Jovens que apostam no aprender fazendo
Baseados nas ideias Team Academy, universitários trabalham juntos com empresas e institutos no evento Global Futurizer em SP
por Patrícia Gomes 17 de agosto de 2012
Eles acreditam que não há melhor jeito de aprender do que colocando a mão na massa e fazendo. Por isso, neste ano já visitaram China, Índia e agora estão no Brasil, mais precisamente em São Paulo, para promover, amanhã, o Global Futurizer, um evento bem ao estilo do aprendizado que defendem: gente jovem reunida resolvendo problemas reais de empresas de verdade. Eles, que gostam de ser chamados de futurizers, são cinco universitários na casa dos 20 anos, alunos da graduação de liderança empreendedora em inovação na Universidade de Mondragon, no País Basco.
O curso se baseia na metodologia da Team Academy, projeto finlandês criado em 1993 que propõe um ensino livre, com pouco tempo destinado a salas de aula tradicionais e muito voltado ao aprendizado da vida. Hoje a metodologia é aplicada em cursos de várias universidades do mundo. No caso do oferecido por Mondragon, os jovens são estimulados a criar uma empresa no primeiro ano e, com o dinheiro ganho com ela, viajar o mundo desenvolvendo projetos de empreendedorismo. O Global Futurizer é uma das iniciativas criadas pela Tazebaez, “por que não” em basco, empresa pelos organizadores do evento.
No evento de amanhã, que dura oito horas, um grupo de empresas vai expor cases de seu cotidiano para que os cerca de 150 jovens proponham soluções. O cronograma intensivo é proposital para que a experiência de colaboração seja transformadora, dizem os organizadores.
Juan Felipe Fonseca, um dos futurizers, conta que a Unilever, que participará do evento amanhã, vai pedir para os jovens responderem a uma questão relativa a uma estratégia de negócios que precisa definir. Os estudantes, que fazem as mais diversas graduações, terão um dia para desenhar possibilidades inovadoras e ainda inexploradas para aumentar a venda de sorvete. Eles trabalharão em grupo, analisarão as perspectivas de mercado, as demandas dos usuários, o padrão estético.
Juan Felipe diz que, para o jovem, é uma oportunidade de encarar um problema real, colocar em prática o que aprendem na faculdade, produzir modelos de negócios e protótipos, interagir com outros jovens e com empresas que podem ser seus futuros empregadores. Para a empresa, que pode utilizar tudo o que for produzido no dia, é uma chance de passar o dia com jovens de espírito empreendedor, muitas vezes consumidores dos produtos que estão aprimorando, ver uma questão de seu dia a dia ser discutida por esse público qualificado e ter acesso a dezenas de talentos que poderão compor seus quadros em breve.
Segundo Juan Felipe, a experiência esteve em março na China e lá o foco do evento foi comercial, envolvendo empresas de dimensões internacionais. Já na Índia, em maio, a equipe percebeu que seria necessário abordar questões mais sociais. Passaram, então, um tempo conhecendo Dharavi, uma das maiores favelas de Mumbai e selecionaram cinco temas a serem abordados: energias renováveis, saúde, esporte e reciclagem. Convidaram estudantes, pessoas da comunidade e empresas para discutir esses problemas e propor soluções sustentáveis. Uma das questões analisadas foi como fazer os moradores locais entenderem a necessidade de uma boa higiene pessoal. “Foi um evento realizado para envolver pessoas da comunidade e empoderá-las para melhorar o lugar onde vivem”, disse.
Em São Paulo, diz Juan Felipe, a ideia é fazer com que o evento mescle as duas perspectivas. Assim, o Hub vai apresentar a situação de uma região pantaneira que sofre com inundações e pedir para que os participantes proponham formas de se construir casas móveis, que podem ser deslocadas nas épocas de cheia. As inscrições estão abertas e podem ser feitas pela internet ao preço de R$ 50. Ao chegar ao evento, é só procurar um dos cinco futurizers: Juan Felipe, Jon Abaitua, Ana Aguirre, Ander Rozas ou Susana Fernandes.
Este post foi alterado às 17h51 de 20 de agosto.