Escola de empreendedorismo ajuda desenvolver talentos
Criada por Bel Pesce, FazINOVA oferece cursos presenciais e online que desenvolvem habilidades e atitudes empreendedoras
por Marina Lopes 9 de março de 2015
Quais são as habilidades que realmente importam na hora de empreender? A paulistana Bel Pesce, que figura na lista da revista Forbes entre os 30 jovens mais promissores do país, acredita que são as pequenas coisas. Atitudes comportamentais tão simples que se tornam óbvias, mas correm o risco de serem esquecidas com facilidade. Ter perseverança, iniciativa e aprender com o momento são algumas das ações destacadas pela brasileira que já empreendeu no Vale do Silício (EUA), considerado um celeiro de startups e palco das grandes empresas mundiais de tecnologia. Apostando nessa ideia, há dois anos ela voltou ao Brasil e decidiu criar sua própria escola de empreendedorismo: a FazINOVA.
A ideia é trabalhar com cursos presenciais e online que buscam desenvolver habilidades e atitudes consideradas importantes para empreender, como autoconhecimento, criatividade, visão e paixão. Na modalidade presencial, que acontece na zona sul de São Paulo, os cursos são pagos e o destaque é para o Laboratório de Sonhos, composto por 19 encontros com duração de três horas. Por lá, o participante desenvolve exercícios práticos que o ajudam a unir habilidades comportamentais, ferramentas e conteúdos.
Em outra frente, a FazINOVA também reúne cursos online gratuitos. Desde os mais técnicos, que procuram ensinar como criar um modelo de negócios ou conseguir investidores, até aqueles que tratam das tão faladas pequenas atitudes que podem fazer a diferença. No curso “A Menina do Vale”, por exemplo, Bel transforma um dos seus livros, com mesmo título, em um conteúdo dividido por videoaulas, que trazem pontos fundamentais para o desenvolvimento pessoal e profissional, ajudando adquirir uma atitude empreendedora. Ao acompanhar as aulas, o participante é incentivado a pensar sobre suas metas, identificar pessoas que servem de inspiração e perceber como é possível aprender como os próprios erros.
O projeto de criar uma escola de empreendedorismo surgiu quando Bel ainda estudava no MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), onde concluiu os cursos de engenharia elétrica, ciências da computação, administração, economia e matemática, além de fazer programas de liderança e inovação. “Eu comecei a perceber que algumas habilidades eram muito importantes para o meu dia a dia, mas a escola não me ensinava isso. Eu usava as coisas que aprendia com vida”, lembra. E foi daí que ela começou a pensar em como seria montar uma espécie de laboratório, que ajudasse as pessoas a terem mais facilidade para encontrarem seus talentos e desenvolverem habilidades.
Durante os sete anos em que morou nos Estados Unidos, Bel passou a anotar em caderninhos todas as experiências e os aprendizados que adquiria. Na época da faculdade, trabalhou em grandes empresas como Microsoft, Google e Deutsche Bank. Após a formatura, decidiu seguir o caminho do empreendedorismo no Vale do Silício. “Eu tinha muitas ideias e muitos rascunhos. Todos os livros que eu lia, tentava aplicar para a escola que eu gostaria de desenhar.” Quando voltou ao Brasil, em 2013, começou a montar cursos de empreendedorismo e as ditas habilidades comportamentais que, para sua surpresa, foram as mais requisitadas.
O sonho de empreender
Pesquisas recentes já apontam que empreender se tornou o sonho de mais da metade dos jovens. Questionada sobre essa nova demanda, Bel Pesce afirma que ela está relacionada ao desejo de assumir o protagonismo. “A palavra empreendedorismo, no sentido de abrir uma empresa, tem sido usada como um ponto de fuga. As pessoas falam em ser empreendedoras porque querem ser chefes”, explica. No entanto, ela também destaca que não é preciso abrir o próprio negócio para assumir as rédeas da sua vida, sendo possível ter atitudes empreendedoras ocupando cargos dentro empresas que estão abertas para inovação.
Mas se engana quem pensa que são apenas os mais jovens que estão em busca desse protagonismo. De acordo com Bel, os cursos da FazINOVA também apresentam um grande público acima dos 35 anos. “Não é só a Geração Y que quer empreender”. Para ela, independente da idade, se o empreendedorismo tivesse que ser descrito em uma equação, seria uma reação simples: juntar ferramentas, pessoas e conteúdos. No entanto, “a maior parte do tubo de ensaio depende apenas de você”, conclui.