Caravana cruza país
para sugerir legado esportivo
Projeto Cidades da Copa, lançado hoje em SP, pretende universalizar acesso à prática de educação física nas escolas até 2016
por Vagner de Alencar 10 de abril de 2013
O cronograma já está ligado: faltam 428 dias para a Copa do Mundo no Brasil. Muita gente está preocupada quanto ao tempo hábil para a construção dos estádios e de outras infraestruturas necessárias para a realização da competição mundial. E como fica o legado social e esportivo deixado por um megaevento como este? Esta é a pergunta que move o projeto Cidades da Copa, iniciativa idealizada pelo IEE (Instituto Educação e Esporte). Desde o ano passado, o projeto vem percorrendo as cidades-sede onde serão realizados os jogos, para reunir administração pública, professores, representantes de instituições privadas e ONGs no debate conjunto de ações que desenvolvem propostas para o desenvolvimento da cultura e prática esportiva no país. O lançamento do projeto, que é aberto ao público, aconteceu hoje no Sesc Consolação, em São Paulo, e continua amanhã (11).
Uma das metas principais do projeto é universalizar o acesso à prática de educação física nas escolas públicas do país até 2016, além de duplicar o número de esportistas. “O esporte ainda é um acessório dentro da gestão pública. Faltam políticas e prioridades. Os recursos são esporádicos e, muitas vezes, são necessários eventos como esse, para colocar o tema em evidência”, afirma Ana Moser, presidente do Instituto Educação e Esporte. A ONG desenvolve há mais de uma década um núcleo de parcerias com escolas, associações comunitárias, prefeituras, Sesi e Sesc, para realizar atividades esportivas com crianças e jovens em situação de vulnerabilidade, além de capacitar professores para desenvolver metodologias educacionais. “Precisamos criar a cultura esportiva, mas antes é preciso ter estrutura. E para ter estrutura é necessário haver cultura. São questões que precisam caminhar juntas, não paralelamente”, enfatiza Ana.
Antes de desembarcar em São Paulo, o Cidades da Copa passou por Brasília, Rio de Janeiro e Curitiba. Em cada cidade, a iniciativa é realizada durante três encontros de dois dias. Nos dois primeiros, acontecem mesas-redondas, dinâmicas sobre a diferenciação e reflexão sobre as manifestações esportivas no Brasil, além das sugestões de todos participantes sobre o legado social e esportivo. Já o terceiro, é dedicado exclusivamente à elaboração do plano de ação de esporte para todos, por meio da definição de objetivos, metas e funções de cada instituição participante do projeto. Posteriormente, o documento será entregue como proposta ao poder público de cada cidade-sede, que poderá ou não adotá-lo.
Em debate
Durante a mesa-redonda da manhã, que tratou de democratização do acesso ao esporte, Reinaldo Pacheco, professor do departamento de turismo e lazer da USP Leste (Universidade de São Paulo), comparou a construção dos espaço físicos da Copa aos “hardwares”. “Os estádios são como hardwares, ou seja, antes de planejar esses ‘equipamentos’, é preciso pensar também nos ‘softwares’, ou seja, nos programas e profissionais que serão colocados dentro dele”, afirma.
Para Adriana Alvarenga, que representou o Unicef São Paulo, um dos principais desafios é mudar nas pessoas a lógica do fenômeno ‘Imagina na Copa’ –expressão pessimistas revela o medo dos brasileiros durante o campeonato mundial. “É preciso eliminar a visão das dificuldades que as pessoas acreditam que serão acarretadas por conta do evento para pensar nas coisas boas como os investimentos que também estão sendo criados”.
Já para Daniela Castro, coordenadora executiva da ONG Atletas pela Cidadania, umas das parcerias do IEE é preciso que o Brasil se inspire em experiências como as adotadas, por exemplo, pela Inglaterra durante a Copa do Mundo de 2010. “Atrelado ao campeonato mundial, os ingleses estabeleceram como política pública a meta de ter mais de um milhão de pessoas praticando atividades esportivas no país, além de um programa de esporte a nível federal com mediação de resultados dos estudantes também nas disciplinas de português e matemática.”