Da educação infantil à EJA: 13 filmes brasileiros para apoiar suas aulas

Entre 2010 e 2013, um projeto de cinema itinerante viajou pelo Brasil. Chamava-se “Tela Brasil” e era conduzido pelos cineastas Laís Bodanzky e Luiz Bolognesi. E quem estava à frente da consultoria pedagógica era Claudia Mogadouro. À época, Claudia também acompanhou a tramitação do que viria a ser a lei 13.006, que obriga a exibição de filmes brasileiros na escola, por, no mínimo, duas horas mensais, com produções que estejam integradas à proposta pedagógica.

Contudo, a historiadora sempre foi crítica à mera imposição da lei sem apoio ou formação adequada, afinal, nem todos os professores têm acesso à diversidade da produção nacional. Por vezes, quando questionados sobre filmes brasileiros, falam de grandes bilheterias, como “O Auto da Compadecida” ou “Central do Brasil”. “São obras primas, mas o meu trabalho é dizer: ‘Vamos lapidar, ir além e buscar outras obras’. É preciso muito mais”, orienta Claudia, que segue atuando na formação audiovisual de professores, atualmente na rede municipal de São Paulo.

Professora da USP (Universidade de São Paulo) e integrante do coletivo “Janela Aberta – Cinema e Educação”, plataforma que reúne planos de aulas, artigos acadêmicos e dicas de cursos para professores, Claudia indicou para o Porvir 13 filmes brasileiros que podem apoiar o planejamento pedagógico nas diferentes etapas da educação básica.

São curtas-metragens, animações e filmes premiados que fomentam o debate sobre habilidades e competências previstas na BNCC (Base Nacional Comum Curricular). Todos estão disponíveis online – boa parte com acesso gratuito em plataformas como Itaú Cultural Play ou mesmo nos canais oficiais das produtoras no YouTube. Confira!

Educadores, atenção!

Para que o filme seja recebido de forma significativa, sugere-se que seja usado como um ritual, como uma experiência cultural importante na rotina da escola, em sala especialmente preparada, com assentos confortáveis, projeção e som bem cuidados, para que haja uma verdadeira imersão no filme. Os educadores devem pensar com boa antecedência no filme a ser apresentado, para que faça uma apresentação instigante antes da exibição e, posteriormente, possam fazer a mediação de uma roda de conversa sobre aquela experiência. Este é o momento em que a criança entende que cinema não é só entretenimento, mas permite a construção de muito conhecimento. Confira mais sugestões neste artigo escrito por Claudia e disponível para download

Educação infantil

Bola de Trapos (Carlos Avalone, 2017)

Três crianças jogam futebol com uma bola feita de trapos, enquanto um menino brinca com uma bola de couro e se acha melhor que os colegas. A animação, indicada para crianças pequenas, trabalha com questões socioemocionais, como solidariedade e respeito às diferenças. 

Classificação: livre
Duração: 4 minutos
Disponível no YouTube, gratuitamente

Salu e o Cavalo Marinho (Cecilia da Fonte, 2014)

A animação conta a história de Mestre Salustiano, um dos artistas populares mais famosos do Brasil, símbolo da cultura popular pernambucana. Filho do rabequeiro João Salustiano, Salu, como é chamado, quer participar do Cavalo Marinho, brincadeira tradicional da Zona da Mata Norte de Pernambuco e Paraíba, que reúne dança, teatro e poesia. Na escola, pode apoiar a pesquisa sobre folclore e festas regionais.

Classificação: livre
Duração: 14 minutos
Disponível no YouTube, gratuitamente

Nana & Nilo – Tempo de Brincar (Sandro Lopes, 2018)

Apresentar a cultura afro-brasileira é um dos objetivos dessa animação, que trata ainda da importância do livre brincar e do respeito à ancestralidade. Nana e Nilo são irmãos gêmeos que voltam no tempo e vão conhecer o Quilombo dos Palmares para entender os motivos de as crianças do presente não quererem mais brincar. 

Classificação: livre
Duração: 14 minutos
Disponível no YouTube, gratuitamente

Ensino fundamental 

Sobre rodas (Mauro D’Addio,2017)

Educação inclusiva, valor da amizade e respeito à diversidade são os temas debatidos neste filme, que conta a história de Lucas, de 13 anos. Ele sofreu um acidente que o colocou em uma cadeira de rodas. Na volta à escola, ele conhece Laís, que tem a sua idade. Juntos, viajam pelo interior, à procura do pai da garota.

Classificação: livre
Duração: 1h22
Disponível no YouTube, gratuitamente

A menina e o tambor (Thiago Sacramento, 2010) 

A animação feita para a série “Livros Animados”, exibida no Canal Futura, a partir do livro “A menina e o tambor”, de Sonia Junqueira, mostra como a bondade e a sabedoria de uma criança podem transformar o cotidiano. Uma garotinha que caminha pela rua percebe que as pessoas andam tristes e preocupadas. Para resolver o problema, ela ouve o barulho do próprio coração e decide reproduzir o som pela cidade, com seu tambor. 

