Instituto dá curso gratuito de empreendedorismo social
Formação destinada à população de baixa renda quer preparar líderes que promovam o impacto social em suas comunidades
por Vagner de Alencar 21 de junho de 2012
Formar pessoas capazes de gerar soluções inovadoras por meio de práticas de empreendedorismo social. Essa é a proposta do curso gratuito que será realizado, em agosto, em São Paulo, pelo Instituto Prosseguindo com apoio institucional do centro acadêmico da Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo). Focado principalmente na população de baixa renda, o curso quer formar líderes que possam promover impacto social em suas comunidades.
De acordo com a educadora e coordenadora-geral do instituto, Cláudia Soares de Oliveira, o mundo dos negócios está cada vez mais perto das questões sociais. “É possível perceber uma diluição na fronteira que separa o universo dos empreendedores sociais do ambiente de negócios na última década”, afirma a especialista. “Hoje os empreendedores sociais desejam desenvolver produtos e serviços que as pessoas realmente precisam e gerar impacto em larga escala.”
As próprias escolas de gestão estão buscando incutir nos líderes empresariais ideias mais sustentáveis, como é o caso do grupo 50+20, formado por universidades e órgão internacionais de negócios, que veio ao Brasil, para a Rio+20, propor metas para que as escolas de administração e economia formem empresários com um olhar mais próximo dos problemas sociais.
A coordenadora explica que as diferenças entre o chamado empreendedorismo tradicional e o empreendedorismo social passam por questões básicas da construção do negócio. Enquanto o empreendedorismo é individual, o empreendedorismo social é voltado à coletividade. O primeiro visa o mercado e o lucro. Já o segundo vai além, quer gerar riqueza, mas se preocupa em buscar soluções para os problemas da comunidade e causar impacto social. “Muitas empresas perdem a sua legitimidade diante de consumidores e clientes por causa de práticas empresariais pouco atentas às demandas e às necessidades da sociedade.”
Por outro lado, os projetos sociais também estão mudando, avalia a coordenadora, se afastando do modelo tradicional de assistencialismo. “Eles estão saindo do formato baseado na caridade e nos subsídios do setor público e se aproximando de pessoas, empresas e mercados internacionais por conta da globalização.”
Vagas abertas
As inscrições para o curso estão abertas. São oferecidas 30 vagas para pessoas de baixa renda que já estejam ligadas a projetos sociais, ou que tenham planos de montar um negócio. Outras dez vagas são destinadas a universitários de baixa renda interessados no tema. O curso tem 60 horas e acontece aos sábados, de 4 de agosto a 15 de dezembro.
Os professores são todos voluntários – profissionais que atuam em instituições como FGV, Senac e empresas sociais – e que estão cedendo tempo e conhecimento para formar novos líderes. Entre os temas abordados no curso estão práticas de empreendedorismo social, impacto dos projetos, desenvolvimento de negócios, sustentabilidade de projetos, criação de planos de negócios sociais, entre outros.
Para participar é preciso enviar um e-mail para claudia@projetoprosseguindo.com.br com justificativa sobre o interesse no curso e como ele vai ajudá-lo no futuro.
Segundo a coordenadora do programa, a formação de empreendedores sociais no Brasil ainda é muita escassa, em sua maioria dada por ONGs com foco na profissionalização. Para ela, algumas instituições referências no Brasil seriam a Ashoka, que atua no campo da inovação social, trabalho e apoio aos empreendedores sociais, a Artemisia que tem foco na a criação de negócios sociais e a Aliança Empreendedora, que atua mais diretamente com as empresas.