Universidades devem acelerar inovação em avaliações e espaços de aprendizagem
Veja tendências, desafios e desenvolvimentos importantes para o ensino superior presentes no relatório NMC Horizon Report: 2018 Higher Education Edition
por Vinícius de Oliveira / Marina Lopes 28 de setembro de 2018
Nos próximos dois anos, para acelerar a adoção de recursos tecnológicos, universidades e demais instituições de ensino superior devem redesenhar espaços de aprendizagem e manter o foco em medir o desempenho dos estudantes. Ao mesmo tempo, elas ainda devem buscar soluções para promover a equidade digital e adaptar seus projetos ao futuro do trabalho. Essas são algumas das tendências apresentadas pelo relatório NMC Horizon Report: 2018 Higher Education Edition (baixe o PDF), realizado pela Educause, organização sem fins lucrativos dos Estados Unidos que atua no ensino superior.
O relatório foi produzido a partir de discussões com 71 especialistas e aponta impactos, ao longo dos próximos cinco anos, para adoção de práticas inovadoras e uso de tecnologia no ensino superior ao redor do mundo. Esta é a primeira edição Horizon Report sob o comando da ONG Educause, que assumiu o projeto que era tocado desde 2002 pela também ONG New Media Consortium.
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O documento continua organizado da mesma maneira. Foram identificadas seis tendências principais (divididas em longo, médio e curto prazos), seis desafios significativos (divididos em solucionáveis, difíceis e maus) e seis desenvolvimentos importantes (segmentados por horizontes de tempo de adoção de 1 ano, 2-3 anos e 4-5 anos).
Em curto prazo, o relatório mostrou que faculdades e universidades devem repensar como definir, medir e demonstrar a aprendizagem dos estudantes, inclusive de competências complexas, como criatividade e colaboração. De acordo com o estudo, os softwares de mineração e visualização de dados, aliados ao avanço da educação online, da aprendizagem móvel e dos sistemas de gestão, estão possibilitando retratar dados de aprendizagem de maneira multidimensional e portátil. Além disso, no período entre um e dois anos, as instituições de ensino superior devem redesenhar espaços de aprendizagem com configurações que apoiam a mobilidade, flexibilidade e o uso de vários dispositivos.
Entre três e cinco anos, devem ganhar força os recursos educacionais abertos, que são materiais gratuitos para pessoas em todos os lugares utilizarem. Nesse período, também irão se destacar abordagens interdisciplinares de ensino. Já no longo prazo, mais de cinco anos, a cultura de inovação deve avançar, promovendo o empreendedorismo e a descoberta nos campi, e as instituições de todo mundo terão a oportunidade de se unir e trabalhar em torno de objetivos comuns.
Além de falar de tendências, o Horizon Report apresenta desafios para o avanço do ensino superior. Promover experiências de aprendizado autêntico que conectam alunos a desafios do mundo real é um primeiro item mencionado entre os desafios que têm solução conhecida mas ainda é pouco difundido entre as universidades. O aprendizado autêntico funciona como um grande guarda chuva que abriga as tarefas práticas e que promovem conhecimentos e habilidades. Nesta mesma categoria, também está o letramento digital, uma questão que no ano passado já era vista como urgente até mesmo no relatório sobre educação básica.
Em um nível considerado mais difícil, está a necessidade de reorganizar o desenho das organizações, que precisam ser menos hierárquicas, uma característica do novo mundo do trabalho. Em estágio semelhante está a equidade digital. Diferentes organismos internacionais já alertam para a dificuldade de acesso à internet de banda larga dependendo do status socioeconômico e do gênero.
No estágio considerado extremo, está a necessidade de enfrentar pressões políticas e econômicas. Com menos financiamento público e mecanismos de apoio, alunos de camadas mais pobres têm encontrado dificuldades para alcançar o ensino superior, o que aumenta a necessidade da atuação de empresas e fundações para corrigir tais assimetrias. Um segundo desafio extremo é como repensar o papel do professor, uma discussão bastante presente no Porvir.
Por fim, o relatório também apresentou seis desenvolvimentos importantes, segmentados por tempo para adoção: tecnologias analíticas e makerspaces (um ano ou menos), tecnologias de aprendizagem adaptativa e inteligência artificial (dois a três anos) e realidade mista e robótica (quatro a cinco anos).