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Inovações em Educação

Mestrado espanhol forma especialistas em corrupção

Universidade de Salamanca quer formar pessoas capazes de reconhecer e combater atos ilícitos

por Vagner de Alencar ilustração relógio 29 de junho de 2012

No currículo estão disciplinas como negligência e corrupção na administração pública, investigação e ação penal. Ou ainda cooperação internacional na luta contra a corrupção, causas e efeitos que contribuem para a prática do comportamento corrupto. Para quem se interessou pelo tema e pretende se tornar um mestre em corrupção – e isso não é um trocadilho –, a especialização Corrupção e Estado de Direito atualmente é oferecida pela Universidade de Salamanca, na Espanha.

“O mestrado não pretende formar corruptos, pelo contrário, quer formar pessoas capazes de reconhecer e combater a corrupção”, é o que garante Nicólas Rodríguez, diretor do centro de estudos relacionados à corrupção, da Universidade de Salamanca.

Mestrado em corrupção na Espanha crédito Fotokalle / Fotolia.com

O curso presencial tem a duração de um ano e, além de garantir ao estudante a continuidade de sua carreira acadêmica – já que a universidade oferece doutorado na área –, também o capacita para trabalhar como pesquisador, assumir cargos políticos e postos técnicos no plano legislativo.

Embora particular, os estudantes da pós-graduação, sobretudo ibero-americanos, podem pleitear bolsas por meio de apoios econômicos de instituições sociais, públicas e privadas, como a AECID (Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento), a Fundação Carolina ou o Banco Santander.

Mestre em corrupção

Já passaram pelo curso, que acontece na faculdade de direito, mais de 250 acadêmicos e profissionais de 20 países que sofrem com frequentes problemas de corrupção em seus governos. Entre eles Argélia, Bahamas, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Espanha, Guatemala, Honduras, Itália, Madagascar, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Portugal, República Dominicana, Uruguai e Venezuela. No Brasil, em maio deste ano, foi firmada uma parceira entre a Advocacia Geral da União e o curso para um intercâmbio de docentes e pesquisa.

“No nosso contexto atual, qualquer coisa negativa que um funcionário público faça acaba sendo vista como corrupta, e não necessariamente é assim”

Mestre em corrupção desde 2010, o colombiano Estanislao Escalante, que também é especialista em direito penal pela Universidade Nacional da Colômbia, afirma que a corrupção na política é um dos principais fatores que impedem o progresso dos Estados. “Hoje, é preciso identificar o que é ou não corrupção, quais são as suas consequências econômicas, políticas e sociais e, além disso, conhecer formas para combater a corrupção política, que é um tema pouco estudado nos países ibero e latino-americanos”, afirma.

Segundo Escalante, a formação é importante porque permite diferenciar a corrupção da má administração pública, já que as falhas de gestão não podem ser tratadas como crime. “No nosso contexto atual, qualquer coisa negativa que um funcionário público faça acaba sendo vista como corrupta, e não necessariamente é assim. É preciso diferenciar o que é má administração e o mau governo da conduta corrupta. E a consequência para a conduta corrupta é a pena.”


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