O outro tipo de controle: site ajuda aluno a criar game
Na FazGame, professor insere conteúdos disciplinares e trata até de temas como empreendedorismo e meio ambiente
por Vinícius Bopprê 24 de fevereiro de 2014
Criar um personagem, dar um nome e escolher cada um de seus próximos passos não é mais obra divina ou trabalho de escritor. Com uma boa dose de criatividade, somada ao uso simples da tecnologia, crianças a partir de 10 anos podem criar seu próprio jogo utilizando a plataforma FazGame, que não exige conhecimentos avançados de programação ou informática e permite que o professor insira conteúdos das aulas.
Na plataforma estão disponíveis três categorias de jogos. A primeira delas é destinada à inserção de conteúdos curriculares, como geografia, ciências e física. Na segunda, chamada de conteúdos transversais, o professor pode buscar trabalhar temas como artes, música, empreendedorismo, projeto profissional e meio ambiente. A última categoria, até porque ninguém é de ferro, é a de diversão, em que os jogos são criados para entretenimento.
Independente da categoria escolhida, quem vai trabalhar na criação dos jogos são os próprios alunos. “É importante que as crianças e jovens conheçam a quantidade de inovações que podem ser produzidas com recursos computacionais. A experiência de comandar um computador através de fluxos ou programação de alto nível contribui para isso”, afirma Carla Zeltzer, fundadora da plataforma.
E a ideia é que todo esse aprendizado aconteça de maneira divertida, orgânica. Depois de definir a categoria do game, os alunos criam as personagens, escolhem os nomes, os cenários e quais são os objetivos que cada um deve cumprir para avançar e receber recompensas. “O objetivo é que a gente tenha algo que fale a linguagem dos jovens, que ele saiba como usar e que o aproxime do professor. Queremos que ela seja uma outra ferramenta para o aluno estudar e aprender”, diz Zeltzer.
Segundo ela, a plataforma pode ser utilizada em qualquer disciplina e foi criada para movitar o aprendizado sobre um tema que esteja sendo trabalhado pelo professor. Ou seja, a ideia é que os educadores incoporem a criação dos games à sua dinâmica pedagógica, incentivando a criação de projetos de pesquisa em que os alunos façam uso da ferramenta. Zeltzer explica que uma oficina FazGame pode envolver a pesquisa do conteúdo, a escolha do tema e a criação do roteiro, a criação do jogo e sua publicação, que o tornará disponível para toda a comunidade escolar, que é o grande objetivo da plataforma.
Gratuita por 30 dias, a FazGame já oferece seus serviços a algumas escolas por R$10/aluno, mas a ideia é que, depois de ganhar escala, esse valor possa ser baixado a R$2. E os benefícios de expandir o uso da plataforma não param na queda do preço. Segundo Zeltzer, quanto maior o número de estudantes criando games, mais material para estudo ficará disponível na plataforma e mais completos podem ficar os relatórios que apontam a complexidade e o grau de evolução dos alunos.
A meta para um futuro próximo é que esses relatórios indiquem também o desenvolvimento da aprendizagem daqueles que jogaram o game, não apenas sobre a evolução dos alunos que o criaram. Segundo Zeltzer, conforme o número de jogos e usuários for aumentando, esses relatórios vão passar a apontar o desempenho de cada aluno em cada uma das disciplinas, como matemática ou ciências. Esses indicativos, explica ela, vão ser mais um apoio ao professor, que vai poder repensar a aula de maneira personalizada para cada um de seus alunos.