Esgotamento mental: 5 medidas para lideranças escolares apoiarem professores
Foco da gestão no próximo ano precisa estar no apoio para educador administrar melhor a carga de trabalho
por Kevin Leichtman, para o Edutopia 1 de dezembro de 2021
Contratar, formar e manter educadores fenomenais sempre foi a chave para o sucesso na educação. Nos Estados Unidos, que passa por perído apelidado de “The great resignation” (“Pedidos de demissão em massa”, em tradução livre), em que diferentes profissionais estão deixando seus postos após o período de isolamento social e de trabalho remoto provocado pela pandemia, a retenção de professores se tornou um desafio constante.
Há uma forte ligação entre o esgotamento (burnout, no termo em inglês) e a vontade de abandonar carreira, à medida que as taxas de estresse emocional e cansaço físico continuam a aumentar e os papéis de ensino se tornam mais complexos. Diante disso, as lideranças escolares devem buscar soluções para a questão emocional tanto para conseguir reter ou ampliar o quadro de educadores.
Aqui estão cinco áreas que podem podem causar um impacto no esgotamento dos professores agora.
1. Estresse por acúmulo de funções
Não é nenhuma surpresa que funções extras alimentem o esgotamento dos professores. Isso é especialmente importante para recém-formados que podem precisar de mais tempo para se aclimatar totalmente às rotinas de ensino. Isso porque eles frequentemente se voluntarizam a assumir tarefas adicionais, como acompanhamento, treinamento, coordenação de programas ou tutoria.
Lideranças conscientes sabem que o benefício de cumprir essas funções será superado caso alguns desses professores decida sair por ter muita coisa a fazer. Comece a se perguntar: “Onde posso aliviar as incumbências de minha equipe? Posso trazer mais famílias voluntárias ou reduzir a carga de trabalho dessas atividades extras?”. Seja um redutor de papéis, não um impositor.
2. Falta de mentoria
Seus professores têm um caminho livre para demandar e receber orientação profissional? Eles têm tempo e espaço para serem mentores de seus colegas? Apoio e orientação positivos podem ter um impacto duradouro na redução do esgotamento físico e mental. Gestores escolares e de secretarias, no entanto, criam um programa de mentoria sem considerar como executá-lo com eficácia.
Pense em como e quando seus novos professores vão trabalhar com um mentor. Eles serão capazes de ver professores dispostos e veteranos em ação? Os professores experientes também terão a oportunidade de ver o trabalho dos mais novatos? Há um horário reservado para reflexão e diálogo dentro da rotina escolar?
3. Medidas de responsabilização
Do topo até a base da hierarquia de cada escola, todos sentem o impacto da padronização de processos e da prestação de contas ou responsabilização.
Como líder escolar, você pode sentir que há pouco a fazer para mudar um sistema que também pesa sobre você.
Lideranças eficazes entendem que pressão adicional sem propósito adicional simplesmente levará a mais estresse e esgotamento. Por outro lado, a gestão pode construir uma cultura sólida quando lidera com propósito. Qualquer política que você implementar com uma finalidade poderosa, clara e conectada pode ser bem-sucedida.
Dica para a criação de cultura: a ênfase nas provas tradicionais está fortemente ligada à falta de satisfação dos professores. Se você precisar melhorar as notas em exames de larga escala, permita que os professores participem do comitê que realiza o planejamento desse processo. Eles se sentirão mais decididos e ouvidos se tiverem participação nas decisões sobre o que e como implementar.
4. Falta de autonomia
Quão autônomos são seus professores? Pesquisas mostra uma conexão poderosa entre autonomia e satisfação no trabalho. Os educadores demonstrar vontade de ter controle sobre a maneira como desempenham suas funções.
Ainda mais alarmante em termos de esgotamento é a sensação de desmoralização. Quando os professores sentem que não têm controle, também podem sentir que não podem fazer o que é certo para seus alunos. A falta de autonomia e o sentimento de violação da própria moral podem fazer com que os educadores se sintam abandonados e esgotados em níveis mais elevados.
Seja um removedor de obstáculos. Lideranças de escolas incríveis procuram áreas em que os professores não se sintam autônomos. Às vezes, o problema pode ser enorme (como decisões sobre o currículo). No entanto, você pode dar a eles autonomia rapidamente sobre pequenos obstáculos, como acessos a ambientes, políticas de banheiro e modelos para planos de aula. Um corpo docente autônomo e respeitado é aquele que está bem posicionado para evoluir.
5. Esgotamento contagioso
Você já pensou no esgotamento como algo contagioso? Infelizmente, estudos sugerem que existem elementos contagiosos para o burnout. Pode não ser tão simples quanto pegar uma doença por estar na mesma sala ou tossir perto de outra pessoa, mas o esgotamento pode se espalhar por toda a comunidade escolar.
Para evitar o contágio, dê ampla oportunidade e espaço livre de punição para que os professores expressem suas preocupações relacionadas à questão emocional. A propagação do esgotamento acontece a portas fechadas quando os professores desabafam e reclamam de uma administração que “simplesmente não entende”. É possível inverter esse roteiro e mostrar compreensão, valorização e criar espaços e momentos de escuta para professores compartilharem suas preocupações diretamente com a liderança escolar para que sejam tomadas ações significativas para resolvê-las
Manter uma equipe de professores bem qualificados nunca foi tão difícil. Qualquer política ou programa que você deseja lançar este ano devem ser feitos com o esgotamento mental e físico em mente. Um corpo docente com poderes para combater o esgotamento é aquele que permanecerá fiel à sua escola, promoverá as metas da rede escolar e vai atrair outros profissionais qualificados para a sua cultura de trabalho positiva.
* Publicado originalmente em Edutopia e traduzido mediante autorização
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