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Inovações em Educação

Plataforma dá feedback para educadores

Edthena oferece coaching on-line para professores, avaliando seus vídeos e dando dicas para que melhorem sua “atuação”

por Giulliana Bianconi ilustração relógio 3 de abril de 2013

Desenvolvida sobre os pilares interação, aprendizagem social e avaliação, a plataforma  Edthena, disponível por enquanto somente no idioma inglês, tem como objetivo dar suporte ao “meio” e fornecer as “mensagens” para os educadores melhorarem as suas aulas. Se isso já faz lembrar o filósofo e educador canadense Marshall McLuhan, que cunhou a expressão “o meio é a mensagem” na sua tese central, muito mais do conceitual mcluhaniano pode ser identificado nesse espaço web à medida que se navega na plataforma.

A Edthena elege como ferramenta essencial o vídeo. Esse é o meio. Somente enviando um registro audiovisual para a plataforma, com o conteúdo de uma aula própria, o educador poderá receber feedbacks de outros educadores e de monitores credenciados na mesma rede. Os feedbacks podem começar a aparecer instantes seguintes ao upload. Essas são as mensagens. O coaching on-line, portanto, depende das interações feitas a partir do vídeo. Ainda focando McLuhan, no livro “Revolução na Comunicação” (1968) o pesquisador defendia que “a tarefa educativa não é fornecer, unicamente, os instrumentos básicos da percepção, mas também desenvolver a capacidade de julgamento e discriminação por meio da experiência social corrente”.

No ambiente do Edthena, a experiência social é essencial para a percepção. Os retornos, ou “pitacos” de quem faz parte do universo “aulas”, fomentam a experiência do coaching on-line, a proposta central para o educador ali presente. Tudo se dá sob a moeda da troca. O professor disponibiliza a sua metodologia, “abre” a sua produção para outros profissionais em troca de dicas, de sugestões, de novos caminhos. Ao mesmo tempo, está ali igualmente credenciado para se colocar no papel de avaliador.

crédito RABE Media/Fotolia.com

Mesmo com a dinâmica de rede social, o Edthena não se trata de um espaço de interações abertas. O educador que está ali sob avaliação faz parte de um grupo. A plataforma foi pensada para ser oferecida diretamente a instituições depois que o professor de ciências Adam Geller, o empreendedor responsável pelo projeto Edthena, constatou a falta de feedback de qualidade das instituições de ensino para os seus corpos docentes. Por isso são as instituições que pagam pelo serviço dependendo do número de usuários individuais que levem para o ambiente. “Eu fui inspirado a pensar sobre  modelos de apoio que podem ajudar rapidamente um educador a melhorar [a sua atuação] mesmo em uma situação de recursos limitados”, disse Geller em entrevista ao blog EdTech Rising.

“Eu fui inspirado a pensar sobre  modelos de apoio que podem ajudar rapidamente um educador a melhorar [a sua atuação] mesmo em uma situação de recursos limitados”

O modelo parece estar agradando. No primeiro ano de funcionamento, foram cerca de 20 mil horas de instrução registradas na plataforma, de acordo com dados fornecidos no próprio site da Edthena. A parceria com instituições como a Universidade de Washington e a organização não governamental Teach for America, da qual ele faz parte, reforçaram a atuação, que cresceu no segundo ano, quando mais de 25 mil horas de instrução já haviam sido registradas antes mesmo de a última mensuração para 2012 ter sido realizada.

Para a pesquisadora do Núcleo de Comunicação e Educação da ECA-USP e professora da disciplina “Produção coletiva de vídeo” no curso de pós graduação semipresencial Tecnologias na Aprendizagem (Senac-SP), Márcia Coutinho, a experiência coletiva, seja para a formação de educadores ou para a produção efetiva de um material para fins didáticos, carrega sempre muito potencial. Ela chama a atenção, porém, para a possibilidade de o conteúdo do vídeo, em casos de pouco conhecimento técnico do educador, ser criado, usado e até replicado de forma incipiente. “Mas até para essa evolução técnica pode ser que as opiniões trocadas no ambiente online colaborem”, diz Coutinho, que faz questão de frisar que não considera fundamental para o sucesso de empreitadas como a da Edthena que os usuários dominem a questão técnica.

“Em um trabalho colaborativo de formação, o que precisa estar claro para todos é o objetivo daquela formação e a metodologia, mas é óbvio que se tivermos um material audiovisual estático e conservador, não teremos o mesmo potencial de um material interativo”, avalia ela, que há mais de 10 anos forma, em ambientes online, professores e mediadores para o uso das tecnologias na educação.


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avaliação, carreira

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