Tecnologia na educação é tema da terceira edição da Série de Diálogos o Futuro se Aprende
Cerca de 70 pessoas se reuniram para falar sobre as tendências, os desafios e as oportunidades do uso das tecnologias na educação
por Redação 11 de setembro de 2012
Na última segunda-feira, o Inspirare, o Porvir e a Fundação Telefônica Vivo reuniram um grupo de cerca de 70 pessoas em São Paulo para falar sobre as tendências, os desafios e as oportunidades do uso das tecnologias na educação. O evento marca a terceira edição da Série de Diálogos O Futuro se Aprende.
O encontro durou um dia inteiro e contou com a participação de representantes de institutos e fundações empresariais e familiares, fundos de investimento, universidades, organizações sociais, veículos de comunicação, empresas e startups de educação, que assistiram a apresentações e debateram temas como novos formatos, novas tecnologias e aprendizado adaptativo na educação.
A conferência de abertura foi realizada por Luciano Meira, professor de psicologia da Universidade Federal de Pernambuco e colaborador da OJE (Olimpíada de Jogos Digitais e Educação). Meira falou sobre a necessidade de se reformular as metáforas da escola, há mais de 100 anos focadas em termos como transmissão, retenção, aprovação, reprovação e controle. “Estamos utilizando as metáforas erradas, o que obstaculiza o DNA da aprendizagem”, disse. Meira sintetizou as novas metáforas com a sigla D3NA: diversão, diálogo, desafio, narrativa e aventura. “Queremos balancear encantamentos, visões, surpresa, curiosidade, que fazem parte da tecnologia do século 22”, disse.
Ainda durante a manhã, o primeiro painel abordou os novos formatos propostos pelas tecnologias, que têm modificado a maneira como os conteúdos educativos são transmitidos: aulas digitais, videoaulas, games e redes sociais. Rafael Parente, subsecretário de educação do município do Rio de Janeiro, apresentou a Educopédia, plataforma on-line colaborativa, em que alunos e professores podem acessar atividades autoexplicativas de forma lúdica e prática. Em seguida, Marco Fisbhen, fundador do Descomplica – site que prepara alunos para o Enem –, reforçou a ideia de que “as videoaulas melhoram a vida escolar dos alunos”.
Já Samara Werner, da Tamboro – empresa especializada na criação de jogos educacionais inovadores – trouxe à luz a importância do uso da games na educação. Enquanto Américo Amorim, cofundador do Daccord, deu exemplos de como as redes sociais podem ser aliadas dos professores, uma vez que “as pesquisas mostram que 91% dos jovens não têm dificuldades para acessá-las”.
À tarde, o encontro prosseguiu com o lançamento da publicação Inovação: Um Olhar para Projetos Brasileiros, organizada pela Fundação Telefônica Vivo e pela OEI – Organização dos Estados Iberoamericanos e apresentada pela consultora Márcia Padilha. O segundo painel foi apresentado por Pablo Larrieux, diretor do Centro de Inovação da Vivo, que falou sobre tendências em relação ao desenvolvimento das tecnologias, bem como seu impacto na sociedade.
Para o último painel do dia, subiram ao palco outros quatro palestrantes, que apresentaram práticas de aprendizado adaptativo e como as tecnologias podem contribuir para personalizar a educação dentro e fora da sala de aula. Heliton Tavares, da Universidade Federal do Pará, falou sobre testes adaptativos, Cláudio Sassaki, da Geekie, abordou o ensino adaptativo. Já Thiago Feijão, fundador do QMágico, destacou sobre ensino hibrido e Betina von Staa, da Desire2Learn, falou sobre o ensino adaptativo aplicado nas redes de ensino. As discussões do painel ficaram por conta das mudanças que essas tecnologias podem impulsionar, mudanças nos currículos, na capacitação de professores, nas habilidades que os alunos precisam desenvolver e ainda em nas formas de avaliação.
Não por menos, a conferência de encerramento contou com a participação de Eugenio Severin, especialista chileno que compartilhou orientações sobre como avaliar o impacto do uso das tecnologias na educação. Todas as apresentações foram filmadas e serão compartilhadas no nosso site e nas nossas redes sociais para que possam inspirar muito mais pessoas.
Tanto para Marco Fisbhen quanto para Thiago Feijão, a surpresa foi descobrir que existem mais iniciativas atuando nas mesmas áreas de interesse, como videoaulas, ensino híbrido e games. “A esperança é que o evento seja o começo de um relacionamento para que essas iniciativas possam trocar mais entre si e se ajudar”, afirma Feijão.
Para Françoise Trapenard, presidente da Fundação Telefônica Vivo, após um dia de debates, a boa notícia é perceber que os participantes, principalmente os representantes do investimento social privado, saíram do encontro querendo construir uma agenda comum, tendo como foco a busca de alinhamentos e sinergias que ampliem a escala e o impacto das iniciativas que buscam utilizar as tecnologias para melhorar a qualidade do ensino público no Brasil. “Era isso o que queríamos, e a proposta surgiu de forma espontânea”, afirma.
Entretanto, ela reforça o longo caminho que ainda precisa ser percorrido. “A educação tem tanta urgência, é tão desafiante a gente tocar essa pauta, que eu fico me perguntando quando é que tudo isso vai começar a dar resultado, quando é que essas apostas vão se transformar em impacto ou em melhoria para o aluno.”
Atualizado às 12h54, em 14/09/2012