‘Anne Frank’ chegará a 600 escolas públicas de SP - PORVIR

Inovações em Educação

‘Anne Frank’ chegará a 600 escolas públicas de SP

ONG holandesa, focada na educação para a paz, fecha parceria de 5 anos com Secretaria de Educação do Estado de SP

por Vagner de Alencar ilustração relógio 19 de fevereiro de 2013

“Eu farei a minha voz ser ouvida. Eu sairei para o mundo e trabalharei pela humanidade…”. Escritas em um diário em abril de 1964, essas palavras revelavam a missão da menina judia Anne Frank, que, perseguida pelos nazistas e morta aos 15 anos, sonhava em lutar por um mundo mais justo. Graças ao seu diário, que se tornou um clássico mundial, há 35 anos a instituição que leva seu nome também leva a voz de Anne ao mundo inteiro. No Brasil, o Instituto Anne Frank House em parceria com a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo lançam hoje o projeto Anne Frank na Escola, que pretende beneficiar, nos próximos cinco anos, 10% das escolas de maior vulnerabilidade social – em torno de 500 e 600 colégios – e mais de 200.000 estudantes da rede.

Com foco em uma atuação continuada, o programa educativo é voltado para estudantes do ensino médio e dos dois últimos anos do fundamental. A ideia é trabalhar transversalmente no currículo escolar a educação para a paz, causas e efeitos do preconceito, exclusão social, racismo, violência e discriminação.

travelbug.nz / Flickr

Para isso, os alunos produzirão documentários, mostrando suas realidades ao entrevistar os moradores locais como forma de mostrar visões diferentes e abordar assuntos que impactam seus bairros. Os filmes vão servir ainda como materiais educativos para trazer à luz esses temas, que, muitas vezes, são ignorados dentro da escola. “Queremos formar cineastas que se tornem jovens líderes locais, assim como foi Anne Frank. O mais importante é que eles passem a reconhecer as diferenças e semelhanças entre o mundo de Anne e o mundo em que vivem”, afirma Jöelke Offringa, presidente do Instituto Plataforma Brasil, que representa o Instituto Anne Frank House no país. Antes das produções dos filmes, os jovens vão participar de uma série de debates e ter acesso a materiais de apoio, como filmes, apostilas, livros de Anne Frank e até mesmo histórias em quadrinhos.

Segundo Jöelke, a ideia é criar embaixadores Anne Frank que aprendam a lidar com situações de exclusão e, mais do que isso, possam replicar esses conhecimentos. Na Argentina, por exemplo, um grupo de jovens levantou nos vídeos o debate sobre o direito dos estabelecimentos comerciais do país de discriminarem pessoas com base nas suas vestimentas e, dessa forma, vetarem seu acesso ao local. O intuito era mostrar as diferentes visões sobre um tema polêmico.

Além disso, a Universidade de Carolina do Sul, nos Estados Unidos, entrou recentemente em contato com a ONG mostrando interesse em avaliar o impacto do projeto e acompanhar a aplicação da metodologia nas escolas públicas de São Paulo, considerada uma das maiores atuações em grande escala do instituto no mundo. “Nesses anos de atuação sabemos da eficácia da metodologia, mas a avaliação vai ajudar a comprová-la, além apontar reajustes necessários”, afirma  Jöelke.

“O intuito é permitir que os jovens entendam a essência da democracia e aprendem a lidar com questões sobre exclusão e respeito.”

Outro programa educativo irá formar estudantes, que durante as férias, se tornarão monitores da exposição Anne Frank – uma história para hoje – outra metodologia da iniciativa. A exposição itinerante vai passar por Ceus (Centro Educativos Unificados), escolas e diretorias de ensino SP. A proposta é apresentar, de forma pedagógica, o drama da família de Frank a partir de fotos, cartazes e relatos. Nela, os alunos vão levantar reflexões sobre os direitos humanos, abordando temas como holocausto, antissemitismo, xenofobia e discriminação. Em 2011, a exposição já havia passeado por 20 Ceus da cidade.

Agora, com a expansão do projeto às centenas de escolas estaduais, a proposta focará principalmente na formação dos professores, que passarão a ter capacitações continuadas sobre o uso desses materiais didáticos e a abordagem dos temas. A formação, que vai durar, no mínimo, três anos, também será destinada a diretores e outros funcionários das escolas. Esses programas, que vêm sendo realizados, anualmente, em cerca de 250 localidades em mais de 40 países, segundo Jöelke tem o objetivo de engajar os alunos em conversas, discussões e debates para criar escolas livres de violência. “O intuito é permitir que os jovens entendam a essência da democracia e aprendem a lidar com questões sobre exclusão e respeito”, diz.


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Paulina Jacinto

Boa Noite !!! amei a notícia, quero que coloquem as escolas de Ferraz de Vasconcelos, Escola Carlindo Reis, Escola da Baxmam e Sara Tinue.

nadija maria tot

Estou ansiosa para saber como esse maravilhoso projeto vai desenrolar. Sempre sentir fascínio por esta história de dor e de vergonha. Penso que alunos e professores, como também a sociedade só terão a ganhar com tão boa oportunidade. O holocausto existiu, é uma verdade e sei que esse fato escabroso da história do mundo, servirá para conscientizar seres humanos de que todos somos iguais e que cada um tem o seu valor, tem a sua verdade.

