Da desinformação à cidadania digital, formação online explora educação midiática
Formação online de multiplicadores do EducaMídia está com inscrições abertas. Conheça projetos criados na edição anterior e baixe planos de aula
por Marina Lopes 11 de março de 2021
Combater a desinformação, compreender o surgimento de conteúdos virais pela ótica da matemática, refletir sobre fake news em saúde, analisar discursos de ódio em jogos digitais e trabalhar com as mídias para aprender história. Essas foram algumas das propostas que se transformaram em planos de aula durante a primeira formação online de multiplicadores em educação midiática, promovida pelo programa EducaMídia, do Instituto Palavra Aberta.
Com a proposta de capacitar educadores que irão compartilhar boas práticas de educação midiática em seus contextos educacionais, o curso reúne participantes de diferentes áreas de conhecimento e localidades do país para participar de um programa online de 30 horas. As inscrições para a nova turma estão abertas até o dia 15 de março.
Ao longo dos encontros, além de aprender sobre o universo da educação midiática e participar de quatro encontros ao vivo, os educadores são incentivados a desenvolver um projeto de multiplicação. Tudo isso com o acompanhamento e certificação da equipe EducaMídia.
Conheça alguns exemplos de projetos que foram desenvolvidos na última turma:
Matemática por trás dos conteúdos virais
Para a professora de matemática Tatielen Demarchi, da rede estadual de São Paulo e da rede privada em Ourinhos (SP), a formação foi uma oportunidade de refletir sobre desinformação e criar estratégias para trabalhar esse conteúdo na sua disciplina. “Eu sentia que os meus alunos tinham muito potencial e conheciam bastante sobre a internet, mas eles também caíam em muitas armadilhas. Nada melhor do que o letramento digital para diminuir a desinformação”, destaca.
Pensando em soluções para este problema, a educadora desenvolveu um plano de aula para tratar de conteúdos virais a partir da perspectiva das funções exponenciais. “Mostrei para eles como uma desinformação pode ser espalhada de forma rápida. Eu quis mostrar para os alunos que a gente também pode unir conteúdo digital e a matemática”, explica.
Fake news mata
Quem também trabalhou com o tema da desinformação foi o biólogo Heytor Neco, docente de ensino superior no Recife (PE). Com a proposta de trazer inovação para turmas da área da saúde, o educador desenvolveu uma ferramenta interativa que combate as fake news (notícias falsas, em inglês). “Minha ideia foi sensibilizar os estudantes e a sociedade para o fato de que as fake news podem até matar”, afirma.
Durante a formação, ele conta que pôde ampliar a sua percepção sobre a importância da educação midiática para o exercício democrático. “Eu entendi que a educação midiática não é apenas a questão da mídia em si, mas existe toda uma reflexão sobre literacia e cidadania digital”.
A política e o discurso do samba
E por falar em cidadania, durante a formação online também teve educador que trabalhou com o noticiário de política para ensinar história. Max Oliveira, professor e cofundador do projeto Poeira da História, no Rio de Janeiro (RJ),
desenvolveu um plano de aula que tinha a proposta de analisar como e por que a gestão do ex-prefeito da capital carioca, Marcelo Crivella, enxergava o samba de forma crítica.
“A ideia era que as pessoas entendessem que o discurso que é ventilado nas redes contra o samba tem um elemento histórico. Quando lemos uma matéria, temos que entender quem é o autor que está emitindo essa informação e de que lugar ele está falando”, comenta Max.
Machismo nos games
Ao longo da formação, os participantes da última edição também puderam desbravar diferentes tópicos que também estão associados à educação midiática. “Eu não entendia como a educação midiática poderia abrir tantos pontos de vista. Existe muita coisa por trás de uma imagem, um meme, um vídeo”, afirma Rodolfo de Carvalho, que atua como formador de professores em Natal (RN).
Com esse olhar amplo para as possibilidades da educação midiática, ele desenvolveu um projeto para incentivar que os estudantes analisassem o machismo presente em jogos digitais. “Por que eles acham que isso acontece? Por que a mulher é xingada dessa forma nos jogos? O que podemos fazer para mudar isso?”, compartilha o educador.
Inscrições abertas
Como projeto final da formação, todos os educadores participantes desenvolvem um plano de aula ou uma ferramenta de apoio para multiplicar boas práticas de educação midiática. Para os educadores que também quiserem acompanhar o programa e receber mentoria na hora de criar seus projetos, as inscrições da segunda turma online estão abertas até 15 de março.
Mais informações estão disponíveis aqui.