7 passos para gerenciar as emoções durante o ano letivo - PORVIR
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Inovações em Educação

7 passos para gerenciar as emoções durante o ano letivo

Construir um ambiente educacional saudável depende do compromisso coletivo em promover o bem-estar socioemocional dos professores. Confira recomendações para transformar desafios em oportunidades de crescimento

por Rubens Bollos ilustração relógio 7 de fevereiro de 2025

A saúde emocional dos professores é determinante para a melhoria da qualidade da educação e a manutenção de um ambiente escolar saudável. O dia a dia desses profissionais envolve desafios constantes, que vão desde a sobrecarga de trabalho até a gestão de diferentes perfis de alunos. Mais do que um dever individual, cuidar do bem-estar desses educadores é uma necessidade coletiva, impactando diretamente a eficácia da prática pedagógica.

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Este artigo propõe um olhar cuidadoso para estratégias que podem promover o equilíbrio emocional ao longo do ano letivo, considerando aspectos como a construção de redes de apoio, a regulação emocional, o desenvolvimento de competências socioemocionais e a autocompaixão.

1. Construir redes de apoio

O isolamento profissional é um fator que contribui para o esgotamento emocional. Criar e fortalecer conexões dentro e fora da escola pode fazer a diferença no enfrentamento dos desafios diários. Grupos de apoio, encontros regulares entre professores e espaços para a troca de experiências são ferramentas valiosas para mitigar o estresse.

Além disso, gestores e coordenadores desempenham um papel fundamental ao cultivar um ambiente de suporte mútuo. Estruturar diálogos sobre saúde mental e promover uma cultura organizacional acolhedora são medidas que fortalecem a resiliência da equipe docente é uma das recomendações do livro “Professional Capital: Transforming Teaching in Every School” (“Capital profissional: transformando o ensino em toda escola”, em tradução livre).

A valorização da escuta ativa e a implementação de canais de comunicação para suporte psicológico podem criar um espaço de segurança emocional, permitindo que os professores compartilhem desafios e encontrem apoio na comunidade escolar.

2. Contar com estratégias de regulação e saúde emocional

A regulação emocional é um processo que permite gerenciar as próprias emoções, minimizando impactos negativos e favorecendo a adaptação a situações desafiadoras. Práticas como meditação ou atenção plena, respiração consciente e pequenas pausas ao longo do dia ajudam a manter o equilíbrio.

Desenvolver a inteligência emocional é outro passo recomendável. Reconhecer e compreender as próprias emoções, bem como praticar a empatia, melhora a comunicação e a tomada de decisões no ambiente escolar. De acordo com o jornalista científico Daniel Goleman, autor do livro “Inteligência emocional”, a prática de automonitoramento e a busca de suporte emocional podem favorecer a criação de um ambiente de trabalho mais harmônico.

3. Criar políticas de segurança digital 

O ambiente escolar pode ser desafiador não apenas do ponto de vista pedagógico, mas também em questões como a preservação da reputação do professor, a exposição digital e a violência dentro da escola. Ataques verbais e físicos, cyberbullying e a superexposição nas redes sociais são ameaças reais que impactam o bem-estar e a saúde emocional dos educadores. Estes, inclusive, são alguns dos pontos abordados no livro “A formação do caráter em um mundo desigual”, do autor Richard Sennett.

Criar políticas institucionais de segurança digital e ética no uso da tecnologia ajuda a minimizar esses impactos. Professores devem estar preparados para lidar com essas situações de forma assertiva, garantindo sua integridade emocional e profissional.

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4. Fortalecer a escuta ativa em tempos de intolerância

A comunicação eficiente tornou-se ainda mais desafiadora na era digital, onde informações se espalham rapidamente e os mal-entendidos podem escalar com facilidade. Professores precisam desenvolver habilidades para dialogar de maneira clara, objetiva e respeitosa, promovendo a construção de um ambiente escolar mais tolerante e inclusivo, como sugere Marshall Rosenberg no livro “Comunicação não violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais”.

A cultura do respeito e da escuta ativa deve ser incentivada para garantir que a comunicação não gere conflitos desnecessários. O uso responsável da comunicação digital e o ensino da tolerância no ambiente escolar são ferramentas para fortalecer o convívio social.

