QR Codes facilitam a criação de trilhas e a entrega de trabalhos
Professora de ciências da cidade de Limeira (SP) detalha como leva a tecnologia para suas aulas, com diferentes turmas do ensino fundamental
por Náyra Rafaéla Vido 6 de abril de 2022
A inovação veio pra ficar com a pandemia e, nesse contexto, percebi a importância de ensinar os estudantes do ensino fundamental (6º ao 9º ano) da E.E. Professor Arlindo Silvestre, em Limeira (SP), a utilizar a tecnologia a favor deles. Apesar de terem nascido na era digital, ainda não são nativos digitais. Muitos não sabiam como acessar e-mails, outros tinham dificuldade em fazer curadoria de materiais relacionados à aula. A maioria também não tinha aprendido a usar o celular como um recurso pedagógico: eles sabem mexer em redes sociais, mas desconhecem as plataformas educacionais.
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Pensando nesses desafios e no engajamento das turmas, decidi deixar a aula mais dinâmica e diversificada. Escolhi trabalhar com QR Codes. Os códigos QR (do inglês Quick Response, que, em português, significa resposta rápida) são códigos de barras para serem escaneados usando a câmera do telefone celular, levando o usuário a um determinado conteúdo (site, texto ou arquivo digital, por exemplo).
Esses códigos ficaram ainda comuns em programas de televisão, principalmente durante as apresentações de artistas que faziam campanhas para arrecadar doações durante o isolamento social. E podem ser usados para fins educacionais. Meu primeiro passo foi conversar com os alunos: eu queria saber quem já conhecia essa tecnologia, quem já tinha escaneado um QR Code só com a câmera do celular (sem necessidade de aplicativos instalados no aparelho). Muitos ainda desconhecem essa possibilidade.
Para reforçar o aprendizado, passei um vídeo curto que explicava como usar QR Codes sem a necessidade de instalações, lembrando que a maioria dos celulares desses estudantes tem pouca memória e não aguentaria mais um app. Com o vídeo, eles aprenderam como acessar QR Codes pela câmera, usando o Google Lens. Quem tinha o celular mais antigo, sem essa função, realizou a atividade com outro colega.
Em 2020, com as turmas do 8º ano, pedi uma pesquisa sobre a reprodução dos animais. Os estudantes tinham de abordar se a reprodução daquele animal era assexuada (partenogênese, regeneração, brotamento) ou sexuada, e poderiam incrementar as informações, escrevendo sobre alguns hábitos do seu animal, como a alimentação. Na pesquisa, eles também incluíam a foto do animal, informando a fecundação (interna ou externa). Cada um dos trabalhos foi entregue em QR Codes e, para que pudessem criar o próprio código, indiquei o site https://br.qr-code-generator.com/. Com cadastro gratuito, basta informar o texto, o arquivo ou um site para fazer o próprio QR Code.
Já em 2021, a fim de celebrar o Dia da Natureza, em 4 de outubro, os alunos do 9º ano realizaram um mapa da biodiversidade brasileira, em um grande cartaz. Em cada QR Code estavam disponíveis características dos animais em extinção, curiosidades gerais e também um quiz com perguntas sobre determinadas espécies. O mapa ficou disponível no pátio da escola e as outras turmas interagiam voluntariamente. O projeto, inclusive, participou da VI Mostra Virtual de Sustentabilidade, realizada pela diretoria de ensino de Limeira (assista ao vídeo no canal do núcleo pedagógico).
Ainda com as turmas do 9º ano, também realizei uma atividade gamificada usando uma trilha de QR Codes. O conteúdo, dessa vez, eram as Teorias Evolucionistas (de Darwin e Lamarck). A trilha contou com três QR Codes. O primeiro levava aos slides de explicação da aula, servindo de apoio na realização da atividade. O segundo, reunia questões sobre as diferenças e semelhanças das teorias, e foi criado na plataforma Liveworksheets – esse site permite transformar qualquer atividade já pronta (com extensões em .pdf .doc ou .jpg) em atividades interativas. Aqui está o resultado. Por fim, o terceiro QR Code levou os estudantes para um jogo no Wordwall, plataforma que apoia a criação de conteúdos gamificados.
Com as turmas dos 6º e 7º anos, nesse ano de 2022, tenho utilizado os QR Codes como estratégias para utilizar a metodologia de rotação por estações, a fim de revisar conteúdos aprendidos no primeiro bimestre. Montei, no 6º ano, sete estações. E, em duas delas, fiz o uso dos QR Codes, que levam os estudantes ao Google Forms.
Já para o 7º ano, foram nove estações criadas, duas delas para que os QR Codes fossem escaneados, levando os alunos para um jogo no Wordwall, voltado à revisão da disciplina.
Com todas essas atividades, percebi que os recursos tecnológicos podem ser uma boa possibilidade pedagógica. Os estudantes gostaram, e sempre pedem novos exercícios com QR Code: os códigos deixam a atividade escondida e despertam o interesse em descobrir do que se trata. Assim, seguimos aprendendo juntos.
Náyra Rafaéla Vido
Mestra em Educação pela Unesp (Rio Claro), é Graduada em Ciências Biológicas (2008), com especialização em Gestão Ambiental pela Universidade São Francisco. Possui, também, especialização em atendimento educacional especializado pela Unesp (Marília). Atualmente, é professora efetiva de ciências da educação básica II e atua no Programa Escola Integral.