Olimpíada de ciências da natureza ajuda alunos a perderem o medo de disciplinas - PORVIR
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Diário de Inovações

Olimpíada de ciências da natureza ajuda alunos a perderem o medo de disciplinas

Divididos em grupos, estudantes resolveram questões sobre física, química e biologia em atividade que incentiva trabalho colaborativo

por Valéria Alves da Silveira e Marco Aurélio Ferreira Alves ilustração relógio 24 de novembro de 2016

Os professores e a coordenação pedagógica da escola Nossa Senhora das Dores, em Belo Horizonte, percebiam que os alunos do primeiro ano do ensino médio tinham bastante dificuldade em disciplinas de ciências da natureza, principalmente física e química. Além de todo esse conteúdo programático estar no edital do Enem, os estudantes passavam para o segundo ano do ensino médio com diversas lacunas. Com a vontade de encontrar um meio de fazer com que os alunos tivessem contato com os principais conteúdos de cada disciplina de uma forma diferenciada, não só através de aulas teóricas e provas, nós tivemos a ideia de criar uma Olimpíada interna do colégio sobre Ciências da Natureza.

A competição envolveu alunos do 9º ano do ensino fundamental 2 e do 1º ano do ensino médio. Eles foram separados em equipes com igual número de estudantes do 9º e do 1º ano, para que eles desenvolvessem o espírito de trabalho em equipe e cooperação. Além disso, pensamos que um aluno poderia ajudar o outro, porque uma questão da olimpíada, por exemplo, poderia cobrar conteúdos vistos no 9º ano. Então, nesse caso, os mais novos ajudariam os mais velhos e eles revisitariam o conteúdo juntos.

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A Olimpíada foi dividida em três fases. Na primeira, 35 equipes responderam, em computadores e tablets, 12 questões divididas igualmente entre química, física e biologia, com metade das perguntas referentes a assuntos do 9º ano e a outra metade sobre assuntos vistos no 1º ano. As equipes que tiveram rendimento igual ou maior que 60% se classificaram para a segunda fase. Nessa etapa, as 13 equipes restantes responderam mais perguntas no aplicativo AppProva.

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Já a terceira fase foi no laboratório de ciências. Em cada bancada, havia três situações problemas para cada um dos cinco grupos, uma de cada disciplina. Eles precisavam resolver as questões usando equipamentos do laboratório, como reagentes e vidrarias em química, um aplicativo de simulação em física, entre outros. No total, eles tinham 3h30 para resolver as três situações.

Para essas disciplinas trabalhadas na Olimpíada, o laboratório é um excelente recurso, porque não existe construção do conhecimento científico se não tiver experimentação e problematização das questões. Com essa vivência, nós queríamos que os alunos desenvolvessem habilidades como destreza e autonomia dentro desse espaço. Os estudantes não tinham um roteiro pré-estabelecido. Eles tinham uma situação-problema e usando os recursos do laboratório precisavam propor soluções. Então enquanto um grupo estabeleceu uma rota, outro escolheu um caminho diferente. E a nossa ideia era justamente essa: mostrar que existem várias opções para resolver um mesmo problema. E que todas estão corretas.

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Os professores de física e química reclamavam muito sobre a falta de interesse dos alunos. Essas disciplinas exigem um pensamento abstrato muito grande dos estudantes e essa transposição do concreto pro abstrato era muito difícil para eles. Por isso, nós pensamos na Olimpíada como uma forma de tentar aproximar mais o aluno desses conteúdos e mostrar para eles a importância das disciplinas de ciências da natureza não só como mais uma daquelas que são cobradas no Enem, mas também sua aplicação prática.

O rendimento dos alunos foi muito bom. Nós percebemos um nível de comprometimento enorme. Além disso, eles compartilharam as experiências com os colegas que não avançaram às outras fases.

Depois da Olimpíada, eu conversei com os alunos, e a coordenação, da qual faço parte, juntamente com os professores, percebeu que aquele “medo” que os jovens tinham de física, química e biologia começou a ser desmistificado. Eles perceberam que a dificuldade de um pode ser a mesma dificuldade de vários. Muitas vezes, o único retorno que o aluno recebe é que ele obteve um baixo rendimento na prova. Então ele pensa: “Eu não compreendo. Isso é muito difícil, não entra na minha cabeça”. Com essa experiência, o professor também pôde perceber que é possível que os estudantes aprendam de outra forma.


Valéria Alves da Silveira e Marco Aurélio Ferreira Alves

Valéria Alves da Silveira é coordenadora de Ciências da Natureza no Colégio Nossa Senhora das Dores, em Belo Horizonte, e professora de Química do Ensino Médio. Marco Aurélio Ferreira Alves é coordenador Pedagógico e professor de história do Ensino Médio no mesmo Colégio.

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aplicativos, aprendizagem colaborativa, educação mão na massa, ensino fundamental, ensino médio, tecnologia

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