Ana

pelo jeito vai demorar bastante amiga, por causa dessa quarentena, xiii

Sandra Mara de oliviera Vicente

Prezados,
O Projeto Anne Frank já é realidade na Escola Anne Frank de BH. Temos colhido frutos com esta proposta.

A Escola Municipal Anne Frank fica situada no conjunto Confisco, região  da Pampulha, área limítrofe entre os municípios de Contagem e Belo Horizonte, em Minas Gerais.
Comemorou em  2012 21 anos de sua fundação. Recebeu este nome pela homenagem que a família Golgher, doadora do lote para sua construção, queria fazer a Anne Frank. Sua história é marcada por uma luta da comunidade pela garantia dos direitos básicos de cidadania e de inclusão social. Desde o registro do seu Projeto Político-Pedagógico em 1993, está apontada a direção para a construção de uma escola pública para todos:
É preciso considerar, no processo de transformação da escola atual em uma escola popular, o saber trazido pelos alunos das classes populares. Para tal, a escola deve se organizar para atender a todos os alunos, vendo-os e aceitando-os com suas possibilidades e limitações. (PPP, 1993)
No ano de 2009, o projeto Anne Frank Viva agrega-se ao Projeto Político Pedagógico. Começou a ser desenvolvido com uma pesquisa feita em toda a escola para verificar o nível de conhecimento dos alunos sobre Anne Frank e outros temas relacionados a ela. Uma das primeiras ações  foi fazer com que a escola fosse reconhecida pela Anne Frank House, da Holanda, como a 210º escola Anne Frank do mundo (em 2008). No Brasil, há mais quatro escolas com o mesmo nome. Hoje, o número de escolas já chega a mais 215 em todo o mundo.
O objetivo maior da proposta é fazer com que os alunos conheçam a importância da vida de Anne Frank, se identifiquem e aprendam com ela, inspirando-se em sua força, coragem e determinação, compreendendo o legado que essa jovem judia deixou ao mundo nas páginas do seu diário. Partiu-se do pressuposto de que se a equipe fizesse com que eles se identificassem com a história de Anne, ela poderia ser tomada como um exemplo a ser seguido, verdadeiramente, por eles. Questões que foram tão dolorosa e amplamente externadas no diário de Anne Frank, há 60 anos, são as mesmas vivenciadas por muitos de  nossos alunos ainda hoje.  Para isso, eles têm sido estimulados a refletir sobre temas relevantes como diversidade étnica e cultural, justiça, igualdade, respeito, direitos humanos, etc. Quando se criam noções de identidade e respeito às diferenças, ampliam-se as possibilidades de provocar mudanças de atitudes, melhorar a convivência na escola e  proporcionar a todos  um ambiente mais pacífico.
   Assim, pensou-se em ações capazes de prepará-los e educá-los contra todas e quaisquer formas e manifestações de racismo e  preconceito, despertando seu pensamento crítico, para que eles tomem consciência de que, muitas vezes, atitudes individuais de intolerância  podem se proliferar e dizimar milhares de vida, como no caso do Holocausto, uma das piores demonstrações de  impiedade e desrespeito ao ser humano.
   Desde então, muito tem sido feito na escola, com a participação ativa do corpo dirigente, docente e discente. Grandes parcerias foram firmadas. Temos contado como o apoio do Instituto Histórico Israelita Mineiro, da Federação Israelita Mineira, e do senhor Marx Golgher, doador da área onde a escola foi construída. Todos eles têm sido parceiros incansáveis nesta caminhada.
   Em 2009, a escola fez constar em seu currículo conteúdos que promovem estudos e discussões sobre a Segunda Guerra Mundial, o Holocausto, o Nazismo, formas de discriminação e xenofobia nos dias de hoje, temas como liberdade, diversidade e respeito mútuo. Além disso, muitas atividades e ações importantes têm sido desenvolvidas, como a construção da Galeria Anne Frank Viva, um acervo sobre Anne Frank e a história da escola; a publicação do Letras do Baú, o jornal que registra e publica histórias e desenhos dos alunos; a montagem de uma exposição, com 40 fotos sobre o Nazismo, do museu de Yad Vashem; a participação dos alunos no projeto Butterfly, do museu do Holocausto, no Texas; a montagem e apresentações  de uma peça teatral sobre a vida de Anne Frank; a visita à escola da holandesa Nanette Konig, sobrevivente do Holocausto e amiga de Anne Frank; a pintura dos muros da escola com temas sobre Anne Frank, a realização de seminários ambientais importantes, e tantos outros.

Joyce Néia

Bom dia!

Esta Exposição está acontecendo aqui, na Biblioteca Anne Frank. Agendem a visita!

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10200638518512207&set=a.10200633189058974.1073741895.1437515669&type=1&theater

Dora B. Piltcher

Estamos todos de parabéns ! É maravilhoso saber que Anne Frank , seu legado terá esta forma de continuidade.

Joyce Néia

Bom dia!

Esta Exposição está acontecendo aqui, na Biblioteca Anne Frank. Agendem a visita!

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10200638518512207&set=a.10200633189058974.1073741895.1437515669&type=1&theater

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