O que Bill Gates aprendeu sobre educação em 17 anos – e por que vai investir mais US$ 1,7 bi
Cofundador da Microsoft revela como será a estratégia de sua fundação para a gestão de escolas e a avaliação de professores
por Tony Wan, do EdSurge 20 de outubro de 2017
Bill e Melinda Gates já destinaram bilhões de dólares em esforços para melhorar a educação básica dos Estados Unidos ao longo dos últimos 17 anos. Então por que investir mais? Em sua palestra em Cleveland nesta semana, o cofundador da Microsoft discutiu alguns aprendizados que teve a respeito de reformas na educação e dos planos de “investir perto de US$ 1,7 bilhão em educação pública durante os próximos cinco anos”.
Eis o que Gates diz ter aprendido a partir de iniciativas que não serão foco da estratégia da fundação:
Criar escolas pequenas com menos de 500 alunos: “Ao longo do tempo, vimos que o impacto total dessa estratégia era limitado – os custos financeiros e políticos de fechar escolas existentes e substitui-las por novas era muito alto”.
Observar e avaliar professores “efetivos”: “Esse trabalho ajudou estados ao redor do país a criar avaliações robustas baseadas em muitas variáveis… Mas distritos e estados implementaram esses sistemas de maneira diferente porque cada um trabalha dentro de um contexto local.” Em seguida, acrescentou: “… apesar de não investirmos mais em novas iniciativas para avaliação e pontuação de professores, continuaremos a colher dados sobre o impacto desses sistemas e a encorajar seu uso para a melhoria do ensino em nível local.”
Ambos os esforços mencionados acima chamaram a atenção – e análises. A própria fundação reconheceu que “enfrentar o fato de que é um verdadeiro desafio promover mudanças em todo o sistema”, como Sue Desmond-Hellman, presidente-executiva da fundação, escreveu em uma carta no ano passado.
O papel da Gates Foundation em apoiar a criação e a adoção dos parâmetros estaduais do Common Core (currículo nacional) encorajou os críticos que diziam que Gates tinha muita influência em moldar o que os estudantes americanos aprenderiam. Embora os padrões tivessem o apoio de muitos gestores estaduais e formuladores de políticas públicas, a fundação não fez o suficiente para alcançar pais e professores, reconheceu.
“Infelizmente, nossa fundação subestimou o nível de recursos e suporte necessários para que nossos sistemas de educação pública estejam bem equipados para implementar as diretrizes”, disse Desmond-Hellman. “Perdemos uma oportunidade inicial para envolver suficientemente os educadores – particularmente os professores –, mas também os pais e as comunidades, para que os benefícios dos parâmetros pudessem aparecer desde o início”.
Ao invés de apoiar os esforços da reforma de cima para baixo, Bill Gates disse desejar que os educadores proponham eles mesmos as soluções. Nos próximos anos, ele disse que a maior parte dos investimentos da fundação estarão concentrados em “soluções locais identificadas pelas redes de escolas”, juntamente com os esforços para criar currículos e oportunidades de desenvolvimento profissional para professores. “Nós antecipamos que cerca de 60% (do compromisso de US$ 1,7 bilhão) vão apoiar o desenvolvimento de novos currículos e redes de escolas que trabalhem em conjunto para identificar problemas e soluções locais… e usar dados para impulsionar a melhoria contínua”.
Outros 25% irão para o que Gates chamou de “grandes apostas – inovações com o potencial de mudar a trajetória da educação pública nos próximos 10 a 15 anos”. Seus exemplos incluíram apoio à pesquisa sobre educação infantil, matemática e preparação para o trabalho para estudantes do ensino médio.
Finalmente, 15% serão destinados a apoiar escolas charter (públicas com administração privada) que atendam estudantes com necessidades especiais.
“Dar às escolas e aos distritos maior flexibilidade tende a levar a soluções que atendam às necessidades das comunidades e sejam potencialmente replicáveis em outros lugares”, disse Gates. “Se existe uma coisa que eu aprendi, é que, por mais entusiasmado que possamos ser sobre uma abordagem ou outra, a decisão de ir do programa piloto para grande escala é, em última instância, sempre algo que deve ser decidido por você e outros dentro do setor”, acrescentou, falando aos gestores escolares presentes.
A fundação planeja lançar um “pedido de informações” na segunda-feira para pedir sugestões sobre como o dinheiro deve ser gasto, informa o The Washington Post.
* Publicado originalmente no EdSurge e reproduzido mediante autorização
Tony Wan, do EdSurge
É um editor associado no EdSurge, responsável pelas newsletters de quarta-feira. Também pode ser encontrado cafeinado em meetups e eventos. Já fundou a Luckybird Games e foi editor do Stanford Journal na sessão de Asian Affairs. Gasta todo o tempo livre que tem escalando montanhas.