Classificação: livre
Duração: 4 minutos e 17 segundos
Disponível no canal Vimeo do diretor, gratuitamente

Tainá 3 – A Origem (Rosane Svartman, 2013)

O filme conta a história da personagem Tainá, que vive na Amazônia e parte para uma aventura em busca da mágica flecha azul, enviada por Tupã. A história pode ser um gancho para conhecer a região da Amazônia, aprender sobre a cultura indígena e a diversidade cultural do país. Além disso, o filme também abre a possibilidade de trabalhar conteúdos de educação ambiental, contemplando debates sobre o consumo consciente.

Classificação: livre
Duração: 80 minutos
Disponível para assinantes da GloboPlay ou para aluguel no YouTube

Ensino médio e EJA (Educação de Jovens e Adultos)

Janela da Alma (João Jardim/Walter Carvalho, 2001)

O documentário apresenta pessoas com diferentes graus de deficiência visual e a relação que elas têm com a visão e o olhar. Entre os entrevistados, estão o escritor José Saramago e o músico Hermeto Paschoal, que fazem revelações sobre o significado de não ver em um mundo com excesso de informações audiovisuais. A obra pode ser utilizada para trabalhar temas como deficiência, visão e o excesso de informações. O documentário também pode traçar um paralelo com o Mito da Caverna, de Platão, nas aulas de filosofia.

Classificação: livre
Duração: 73 minutos
Disponível gratuitamente no YouTube da distribuidora Europa Filmes

Uma História de Amor e Fúria (Luiz Bolognesi, 2013)

O longa-metragem de animação conta a história de amor de um herói imortal e Janaína. Passando por épocas históricas do Brasil, como a exploração portuguesa, a escravidão e a ditadura militar, o filme vai apresentando a trajetória do casal que sobrevive por todas essas fases. Além disso, a obra também apresenta uma projeção de futuro do país em 2096. Entre os assuntos que podem ser trabalhados com os estudantes, estão a colonização portuguesa e a história do Brasil sob o ponto de vista dos dominados. Além disso, também é possível projetar problemas e soluções para o futuro.

Classificação: 12 anos
Duração: 74 minutos
Disponível para assinantes da Netflix

Café com Canela (Glenda Nicácio e Ary Rosa, 2017)

Filmado no recôncavo baiano com atores e equipe local, o longa-metragem, que trata de luto e de superações, é dirigido por uma mulher negra e traz duas atrizes negras como protagonistas. Após perder o filho, Margarida vive isolada da sociedade. Ela se separa do marido Paulo e perde o contato com os amigos e pessoas próximas, até uma ex-aluna bater em sua porta. Em sala de aula, pode render debates sobre educação antirracista e outras diversidades. 

Classificação: 12 anos
Duração: 1h42
Disponível gratuitamente no site Itaú Cultural Play, basta se cadastrar para assistir. 

Marte Um (Gabriel Martins, 2022)

Pré-indicado ao Oscar 2023 como melhor filme internacional, “Marte Um” traz a história de uma família negra que mora na periferia de Contagem (MG). O protagonista é Deivinho, um jovem que deseja ser astrofísico e participar de uma missão de colonização do planeta Marte. Além dos desafios diários de uma família, o filme trata, principalmente, da importância de sonhar, como escreveu Ruam Oliveira em texto aqui no Porvir. Em sala de aula, pode ser usado como conteúdo para debater projeto de vida ou até mesmo ciências, por exemplo.

Classificação: Não recomendado para menores de 16 anos
Duração: 1h55
Disponível para alugar no YouTube

Animações do diretor e desenhista Alê Abreu para todas as idades

Garoto Cósmico (2008)

O primeiro longa-metragem do diretor traz um mundo futurista, no ano de 2973. Nele, três crianças são programadas a estudar, comer e dormir. Certa noite, eles se perdem no espaço e descobrem um universo dentro de um circo. 
Duração: 1h16
Disponível gratuitamente no site Itaú Cultural Play, basta se cadastrar para assistir
Clique aqui para conferir um plano de aula para o ensino fundamental 1

O Menino e o Mundo (2013)

As questões do mundo moderno pelo olhar de uma criança são traduzidas de uma maneira sensível. Bastante premiada (concorreu ao Oscar de melhor animação em 2016), a animação já foi levada para mais de 80 países. A trilha reúne nomes como Emicida e Naná Vasconcelos. “Dizem que é um filme infantil, mas as pessoas de todas as idades se identificam de alguma maneira. Gosto de pensar que é um filme para as crianças que habitam os adultos”, diz o diretor. “É um dos filmes brasileiros mais premiados em toda a história do cinema brasileiro. Trata-se de uma obra prima mundial, todo educador deve assistir”, reforça Claudia Mogadouro.

Duração: 1h20
Disponível gratuitamente no site Itaú Cultural Play, basta se cadastrar para assistir.
Clique aqui para conferir um plano de aula para o ensino fundamental 1

Perlimps (2023)

Recém-lançada, a animação conta a aventura de Claé e Bruô, agentes-secretos de reinos rivais. Eles precisam superar suas diferenças e unir forças para encontrar os Perlimps, criaturas misteriosas capazes de encontrar um caminho para a paz em tempos de guerra. No canal do YouTube do diretor, há vídeos com os bastidores das cenas. Para saber mais datas de exibição nos cinemas, vale seguir o Instagram do diretor.

Duração: 1h16
Clique aqui para conferir o material de apoio do filme

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