“Ensino médio no Brasil é um Frankenstein”
Marcos Magalhães, idealizador de modelo inovador para jovens defende a volta do magistério, do científico e do clássico
por Vagner de Alencar 4 de outubro de 2012
Quem tem seus trinta e poucos anos – um pouco mais ou um pouco menos dependendo da região – vai se lembrar dessas nomenclaturas: científico, clássico e magistério. Antes, essas modalidades direcionavam os estudantes para áreas de conhecimento específicas, conforme suas aptidões. A partir da década de 70, o modelo foi sendo gradualmente substituído por um formato mais generalista, usado até hoje. Para Marcos Magalhães, ex-presidente da Philips do Brasil e atual presidente do ICE (Instituto de Co-Responsabilidade pela Educação), organização que tem reformulado escolas de ensino médio em vários estados, é preciso fazer o caminho reverso para recuperar a qualidade perdida.
“No Brasil, encaminhamos os jovens para o ensino médio geral, que é um grande balaio. Acabamos criando um Frankenstein com mais de 11 disciplinas, quando precisamos criar uma gama de opções para que o aluno possa escolher aquilo para o que quer ir se direcionando”, afirma Magalhães. Para ele, o Brasil deveria se inspirar no modelo europeu, que reduz o número de disciplinas e cria um conjunto de matérias eletivas como forma de desenvolver “uma melhor visão de futuro” nos jovens. “O modelo ideal seria limitar a grade a seis matérias obrigatórias e o restante delas serem eletivas. É preciso que o currículo seja integrado com trabalhos, projetos, matérias transversais, projetos de vida, iniciativas fora da escola, ambiente formativo e a mudança no papel do professor”, diz.
A opção defendida por Magalhães de simplificar a grade curricular para liberar mais tempo para que o aluno se dedique a suas aptidões tem ganho ressonância na sociedade. Atualmente, a grade curricular é composta por 13 disciplinas obrigatórias, mas o MEC estuda a flexibilização desse número, especialmente depois que a etapa escolar amargou resultados estagnados em 3,4 no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) numa escala que vai de 0 a 10. “Neste ano, nos encontramos com o [MInistro da Educação], Aloízio Mercadante, que já está repensando o ensino médio. Ele conheceu alguns dos nossos centros de ensino e vamos seguir em conversa”, afirma Magalhães.
Além das alterações na grade curricular, Magalhães ressalta também a importância de que os processos seletivos para as universidades, como o Enem e os grandes vestibulares, sejam repensados. “Eles não deveriam ser uma prova única, mas várias avaliações distintas, o que criaria uma condição melhor de escolha das universidades”, afirma. A discussão é ainda mais relevante, diz ele, devido ao crescimento econômico e a demanda por profissionais qualificados que o país vem vivendo nos últimos cinco anos.
Magalhães tem experiência no que está defendendo. Em 2004, ele criou o ICE, entidade sem fins lucrativos, em parceria com o setor privado. Juntos, eles implementaram os primeiros modelos dos CEEs (Centro de Ensino Experimental) ou ginásios experimentais, como são mais conhecidos, que hoje já estão espalhados por Pernambuco, Ceará, São Paulo, Goiás e Rio de Janeiro. Apenas o Rio adota o modelo para o ensino fundamental 2; em todos os outros estados, a experiência é de atuação no ensino médio.
Esses centros são sempre escolas públicas, geridas em parceria com as secretarias de educação. O ICE vai até essas instituições e desenvolve um modelo de educação integral. Neles, os professores têm dedicação exclusiva e atividades pedagógicas integradas entre as disciplinas. O primeiro CEE a ser implantado foi o Ginásio Pernambucano, em Recife, onde Magalhães estudou. A escola, que data da época do Brasil Império, foi referência de educação de excelência durante décadas, mas sua qualidade foi declinando até ser interditada no fim da década de 90 por falta de condições físicas. Em 2004, ela reabriu as portas já com o novo modelo.
Acompanhe, aqui pelo Porvir, uma série de matérias sobre ensino médio no Brasil. Os ginásios experimentais serão uma das experiências retratadas.
Está aí! Não precisamos de grandes gastos para melhorar a educação, apenas iniciativas, como a do Marcos, pode ser a solução para o cenário educacional do país. Excelente matéria!
Concordo plenamente.
A educação brasileira é um verdadeiro fracasso.
As escolas públicas precisam rever seus conteúdos programáticso. Chega de se querer “formar cidadãos”. Vamos tornar possível a esses cidadãos viverem dignamente usando o que aprenderam nas suas escolas. Sou totalmente a favor da diminuição de matérias obrigatórias. O nº de matérias atualmente é mesmo exagerado e sem propósito. Os estudantes saem da Escola sem saber se portar no mundo, que exige excelância no que se faz.
Oi, Cristiane, apenas não diria que “a educação brasileira é um verdadeiro fracasso”. Quanto ao resto estou de acordo, em parte, pois as disciplinas constantes das matrizes curriculares atenderam até aqui. Edgar Morin preconiza a Incerteza como um dos saberes necessários para o século XXI. Anisio Teixeira tinha a mudança como essência do processo educacional. Segundo ele, a escola deveria preparar e estar estar preparada para as mudanças. É hora de mudar. Mudemos!
