Cultura urbana une jovens de realidades distintas
Projeto visa diminuir preconceitos e unir jovens de diferentes classes sociais pela cultura e o esporte
por Vagner de Alencar 29 de maio de 2012
Estudantes da escola privada Lourenço Castanho, em São Paulo, estão deixando os muros da instituição não só para conhecer outras realidades socioeconômicas, mas, principalmente, para interagir e trocar experiências com jovens de bairros da periferia da capital.
Em Paraisópolis, segunda maior favela na zona sul de SP, por exemplo, jovens locais e estudantes da escola treinavam rúgbi no campinho de terra batida. Ali perto, eles também estudavam teatro no palco do CEU (Centro Educacional Unificado). Ainda na zona sul, na comunidade do Jardim Ângela, outros adolescentes atualmente se reúnem para compor letras de músicas de forma coletiva sobre a vivência do dia-a-dia na periferia.
Atividades como essas fazem parte de um projeto criado pela Lourenço Castanho, com o objetivo de integrar jovens de classes sociais distintas dentro do Nups (Núcleo de Projetos Sociais). O núcleo, que conta com oficinas de cinema, teatro e música, tem como proposta trabalhar conjuntamente com jovens que estejam desenvolvendo projetos inovadores na periferia. “Nosso objetivo é promover empatia e solidariedade para diminuir o preconceito e gerar uma relação mais humana. Essas atividades podem ser um potencializador para se formar cabeças com uma visão de sociedade mais igualitária”, afirma Tiago Pinto Ferreira, professor de sociologia e coordenador do Nups.
Grafite e hip-hop
Ainda dentro do projeto do núcleo, os alunos do ensino médio da escola têm participado de seminários sobre infraestrutura urbana, juventude e educação que ocorrem em diferentes comunidades. Por outro lado, também recebem a visita de jovens da periferia, como é o caso de artistas do Jardim Ângela, que dão aulas na escola sobre a cultura do grafite e do hip-hop.
Jovens MC’s e grafiteiros compartilham técnicas de produção coletiva de músicas e já ajudaram os alunos da Lourenço Castanho a grafitar o grêmio estudantil. A parceira tem dado certo, e a ideia é expandir as atividades também para o ensino fundamental e a educação infantil.
A oficina de artes é realizada pela A Banca, ONG que desenvolve projetos culturais no Jardim Ângela. “Há dez anos desenvolvemos atividades de hip-hop e grafite aqui na ‘quebrada’. Nunca havíamos feito oficinas em escolas particulares. Está sendo um intercâmbio muito maneiro. Além disso, fazemos saídas e organizamos seminários de discussões, que integram os jovens e promovem a troca de ideias e a reflexão”, afirma Márcio Teixeira, conhecido como Macarrão, um dos coordenadores da ONG.
Macarrão conta que pretende levar essa proposta para outras escolas privadas da capital como forma de partilhar a cultura e os valores da periferia com mais estudantes.