5. Desenvolver competências socioemocionais

A CASEL (Collaborative for Academic, Social, and Emotional Learning) é uma organização sem fins lucrativos baseada nos Estados Unidos, com o objetivo de promover o aprendizado social e a saúde emocional nas escolas e em outros ambientes educacionais, oferecendo recursos, pesquisa e estratégias para melhorar a educação e o bem-estar dos estudantes.

No “The CASEL Guide to Social and Emotional Learning” (“O Guia CASEL para o Aprendizado Social e Emocional”, em livre tradução), os pesquisadores enfatizam a importância do desenvolvimento de habilidades como autoconsciência, autorregulação, habilidades sociais, empatia e tomada de decisões responsáveis, tanto para os alunos quanto para os educadores.

Competências socioemocionais, como resiliência, empatia e comunicação assertiva, são a base para que professores mantenham o equilíbrio e a saúde emocional. A resiliência (capacidade de resistência e de se adaptar às adversidades) é fundamental para os professores lidarem com as pressões e dificuldades inerentes à prática pedagógica, permitindo-lhes manter a motivação, a saúde mental e a eficácia no trabalho.

Desenvolver a habilidade de enfrentar desafios com equilíbrio e compreender o impacto das próprias emoções no ambiente escolar fortalece a saúde mental e o engajamento profissional.

6. Manter a autocompaixão e o cuidado pessoal

Muitos professores experimentam sentimentos de culpa por não conseguirem atender a todas as demandas escolares Entretanto, a autocompaixão – o ato de se tratar com bondade, aceitação e compreensão, reconhecendo que os erros e dificuldades são parte do processo de aprendizado e crescimento para que o outro evolua à sua maneira – evita a exaustão emocional e promove a resiliência.

Isso permite que os professores sejam mais eficazes em suas funções e mantenham um bem-estar emocional saudável. O assunto é um dos tópicos do livro “Self-Compassion: The Proven Power of Being Kind to Yourself” de Kristin Neff, que pode ser traduzido como “Autocompaixão: o poder comprovado de ser gentil consigo Mesmo”.

Além disso, estabelecer limites saudáveis, aprender a dizer “não” quando necessário e reconhecer as próprias conquistas são atitudes fundamentais para manter o bem-estar emocional e profissional ao longo do ano letivo.

7. Construir – e manter – a cultura de paz 

Construir uma cultura de paz no ambiente escolar requer o desenvolvimento de habilidades de mediação de conflitos e incentivo ao altruísmo social. Professores desempenham um papel fundamental nesse processo ao promover valores como humildade, humanidade e humor: a humildade nos permite aprender e crescer, a humanidade nos conecta com os outros e o humor nos ajuda a encontrar alegria e equilíbrio em meio às adversidades.

O professor norte-americano John Paul Lederach, reconhecido por seu trabalho na área de mediação de conflitos, defende que essas são as três qualidades para uma vida plena e saudável. Mais sobre o assunto pode ser encontrado no livro “The Moral Imagination: The Art and Soul of Building Peace” (“A imaginação moral: a arte e a alma de construir a paz”).

A humildade permite uma escuta mais aberta e respeitosa, fortalecendo a conexão com alunos e colegas. A humanidade estimula a empatia e o cuidado com o outro, criando um ambiente de cooperação. Já o bom humor, quando utilizado de forma respeitosa, pode aliviar tensões e tornar a aprendizagem mais leve e significativa.

Compromisso coletivo com a saúde emocional

A construção de um ambiente educacional mais saudável e equilibrado passa pelo compromisso coletivo de promover o bem-estar socioemocional dos professores. Ao integrar estratégias de apoio, empatia, comunicação consciente e práticas de autocuidado, conseguimos transformar desafios em oportunidades de crescimento.

Mais do que um objetivo, essa transformação deve ser uma prática diária para a construção de um futuro mais humano e esperançoso. A educação tem o poder de moldar não apenas mentes, mas também corações, e é por meio dela que podemos reforçar a crença no respeito, na solidariedade e na convivência pacífica. Com essa visão, avançaremos na jornada de criar escolas mais acolhedoras e uma sociedade mais empática e harmoniosa.


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socioemocionais

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