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Cascavel investe em servidores locais contra internet lenta

Rede municipal investe em equipamentos, produz materiais didáticos próprios e aposta na formação de professores para levar tecnologia às salas de aula

por Marina Lopes ilustração relógio 24 de agosto de 2015

Quando a rede de Cascavel (PR) traçou um plano para levar tecnologia às escolas, percebeu que não bastava equipar salas de aula com netbooks. Na hora de tirar as ideias do papel, foi preciso superar os entraves de conectividade e a burocracia das licitações. Sem falar que ainda seria necessário desembolsar uma boa quantia para obter a licença dos programas que seriam instalados nas máquinas. Para reduzir os custos e ampliar o alcance, a solução foi apostar no software livre e investir na produção dos próprios recursos educacionais.

Dentro da secretaria municipal de educação, que já conta com 90% das suas escolas com conexão à internet e rede sem fio, existe um setor especializado na produção de materiais didáticos e softwares educacionais. No total são mais de 3.500 atividades disponíveis para serem utilizadas por todos os alunos da rede em netbooks de 10 polegadas, com entrada HDMI (Interface Multimídia de Alta Definifição, responsável pela transmissão de áudio e vídeo), 320GB (gigabit) de disco rígido e 3GB de memória.

“No início do programa, a primeira barreira que encontramos foi uma crítica muito grande de que teríamos um investimento alto nas máquinas e depois ainda teríamos um gasto enorme em software. Nós começamos a buscar softwares livres e ao mesmo tempo começamos a produção do nosso próprio material”, explica o secretário de educação Valdecir Antonio Nath.

A integração da tecnologia às aulas começou em 2009, quando as unidades de ensino foram equipadas com laboratórios de informática viabilizados pelo PROINFO (Programa Nacional de Informática na Educação). No ano seguinte, com a ajuda de recursos federais, Cascavel implantou um Núcleo de Tecnologia Municipal, responsável por preparar os professores para trabalharem com a cultura do software livre.

Para o secretário de educação de Cascavel, a formação continuada foi um dos fatores mais importantes para garantir o funcionamento do projeto. “O professor tem que ver a tecnologia como uma grande aliada para o aprendizado”, defende. Todos os anos são oferecidas 400 vagas, em média, para cursos presenciais e à distância, que já formaram mais de 1.400 professores da rede. As atividades costumam acontecer em horários de trabalho para incentivar a participação.

“Os professores perderam o medo da tecnologia. Esse foi o maior desafio e a maior conquista que tivemos”, destaca. Segundo o secretário, os professores tinham receio dos alunos saberem usar melhor a tecnologia do que eles. “Foi uma troca em uma relação de ensino e aprendizagem onde nem sempre é só o professor que ensina. O aluno também ensina e o professor aprende”, diz.

Os professores perderam o medo da tecnologia. Esse foi o maior desafio e a maior conquista que tivemos

Dentro de um plano progressivo, no começo de 2012, a rede deu início a implantação de um projeto piloto do programa Escola.com, que tinha a meta de levar os netbooks para as salas de aula. As dificuldades começaram a aparecer no primeiro processo licitatório, que detalhava apenas as especificações de hardware e deixava em aberto a escolha do sistema operacional. Isso resultou na seleção de máquinas com sistema Android, dificultando o funcionamento de boa parte dos recursos educacionais depois que uma atualização deixou de aceitar Flash. A alternativa foi abrir outra concorrência e adotar o software livre, que permitiu rodar diversos recursos educacionais e ainda trouxe uma economia de R$ 900 mil, ao evitar o gasto com a licença de programas para 10 mil computadores.

Conectividade
A maior parte das escolas na rede contam com uma velocidade de banda de 2 Mbps (megabits por segundo), oferecida pelo programa Banda Larga nas Escolas. Para evitar possíveis problemas de conectividade, cada escola foi equipada com um servidor. Antes de começar a aula, o professor salva os conteúdos da internet e os alunos podem acessar na rede local sem risco de que a conexão caia. Dentro das salas de aula também foram implantados armários próprios para o armazenamento dos netbooks. Os móveis são produzidos em um setor da própria secretaria e contam com fontes de energia para que os equipamentos sejam conectados e fiquem carregando enquanto não estão sendo utilizados.

Prevendo que em pouco tempo os equipamentos precisariam de reparos e atualizações, o programa optou entregar os netbooks para os alunos no final quinto ano. “Normalmente os equipamentos de informática se tornam obsoletos depois do terceiro ano de uso. Como temos uma previsão de compra anual, compramos para os que estão entrando, enquanto a turma que está saindo recebe os equipamentos que utilizou”, conta.

Segundo o secretário, o atual desafio do projeto é aguardar as licitações para a compra de novas máquinas. “A indústria de netbooks está sendo cada vez mais reduzida. Estão investindo muito em tablets, mas a maioria dos programas que temos para as atividades didáticas não são compatíveis. Em um futuro próximo, talvez a gente tenha que fazer uma adequação, modificando o sistema em virtude da ausência de máquinas”, avalia.

Nos próximos dois ou três anos, o secretário diz que as escolas da rede devem começar a receber conexão fibra ótica com 10Mbps de velocidade. O programa também pretende implantar atividades de robótica. Em junho deste ano, os profissionais de informática que atuam nas escolas já começaram a participar de uma formação. Na Escola Municipal Aloys João Mann já existem um projeto piloto acontecendo com os alunos trabalhando em alguns projetos de robótica.


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conectividade, especial tecnologia na educação, infraestrutura

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