Congresso Socioemocional LIV discute sentimentos e imagina o mundo pós-pandemia - PORVIR
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Coronavírus

Congresso Socioemocional LIV discute sentimentos e imagina o mundo pós-pandemia

Com o tema #SentimentosAproximam, transmissões são destinadas a gestores educacionais, educadores, alunos, famílias e demais interessados em educação e acontecem nos dias 28 e 29 de maio

Parceria com LIV

por Maria Victória Oliveira ilustração relógio 25 de maio de 2020

#SentimentosAproximam é o tema da edição online do Congresso Socioemocional LIV, que acontecerá nos dias 28 e 29 de maio, das 14 às 18 horas. Ao todo, serão oito horas de conteúdo gratuito, pensado especialmente para debater como as emoções e sentimentos podem aproximar as pessoas durante um momento marcado por incertezas e dúvidas sobre o futuro.

Destinado a gestores educacionais, educadores, alunos, famílias e demais interessados em educação, o evento procura, anualmente, selecionar especialistas, artistas e personalidades para debater o tema das competências socioemocionais e como é possível incentivar seu desenvolvimento tanto na convivência e experiências no ambiente escolar, como em casa.

Ao incluir diversos atores envolvidos no processo educacional, Fabiana Decnop, gerente-executiva de Marketing do LIV, pontua que o Congresso abre a possibilidade de apresentar a todos a importância da educação socioemocional. “Como o Congresso LIV Virtual acontece em um momento tão delicado onde percebemos que sentimentos não entram em quarentena, vamos apresentar a importância do desenvolvimento do cidadão de forma integral e como a escola é fundamental neste processo, conseguindo fazer com que essa informação chegue nas famílias também.”

Mundo pós-pandemia

Além do olhar para todo o momento de quarentena, o evento também busca imaginar como será o mundo quando todos puderem voltar às ruas, às escolas e ao convívio social. No segundo dia de congresso, uma das mesas discutirá um assunto que tem gerado inúmeros debates: o mundo pós-pandemia. Francisco Bosco, filósofo e escritor; Christian Dunker, psicanalista, professor e autor reconhecido com o Prêmio Jabuti de melhor livro em Psicologia e Psicanálise em 2012; e Maria Homem, psicanalista e professora, participam da transmissão e questionam: será que estamos prontos?

A pergunta pode parecer simples em um primeiro momento, mas envolve infinitas nuances do comportamento humano que precisou se adaptar a uma situação, no mínimo, incomum frente ao distanciamento social imposto para frear o avanço da pandemia de coronavírus no Brasil e no mundo. Abaixo, os participantes da mesa antecipam uma parte do debate.

Famílias

Se antes da pandemia os integrantes de uma família que estava passando por algum tipo de problema podiam se isolar, a quarentena impôs uma convivência forçada. “Um remédio para lidar com tensões é a distância. Mas a existência de conflitos se torna mais complexa quando não há o recurso de se afastar do problema”, explica Christian Dunker.

Dessa forma, o psicanalista afirma existirem dois caminhos para lidar com o momento, que vão praticamente em direções opostas. Um deles é aumentar a tolerância para aquilo que “ultrapassa nossa capacidade de compreensão, de escuta e entendimento.” Ao mesmo tempo, ele pontua a importância de se investir em diálogos, mesmo que já tenham sido realizados, para que membros de uma mesma família ou que estejam convivendo neste momento deem a chance do surgimento de uma nova compreensão.

“Talvez a vulnerabilidade que o confinamento traz consigo, a situação de perda que nos rodeia a todos, de temor com o futuro e de eventual pauperização, tudo isso faça reduzir um pouco o nosso eu, de tal maneira a reorganizar a nossa geografia mental e tudo aquilo que realmente tem valor e importância, aquilo que realmente fica”, reforça.

Para o psicanalista, o momento deixa claro que a capacidade humana de produzir intimidade está à prova. Mesmo assim, momentos compartilhados em razão da quarentena podem possibilitar olhares menos críticos e exigentes para com os outros.

Escolas 

Se o âmbito do convívio domiciliar apresenta desafios a serem vencidos e superados em prol do bem-estar da família, a escola também é um ator que passou por adaptações em uma velocidade nunca vista antes. Em três meses, aulas foram suspensas, estudantes passaram a estudar em frente de telas ou em apostilas com ajuda de seus pais, mães, irmãos mais velhos ou responsáveis – que não têm formação para tal -, enquanto docentes, coordenadores e diretores precisaram mergulhar de cabeça no mundo das aulas a distância.

Na linha de frente, professores foram um dos profissionais mais exigidos durante a quarentena. Memes em redes sociais sugeriam que, além de ensinar, os docentes também viraram roteiristas, editores de vídeo, técnicos de informática e especialistas em multitarefas. Tudo isso sem contar a necessidade de cumprir uma agenda a distância que nunca foi igual ao que acontecia em sala de aula.

Maria Homem reforça a dificuldade dessa mudança de postura, imposta aos milhões de professores do Brasil e do mundo. “Quero deixar registrada uma experiência subjetiva e compartilhada com muitos: é muito difícil dar aula para uma plataforma tipo Zoom em que o professor está (e não pode não estar) com a câmera aberta e encontra do outro lado, onde antes havia humanos levemente irriquietos, muitas telas da cor cinza com um nome escrito e microfones mutados. Queremos voltar às aulas sim.”

Sociedade 

Muitos dizem que a sociedade viverá um “novo normal” depois período. Outros dizem que o que era vivido antes, com desigualdades sociais escancaradas – ainda mais notáveis quando o coronavírus atingiu populações em situação de maior vulnerabilidade social –, não poderia ser considerado ‘normal’ e que não devemos, de forma alguma, voltar a esse cenário.

Como será, então, a sociedade pós pandemia? Para Francisco Bosco, a pergunta é um sintoma do desejo humano de obter algum legado positivo de toda a situação de privação que a população mundial precisou se submeter durante vários meses de 2020. “Todos nós, de alguma maneira, estamos tentando procurar compensar o sacrifício pessoal com ganho o futuro que, no entanto, não sabemos se haverá.”

Apesar de ser cedo para avaliar se o mundo será mais solidário, por exemplo, depois da crise ocasionada pelo novo vírus, o escritor cita o consenso entre historiadores, economistas, sociólogos, de que grandes transformações coletivas são decorrências de grandes eventos coletivos traumáticos. É por isso que argumenta que as chances de transformações sociais são maiores caso a pandemia se aprofunde ainda mais, gerando mais impactos sociais e econômicos.

“Há muitas forças em jogo, mas tendo a pensar que se os países saírem de uma maneira mais rápida dessa pandemia, digamos, até o final do ano, em um processo de transição ainda para uma nova normalidade que alivie os sintomas subjetivos e sociais da pandemia,  no meu ponto de vista a tendência é de não apenas ocorrer a repetição do que vivíamos antes, mas uma repetição intensificada”, explica, reforçando que tudo dependerá da duração e gravidade da crise.

Programação

O grande destaque desta edição é a participação de Domenico De Masi, sociólogo italiano criador do conceito de ócio criativo. Ao contrário do que pode parecer, a expressão não significa ficar à toa e não fazer nada, mas sim fazer três coisas simultaneamente: trabalhar para gerar riqueza, estudar para gerar conhecimento e se divertir para gerar bem-estar.

Entretanto, segundo De Masi, essa possibilidade não é uma realidade para todos os trabalhadores, sendo exclusividade do trabalho intelectual. Para o especialista, 67% dos trabalhadores podem exercer o ócio criativo se forem educados para isso.

Entre os temas que marcam presença na pauta dos dois dias de evento estão: saúde mental e as emoções durante quarentena; debate sobre como o integrar o socioemocional entre educadores, alunos e famílias; criatividade; limites e consequência da medicalização dos jovens e o cancelamento de pessoas na internet.

As apresentações serão em diferentes formatos, desde mesas de debates, onde teremos especialista da temática abordada, um influenciador e um representante do LIV, quanto em formato de entrevistas, bate papo e até apresentação musical, que ficará por conta do cantor Lenine, no encerramento do congresso.

No dia 28 de maio, o congresso terá início com a palestra “Saúde Mental: suas emoções não entram em quarentena” com os convidados Taís Araújo, atriz e mãe LIV; Alexandre Coimbra, psicólogo e terapeuta familiar; e Daniel Becker, pediatra do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da UFRJ e pioneiro na pediatria integral no Brasil.

Em seguida, o debate será sobre como integrar o socioemocional entre educadores, alunos e famílias. Para essa mesa de reflexões, os palestrantes são a professora e socióloga Lourdes Atié, com mais de 30 anos de experiência no campo da Educação; Amyr Klink, escritor e navegador brasileiro; Joana London, psicóloga e gerente pedagógica do LIV; e Caio Lo Bianco, diretor do LIV.

Logo depois, o questionamento “O mundo pós-pandemia. Estamos preparados?” entra em discussão com o filósofo e escritor Francisco Bosco, Christian Dunker, psicanalista, professor e autor reconhecido com o Prêmio Jabuti de melhor livro em Psicologia e Psicanálise em 2012, e a psicanalista e professora Maria Homem.

A palestra “O cancelamento de pessoas a um clique. Onde fica a empatia?” finaliza a sessão de debates. Entre os convidados estão Ingrid Guimarães, atriz e mãe LIV; Renato Noguera, Doutor em Filosofia e Coordenador do Grupo de Pesquisa Afro Perspectivas, Saberes e Infâncias (Afrosin); e Cláudio Thebas, educador, escritor e palhaço. O encerramento fica por conta do cantor Lenine.

Inscrições gratuitas

As inscrições para o Congresso podem ser realizadas nesta página. É necessário inscrever-se em todas as transmissões que deseja acompanhar. Os participantes poderão enviar perguntas e mensagens por um chat pela plataforma que será transmitida e a jornalista Flávia Oliveira, que irá guiar todo o evento, fará uma seleção das perguntas e apresentará aos participantes ao final de cada mesa.

Ao longo dos dois dias de congresso, serão arrecadadas doações para o “Rio Contra Corona”, iniciativa gerida pelo Banco da Providência, Instituto Ekloos e Instituto Phi que surgiu das articulações do movimento União Rio, que está com diversas frentes para minimizar os impactos do vírus. Estão sendo distribuídos cestas básicas e itens de higiene e limpeza para pessoas em situação de vulnerabilidade social.

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competências para o século 21, coronavírus, socioemocionais

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