Bebês ajudam a desenvolver computador inteligente
Pesquisadores estão estudando como crianças aprendem para desenvolver máquinas mais humanas
por Redação 6 de maio de 2012
Pais e professores normalmente se perguntam se os computadores podem fazer com que as crianças fiquem mais inteligentes. Um grupo de pesquisadores da Universidade de Berkeley, na Califórnia, porém, resolveu inverter a questão: será que as crianças podem fazer os computadores se tornarem mais inteligentes? Por enquanto, a resposta tem sido sim.
O grupo de especialistas, que reúne psicólogos, filósofos e cientistas da computação, vem observando bebês para tentar aplicar os processos naturais de aprendizagem dos pequenos no desenvolvimento de computadores. A intenção é tornar as máquinas mais sensíveis, fazendo com que funcionem de forma mais parecida com o comportamento humano.
Ao observar como bebês interagem com pirulitos, brinquedos que piscam e que tocam música, os cientistas chegaram à conclusão de que essas crianças, por mais novas que sejam, são capazes de elaborar hipóteses, detectar padrões estatísticos e se adaptar constantemente a mudanças. “As crianças são as maiores máquinas de aprender do universo. Imaginem se computadores pudessem aprender tanto e tão rápido quanto elas”, disse Alison Gopnik ao UC Berkeley News Center.
Gopnik, que é psicóloga da universidade e autora de livros como O Cientista no Berço e O Bebê Filosófico, e seus colegas acreditam que o poder do cérebro dos bebês, se replicado nas máquinas, poderia impulsionar o desenvolvimento da inteligência artificial. “Crianças pequenas são capazes de resolver problemas que ainda são grandes desafios para os computadores, como aprender línguas e entender relações causais”, diz Tom Griffiths, especializado em ciência cognitiva computacional.
Para Griffiths, entender os mecanismos cognitivos dos bebês pode ajudar, por exemplo, a programar um computador para que ele perceba que seu dono trabalha mais lentamente se ele não tomou café ou ainda entender o grau de frustração de um usuário por suas expressões faciais ou tom de voz. “Nós queremos desenvolver computadores mais inteligentes ao fazê-los mais parecidos com as crianças”.
Para isso, o pesquisador está elaborando fórmulas matemáticas a partir da forma como as crianças agem nos experimentos. “O que a gente faz é pegar exatamente os mesmos dados que as crianças fornecem nos experimentos e inserir no computador, para tentar fazer com que a máquina chegue às mesmas conclusões que as crianças”.
Escolhendo o pirulito rosa
Em um desses testes feitos com bebês para entender como suas mentes funcionam, os pesquisadores mostravam dois potes de pirulitos: um com mais pirulitos cor de rosa e outro com mais pretos. Os pesquisadores tiravam, então, um doce de cada pote e ofereciam aos bebês não deixando que eles vissem a cor. Os pequenos tendiam a escolher o pirulito vindo do pote com mais doces cor de rosa. “Nós achamos que os bebês fizeram cálculos mentais para decidir qual opção escolher para ter mais chances de conseguir o pirulito que eles queriam, o rosa”, disse Fei Xu, psicóloga do laboratório de cognição e linguagem.
Veja vídeo, em inglês, sobre a experiência: