Projeto em curso de pedagogia estimula produção de vídeo sobre tecnologia na educação
Professora de Cacoal (RO) conta como turma do primeiro período teve o apoio de plataformas online para aprender de forma prática como usar tecnologias digitais
por Solange Arnoldt Bertotti 12 de junho de 2019
Neste ano, fui desafiada a trabalhar a disciplina “Educação de qualidade e o uso das tecnologias” com uma turma de 1º período do curso de pedagogia na UNESC, instituição privada de nível superior localizada em Cacoal (RO). Temos 23 alunos, sendo apenas dois do sexo masculino, com faixa etária que varia entre 17 e 37 anos. Em sua maioria, são trabalhadores no período diurno e frequentam presencialmente a faculdade de segunda a sexta-feira.
A disciplina ocorreu em um formato de projeto integrador, em que o aluno foi o protagonista, e o professor, o mediador do processo. A instituição propôs estudos sobre metodologias ativas e a partir destes, iniciaram-se os trabalhos que vieram acompanhados de mudanças de metodologias, espaços físicos e utilização de plataformas online. Para tal, se fez necessário acompanhamento e reuniões sistemáticas para alinhamentos das ações, utilização intensiva das salas de aulas virtuais e de salas com mobiliário específico, mais preparado para os estudantes trabalharem em grupos.
O colegiado de pedagogia decidiu que o projeto integrador desse semestre teria como produto final um documentário sobre o uso das tecnologias na educação. Assim, com o início das aulas também começaram os desafios. Entre eles, os dois principais: a ausência histórica do uso das tecnologias digitais em nossas aulas e a velocidade da internet, que não colaborou.
O primeiro passo foi requisitar um laboratório da área de Tecnologia da Informação, que foi cedido uma vez por semana para nossas aulas; depois chegaram notebooks e esses dois itens promoveram entre os estudantes o hábito de trabalhar/estudar utilizando um computador, o que trouxe enorme contribuição no que se refere a aprendizagem.
Todos os estudantes tiveram seus e-mails institucionais cadastrados e, com isso, os trabalhos foram sendo construídos coletivamente e simultaneamente utilizando uma plataforma. A turma foi dividida em três grupos e cada grupo escolheu um tema que desejava aprofundar. Assim, a cada aula, líamos, discutíamos e produzíamos (digitalmente) sobre o assunto daquele encontro. Utilizando a plataforma, fomos organizando os textos e depois estruturamos as produções em um único arquivo, que culminou no projeto escrito do documentário.
Entre idas e vindas nas ferramentas de escrita e no compartilhamento de arquivos construídos nas aulas, estudamos sobre cibercultura, inclusão e exclusão digital, educação a distância, perfil do aluno do século 21, geração Y e as metodologias ativas, o papel do professor no uso das tecnologias, entre outros. Após os estudos, os acadêmicos realizaram uma pequena entrevista com algum professor e/ou gestor de escola. O resultado da análise dessas entrevistas foi um trabalho escrito e entregue com o uso de meios e ferramentas digitais que aprenderam a utilizar.
Cabe destacar que uma das premissas do projeto integrador é a interdisciplinaridade. Assim, a turma se reunia com frequência para discutir atividades e ações em que os componentes curriculares pudessem permear o trabalho em construção, e esse movimento foi fundamental para encontrarmos o melhor caminho. Percebeu-se claramente a dificuldade dos alunos em relacionar o que estudavam em outras disciplinas, o que acredito ser resultado do modelo que é adotado nas escolas, desde o ensino fundamental. No entanto, no trabalho escrito final, percebeu-se que as disciplinas de sociologia e legislação e políticas educacionais foram as que sobressaíram: a turma demonstrou compreender a inter-relação entre temas abordados nessas disciplinas.
Estamos na fase final do trabalho, que é a produção do vídeo para o encerramento de nossa disciplina. Cada grupo terá entre 10 e 15 minutos para apresentar um vídeo no formato de um programa de televisão com o nome: “Encontro com a Educação – Tecnologia em pauta”. A apresentadora do Programa serei eu, Solange Arnoldt Bertotti, a professora orientadora das atividades, e os estudantes deverão expor seus conhecimentos de forma descontraída, mas profunda, para uma banca composta por três professores. Agora é aguardar a apresentação final, que ocorrerá no dia 18 de junho.
A disponibilização para os estudantes de notebooks conectados à internet para uso em sala faz parte do projeto de inovação em implantação, e isso contribuiu imensamente para o desenvolvimento dos trabalhos. No entanto, o ideal seria a disponibilização do Wi-Fi nos celulares, porque praticamente todos da turma possuem um celular, e lidam muito bem com ele, mas isso ainda é algo que precisa ser conquistado.
Por meio da teoria e da prática, desconstruímos alguns pensamentos sobre o uso das tecnologias, isto porque alguns estudantes acreditavam que a tecnologia só atrapalhava o professor em sala de aula. Hoje se percebe em depoimentos que compreendem o quanto a tecnologia pode favorecer a aprendizagem. E, o mais importante, descobriram isso utilizando as tecnologias.
Solange Arnoldt Bertotti
Pedagoga e mestre em gestão e avaliação da educação pública. Professora do curso de pedagogia da UNESC, em Cacoal (RO). Atua como supervisora escolar e técnica pedagógica na SEDUC (Secretaria de Estado de Educação) de Cacoal (RO).