, argumenta o CEO da Remind. Outra vantagem é que os educadores conseguem ter um feedback imediato dos alunos e dos pais. “Um professor de Nova Orleans me contou que antes de usar a plataforma apenas dez dos 24 pais de alunos de uma turma dele participavam das reuniões. Assim que ele começou a usar a ferramenta, 21 deles apareceram”, conta Brett.

Segurança

Segundo Josh Wiseman, vice-presidente de produto da empresa, para que a privacidade dos usuários seja preservada, não há possibilidade de professores, estudantes ou pais terem acesso aos telefones uns dos outros ou a informações pessoais. Os pais e alunos podem escolher os grupos dos quais querem fazer parte e definir se desejam receber mensagens de texto ou e-mail.

“Se ocorrer algum problema e a escola precisa investigar alguma coisa que ocorreu e ter acesso ao que foi dito nas mensagens, nós temos todo o histórico da conversa”

As mensagens trocadas não podem ser apagadas do aplicativo, como ocorre em outras plataformas. Isso permite que as informações estejam sempre arquivadas e possam ser entregues à escola, em forma de relatório, periodicamente ou sempre que necessário. “Se ocorrer algum problema e a escola precisa investigar alguma coisa que ocorreu e ter acesso ao que foi dito nas mensagens, nós temos todo o histórico da conversa”, explica Josh.

A ferramenta segue normas rígidas dos Estados Unidos por ter usuários com menos de 13 anos. Uma cópia das mensagens enviadas aos estudantes vai para o e-mail dos pais, por exemplo. Além disso, o sobrenome da criança ou do adolescente é mantido sob sigilo. Usa-se o primeiro nome e a primeira letra de seu último sobrenome para identificá-lo, como “JoshW”. Se o estudante passa mais de um ano sem usar a plataforma, a empresa é obrigada a apagar todo o conteúdo de sua conta.

Como na troca de mensagens, o professor também estará no comando no chat. Só ele poderá iniciar uma conversa com pais e alunos ou dizer se alguma criança, adolescente ou pai de uma turma específica pode chamá-lo para uma conversa. A qualquer momento, poderá ainda pausar ou por fim ao papo caso entenda que é o momento apropriado. Ele poderá ainda deixar avisado quais são os horários em que estará disponível para chats.

Dislexia

A plataforma foi criada em 2011, com o nome de Remind 101, em São Francisco, nos Estados Unidos, pelos irmãos Brett e David Kopf. A ideia inicial era facilitar a vida dos estudantes que sofrem de dificuldades de aprendizado, como dislexia ou déficit de atenção. A ferramenta iria mandar lembretes sobre provas e trabalhos. Brett sofre destes problemas e conta só ter conseguido superar as dificuldades na escola com ajuda de um professor no ensino médio, que se preocupava com ele, e da mãe. “Ele mudou a minha vida e ela sempre esteve muito envolvida na minha educação”, conta Brett.

Antes de lançar o projeto, a empresa descobriu por meio de pesquisas com professores que poderia ter uma abrangência maior ao abrir o leque para todos os alunos, e não só aqueles com dificuldades de aprendizagem. Os estudos mostraram que os educadores sentiam falta de um meio eficaz de envolver os pais nos estudos dos filhos e, por isso, precisavam de uma forma mais prática e rápida para relatar o que acontecia em sala de aula. A plataforma se transformou na Remind.

Hoje, cerca de 35% dos professores americanos de anos equivalentes no país à pré-escola, ao ensino fundamental e ao ensino médio usam a ferramenta, de acordo com Brett. Em alguns estados, como o Texas, o percentual chega a 50% do total. Mais de um bilhão de mensagens já foram enviadas pela plataforma. Há ainda uso na educação superior.

Segundo Brett, pesquisas feitas com educadores no país mostraram que 81% deles acreditam que o uso afetou o trabalho deles positivamente, 63% acham que facilitou sua atuação, 63% acham que economiza tempo, 43% acreditam que aumenta o engajamento do pais, 40% deles enxergam um aumento na satisfação dos pais e 33% acham que faz crescer o engajamento dos alunos. Desde o lançamento, a empresa já recebeu US$ 59 milhões de grandes fundos de investimento na área de educação.


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dispositivos móveis, engajamento familiar, fundação lemann, tecnologia

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