Parabéns pela matéria: “Ensino médio no Brasil é um Frankenstein”. Concordo em genêro, número e grau. No entanto, como professor de matemática – e também formado em administração de empresas – venho percebendo que quando junto a teoria à prática, desperto um pouco mais o interesse dos alunos.
Exemplificando: Ao explicar uma equação qualquer e mostrar onde esta poderá ser usada dentro de uma empresa, percebo o interesse dos alunos de imediato.
Muito obrigado
Prof. Hamilton Alves
Recomendo uma matéria sobre os Protótipos Curriculares para o Ensino Médio e o Ensino Médio Integrado, da UNESCO. Com eles, há uma experiência em desenvolvimento promovida pela Secretaria de Educação do Ceará. Também o Rio Grande do Sul utilizou os protótipos em sua proposta de reformulação do Ensino Médio.
Olá José Antonio, tudo bem?
Obrigado pela dica de matéria.
Realmente parece uma experiência bastante interessante.
Um abraço,
Vagner de Alencar
Sr. Marcos A. Magalhães
Parabenizo pelos grandes feitos e avanços na “éducassão” do nosso amado país,porém sabemos que estamos aquém de verdades em relação a Educação.Sei eu que iniciativas como a do ICE é exatamente o que precisamos . Isto tudo linkado ao básico da grande massa,educação(literalmente),saúde e etc. Solução Educação e Meio Ambiente juntos nos bairros e grandes centros.Peço um horário para falarmos sobre muitas Soluções .Grato Christiano
PARABENS CARO MAGALHÃES, SEU GRANDE AMIGO, QUE CONFORME VC MESMO DISSE FOI O RESPONSÁVEL POR GALGAR A PRESIDENCIA DA PHILIPS, E DEPOIS FAZER OQUE VC FEZ= COMIGO. ESTOU MAL, MAS VOU AINDA MOSTRAR MUITACOISA CARO AMIGO.
Recomendo uma matéria sobre os Protótipos Curriculares para o Ensino Médio e o Ensino Médio Integrado, da UNESCO. Com eles, há uma experiência em desenvolvimento promovida pela Secretaria de Educação do Ceará. Também o Rio Grande do Sul utilizou os protótipos em sua proposta de reformulação do Ensino Médio.
Olá José Antonio, tudo bem?
Obrigado pela dica de matéria.
Realmente parece uma experiência bastante interessante.
Um abraço,
Vagner de Alencar
Parabéns pela matéria: “Ensino médio no Brasil é um Frankenstein”. Concordo em genêro, número e grau. No entanto, como professor de matemática – e também formado em administração de empresas – venho percebendo que quando junto a teoria à prática, desperto um pouco mais o interesse dos alunos.
Exemplificando: Ao explicar uma equação qualquer e mostrar onde esta poderá ser usada dentro de uma empresa, percebo o interesse dos alunos de imediato.
Muito obrigado
Prof. Hamilton Alves
Concordo plenamente.
A educação brasileira é um verdadeiro fracasso.
As escolas públicas precisam rever seus conteúdos programáticso. Chega de se querer “formar cidadãos”. Vamos tornar possível a esses cidadãos viverem dignamente usando o que aprenderam nas suas escolas. Sou totalmente a favor da diminuição de matérias obrigatórias. O nº de matérias atualmente é mesmo exagerado e sem propósito. Os estudantes saem da Escola sem saber se portar no mundo, que exige excelância no que se faz.
Está aí! Não precisamos de grandes gastos para melhorar a educação, apenas iniciativas, como a do Marcos, pode ser a solução para o cenário educacional do país. Excelente matéria!
Sr. Marcos A. Magalhães
Parabenizo pelos grandes feitos e avanços na “éducassão” do nosso amado país,porém sabemos que estamos aquém de verdades em relação a Educação.Sei eu que iniciativas como a do ICE é exatamente o que precisamos . Isto tudo linkado ao básico da grande massa,educação(literalmente),saúde e etc. Solução Educação e Meio Ambiente juntos nos bairros e grandes centros.Peço um horário para falarmos sobre muitas Soluções .Grato Christiano
Num momento como esse, no qual vivenciamos a quarta revolução industrial, no curso de uma pandemia, que fez acelerar as mudanças que estavam, paulatinamente, em curso, evidenciou-se a fragilidade e quase inconsistência do modelo educacional, sobretudo pelos bombardeios de tecnologias nas cabeças, em maioria, sem leitura, dos nossos estudantes. Faz-se necessário e urgente que novas matrizes curriculares sejam analisadas e implantadas para que, ao final, tenhamos formados efetivos cidadãos.
Realmente a pandemia acelerou o processo das mudanças que viriam a acontecer e pegou muita gente sem conhecimento tecnológicos e sem condições de adquirir as ferramentas necessárias, mas aconteceu e agora vamos nos adequando as novidades. Vejo também que com a urgência ouve alguns facilitadores como as ofertas de muitos cursos gratuitos que de outra forma não seriam oferecidos.
Houve um despertar e com certeza teremos vamos amadurecer a educação.