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Diário de Inovações

Com apoio do ChatGPT, alunos simulam julgamento sobre chegada da família real ao Brasil

Professor de escola pública em São Paulo une tecnologia e história para ensinar organização política e social no Brasil e ampliar a capacidade de argumentação dos alunos do 8º ano

por Leandro Carlos de Menezes ilustração relógio 21 de setembro de 2023

“Dom João VI e a vinda da família real ao Brasil: fuga ou estratégia?” O debate surgiu logo após os estudo sobre a habilidade EF08HI12 da BNCC (Base Nacional Comum Curricular): “Caracterizar a organização política e social no Brasil desde a chegada da Corte portuguesa, em 1808 até 1822, e seus desdobramentos para a história política brasileira”. Aproveitando a curiosidade da minha turma do 8º ano da Escola Estadual Cidade Ariston Estela Azevedo VI, em Carapicuíba (região metropolitana de São Paulo), propus um júri simulado, metodologia ativa na qual a argumentação é de fundamental importância.

O projeto, intitulado “Inteligência artificial na aula de História: construção de um júri simulado”, é dinâmica que busca estimular a reflexão por meio do diálogo, proporcionando aos participantes a oportunidade de desenvolver um olhar mais crítico sobre o tema em discussão. Mas, antes de realizá-lo, os alunos necessitavam construir seus argumentos. Para isso, resolvi trazer como aliado o ChatGPT, sistema inteligência artificial que interage com seu usuário e fornece textos, imagens e vídeos a partir de questionamentos. 

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Com os notebooks em mãos, vieram alguns desafios: a maioria não sabia o acesso do aluno (e-mail e senha) e muitos não têm prática de uso, precisando se adaptar. O acesso e a pesquisa no ChatGPT necessitavam de contextualização e análise. A maior parte dos alunos nunca tinha ouvido falar dessa tecnologia, e os que ouviram nunca tiveram contato com o ChatGPT – afinal, é importante mencionar, trata-se de uma escola pública localizada na periferia, com todas as dificuldades enfrentadas por esse cenário. 

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Os alunos não poderiam apenas utilizar os argumentos trazidos pela ferramenta no júri simulado: precisavam comparar os argumentos trazidos pelo ChatGPT com outras fontes, de modo que desenvolvessem assim o seu senso crítico perante as informações apresentadas. Para essa etapa, os grupos foram divididos conforme as partes que representariam no júri simulado. Isso contribuiu para uma maior agilidade no acesso à ferramenta e na busca por informações confiáveis visto que, enquanto uma parte pesquisava no ChatGPT, outros consultavam fontes na internet, no livro didático e nas anotações de aula.

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Com os argumentos preparados, usamos mais duas aulas para o júri simulado, que nada mais é do que a simulação de um tribunal. Ele foi formado por:

– um juiz,
– 3 a 6 advogados de defesa,
– 3 a 6 promotores,
– um réu (Dom João VI),
– uma testemunha (Carlota Joaquina). Importante dizer que Carlota Joaquina era uma testemunha surpresa. Poderia ser contra ou a favor do rei. Isso foi definido pela aluna que a representou conforme pesquisava mais sobre a mesma.
– 3 relatores
Os demais alunos eram os jurados.

Certamente, um desafio nesse momento era lidar com a ansiedade dos alunos. Após posicioná-los de modo a compor o tribunal, expliquei novamente o objetivo da aula, busquei tranquilizá-los e, agora de forma mais visual, explicar a dinâmica do júri simulado. 

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Ao final dos argumentos da defesa e da promotoria, do posicionamento da testemunha e da fala do réu, o júri era convidado a votar se Dom João VI era, de fato, um estrategista ou apenas fugiu. Os votos foram contados pelo aluno que representava o juiz. Foi também o mesmo aluno que deu o resultado. 

Confira um trecho do julgamento:

Para finalizar a atividade, os estudantes que formaram o júri diziam o porquê escolheram um ou outro lado e podiam, assim, posicionar-se a partir dos argumentos dos demais colegas e dos argumentos pesquisados por eles mesmos. 

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Dessa forma, todos os alunos puderam participar em diferentes níveis de dificuldade, adaptando-se a cada papel e conseguiram, a partir do ofício do historiador, entender como funciona uma inteligência artificial, suas limitações e cuidados que são necessários. Aliado ao tema transversal “Ciência e Tecnologia”, a atividade proporcionou aos alunos o exercício da expressão e do raciocínio, além de amadurecer o senso crítico dos participantes.


Leandro Carlos de Menezes

Professor de História pela secretaria de educação no estado de São Paulo com experiência no PEI (Programa de Ensino Integral). É graduado em História pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e está se especializando em Aprendizagem Ativa e Tecnologias Educacionais pela Moonshot Educação e Centro Integrado. É professor formador em contação de histórias, ator e violinista.

TAGS

ensino fundamental, Finalista Prêmio Professor Porvir, metodologias, Prêmio Professor Porvir, tecnologia

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