Alunos utilizam técnicas forenses para aprender ciência de forma divertida - PORVIR
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Diário de Inovações

Alunos utilizam técnicas forenses para aprender ciência de forma divertida

Em colégio particular de São Paulo (SP), professora de biologia conta como se inspirou em séries para criar projeto de investigação

por Paula Schimidt Guolo ilustração relógio 13 de fevereiro de 2020

Sou professora de biologia e desenvolvi o projeto Mundi Forense a partir de uma inquietação que eu tinha em tornar o ensino mais atrativo e envolvente na área de ciências. Com o intuito de desenvolver no aluno o prazer de aprender, a proposta se desenvolveu entre maio e outubro de 2018, no Colégio Regina Mundi, em São Paulo (SP).

Durante o projeto, trabalhamos com as redes sociais, as ciências investigativas e a autoaprendizagem no ensino de ciências. Como as séries investigativas sempre tiveram muita aceitação entre o público do ensino médio, pensei que ciência forense seria um ótimo tema para nos “divertirmos” na escola.

Em um primeiro momento, levantei pelas redes sociais projetos que já existiam nesta temática e, por intermédio da orientadora educacional da instituição em que leciono, fui visitar o projeto de ciência forense de um colégio renomado de São Paulo.

Em todos esses casos, os professores ministravam aulas de técnicas forenses para o aluno, mas muitas vezes utilizando casos e kits prontos. Definitivamente, esta não era a proposta que eu estava procurando, porém, essa pesquisa prévia foi de grande importância para eu conhecer diferentes abordagens e refletir sobre meus objetivos.

Como eu praticamente não teria recursos financeiros da escola e ainda assim pretendia que os alunos se envolvessem de verdade em algo que fosse desafiador, tive a ideia de criar o projeto dentro de um grupo fechado no Facebook. Na rede social, os alunos criaram um caso investigativo com o uso de técnicas forenses, que foram aprendidas por eles mesmos por meio de pesquisa.

Uma vez formada a equipe, os alunos se dividiram nas diferentes áreas forenses para realizar pesquisas referentes às técnicas que poderiam ser utilizadas por eles na elaboração do caso. Nesta divisão, tive alunos que se colocaram em mais de uma área de pesquisa e tive, em alguns casos, mais de um aluno interessado pela mesma área. Desta forma, o caso criado teve a personalidade da equipe, que teve autonomia para decidir como e quais técnicas e documentos seriam usados.

A proposta contribui inclusive para o projeto de vida dos alunos. Por exemplo, tive uma aluna que quis entrar no projeto, pois gostaria de prestar direito no vestibular. Ela identificou a possibilidade de contribuir com o projeto a partir da produção de documentos, como o testamento e os depoimentos das testemunhas do caso fictício. Outra aluna, que gosta de medicina, ficou empenhada em produzir um exame de ultrassonografia obstétrica, com tamanho detalhamento que qualquer médico ficaria admirado.

As pesquisas ocorreram ao longo de um mês, sendo de extrema importância que o aluno compreendesse a técnica escolhida. Essa pesquisa serviu como base para elaboração de um vídeo que, além de explicar a técnica, também sugeriu como ela poderia ser utilizada no caso.

Foi através desses vídeos que os alunos começam a perceber as possibilidades de utilização das diferentes técnicas pesquisadas no caso que foi criado pelo grupo.
É importante ressaltar que todas as discussões, compartilhamento de conhecimento e postagens de documentos elaborados pelos alunos foram feitos sempre por meio do grupo do Facebook e de uma pasta compartilhada pela equipe na nuvem.

Terminada a primeira etapa, foi realizada uma reunião presencial no colégio, para a elaboração efetiva do caso. O primeiro passo, foi a realização de uma discussão que foi registrada por um integrante da equipe. Com base nas ideias apresentadas, a equipe selecionou aquelas com maior probabilidade de serem representadas na cena de investigação e, assim, começaram a trabalhar essas ideias.

Dentro deste formato, percebi que não caberia eu atribuir nota ao aluno. Muito além do prazer em aprender, o projeto contribuiu para o desenvolvimento de autonomia e de outras competências que se mostravam ir além dos muros da escola.


Paula Schimidt Guolo

Formada em 1999 em biologia pela Universidade Mackenzie, com especialização em Educação Ambiental pela USP em 2000. Professora de biologia há 19 anos. Trabalho como professora de ensino fundamental e médio no colégio Regina Mundi e no Colégio Arbos. 

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ciências, ensino médio

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