Jovens criam aplicativos para microempreendedores
Softwares de baixo custo ajudam empresários como donos de lava-jatos, doceiras e costureiras a expandirem seus negócios
por Vagner de Alencar 16 de julho de 2012
Os aplicativos estão se tornando cada vez mais úteis, para não dizer fundamentais, para muitos empresários, especialmente aqueles donos de pequenas empresas. Essas ferramentas podem ajudar a organizar contas, gerir a equipe ou até mesmo fechar vendas. Pensando em unir capacitação de estudantes e criação de softwares para microempreendedores, um projeto baiano já formou 127 jovens na arte de desenvolver esses aplicativos a um baixo custo.
A iniciativa chamada MeuSoft é um projeto da empresa de tecnologia Dossier Digital, em parceria com institutos, associações e ONGs. Desde o ano passado, jovens de 16 a 24 anos, de Salvador, na Bahia, aprendem a criar softwares específicos para diferentes microempresários como donos de buffets, costureiras, doceiras ou proprietários de lava-jatos. Todos ao alcance da mão, estando disponíveis para celulares e smartphones.
O projeto, inclusive, acaba de receber o certificado Negócio Social Artemísia, oferecido pela Artemísia, organização brasileira especializada em empreendedorismo social. A empresa também foi escolhida, entre outras nove, para participar do ciclo de aceleração de impacto, programa que identifica negócios sociais com alto potencial de crescimento e busca capacitar suas equipes de gestores.
De acordo com Sebastião Cartaxo, arquiteto de softwares, a vantagem de ensinar esses jovens está justamente no fato deles conhecerem de perto as demandas e o dia a dia desses empresários. Seja na convivência com os negócios de amigos ou familiares, seja planejando o seu próprio empreendimento. “Um jovem cujo irmão tem um lava-jato pode produzir um aplicativo para gerenciar o estabelecimento. Para quem tem uma mãe que faz doces sob encomendas, é possível fazer um aplicativo para informatizar o comércio, e assim por diante”, afirma.
Um software criado para um estabelecimento de lava-jato oferece o agendamento da lavagem do carro. Já para a doceria, outro aplicativo permite que ela receba a encomenda e já saiba o endereço do pedido diretamente no celular.
Venda de apps
O ex-estudante Idon Alves, formado no Centro Tecnológico Social do Pelourinho, instituição parceira do projeto, foi o primeiro jovem a criar um aplicativo e comercializá-lo. No ano passado, ele desenvolveu um software específico para um buffet e agora está criando modelos para ajudar clientes a sistematizar seus pedidos e entregas. “Estou em negociação com outro cliente de buffet que trabalha com ‘quentinhas’ e estou vendo um modelo específico para este negócio. Espero que esses aplicativos ganhem mais espaço no mercado”, afirma.
Outro aplicativo, uma agenda virtual, está sendo criado por Idon para a Ufba (Universidade Federal da Bahia). O software vai ajudar um dos centros de pesquisa da universidade no controle e administração de todos os seus colaboradores.
No MeuSoft, os estudantes passam por um treinamento gratuito que dura, em média, seis meses. As aulas são realizadas por meio de uma ferramenta chamada Atelier, que permite criar os aplicativos. Até agora, já foram desenvolvidos cerca de 30 apps, a grande maioria com sistemas simples.
Depois de desenvolvidos pelos estudantes, os aplicativos mais interessantes são escolhidos pela equipe do projeto e passam pelo processo de homologação – que firma os direitos entre os criadores – para serem colocados à venda na loja virtual do site da empresa. O lucro é repartido entre o desenvolvedor e a MeuSoft, que se encarrega da hospedagem e manutenção dos aplicativos.