Recomendações e experiências para transformar a maneira como se ensina e aprende a partir do uso de ferramentas digitais
Novas ferramentas tecnológicas têm potencial para promover a equidade e qualidade na educação, além de aproximar a escola do universo do aluno.
"A tecnologia está mudando a forma como produzimos, consumimos, nos relacionamos e, até mesmo, como exercemos a nossa cidadania. Agora é a vez de transformar também a maneira como aprendemos e ensinamos..."
Para ajudar gestores e educadores a garantirem o acesso a recursos educacionais interativos a todos os alunos brasileiros, o Porvir produziu este especial com recomendações e experiências sobre o tema. O material foi produzido a partir dos documentos Inovações Tecnológicas na Educação: Contribuições para Gestores Públicos, elaborado pelo Movimento Todos Pela Educação e o Inspirare, e Conectividade nas escolas públicas brasileiras, realizado pelo Porvir/Inspirare e a Fundação Lemann, com apoio do Instituto de Tecnologia & Sociedade do Rio (ITS) e da rede Nossas Cidades. As recomendações para a rede pública listadas ao longo deste site são resultado de debates do encontro Série de Diálogos O Futuro se Aprende sobre conectividade, que reuniu profissionais especializados em educação, tecnologia, financiamento e compra de equipamentos, mobilização social, leis e regulação.
A mobilização por internet rápida nas escolas deve ter uma mensagem simples, direta e fácil de ser comunicada, que traduza os anseios dos alunos para políticos e tomadores de decisão.
É preciso divulgar os bons exemplos de práticas e resultados de aprendizagem para sensibilizar o governo, a comunidade escolar e a sociedade sobre a importância do uso da tecnologia nas escolas.
O desenvolvimento de estudos e uso dados que avaliem o impacto do uso da tecnologia na educação devem ser estimulados nas universidades e centros de pesquisas.
Desde a invenção do quadro negro, passando pela chegada do projetor de transparências, da fotocopiadora e do videocassete, o foco da tecnologia em sala de aula vinha sendo a apresentação da informação. No século 21, em razão da disseminação de computadores e de programas interativos, o desafio agora é outro: como acessar a informação.
Veja abaixo uma linha do tempo com as principais tecnologias já criadas para a sala de aula e as políticas públicas implantadas no Brasil para acompanhar essas inovações:
(Fontes: The New York Times / Edudemic / Slate / MEC)
O alemão Johannes Gutenberg cria a prensa de tipo móvel com caracteres usados na escrita manual e inicia a impressão que temos hoje. Surge um mercado editorial e autores clássicos chegam às mãos de mais leitores.
James Pillans, diretor da Escola Superior de Edimburgo (Escócia), uniu placas de ardósia para mostrar mapas na aula de geografia.
O empresário americano Thomas Edison recebe a patente do equipamento que faz cópias com ajuda de uma manivela e usa álcool e um papel chamado estêncil.
Usado para treinar militares na 2ª Guerra, o equipamento ajuda professores a escrever suas lições antes da aula, sem ter que preencher diversas lousas.
Escolas nos EUA começam a instalar cabines individuais com fones de ouvido e fitas com aulas pré-gravadas.
Dispositivo do psicólogo americano Burrhus Skinner permitia ao aluno progredir no seu próprio ritmo e tinha como intenção liberar o professor para debater os conteúdos.
A invenção da Xerox gradualmente substituiu o mimeógrafo e outros equipamentos semelhantes, diminuindo a sujeira e economizando tempo.
Uma secretaria cansada de cometer erros criou a fórmula da tinta corretiva na cozinha de sua casa.
Engenheiros da Texas Instrument reduziram as calculadoras que antes eram objetos de mesa a equipamentos que cabem na palma da mão.
Brasil discute o uso de computadores para o ensino de física, em seminário promovido pela Universidade Federal de São Carlos (SP), com a presença de especialistas americanos.
Informática começa a ser usada como tecnologia educacional para a avaliação. Alunos de química fazem simulados.
Primeiro estudo utilizava terminais de teletipo em simulado de física para alunos do curso de graduação. O software Siscai era usado para a avaliação de alunos de pós em educação.
Universidade recebe Seymour Papert e Marvin Minsky para ações de cooperação técnica e investigação do uso de computadores com linguagem LOGO na educação infantil.
Programa de videoaulas começa com conteúdos para o ensino médio e, mais tarde, avança para o fundamental e para a população que não havia concluído os estudos.
Governo lança a Secretaria Especial de Informática com o objetivo de desenvolver as atividades apoiadas pelo computador.
Governo lança a Secretaria Especial de Informática com o objetivo de desenvolver atividades apoiadas pelo computador.
Governo recomenda que as iniciativas nacionais devem estar centradas nas universidades e não diretamente nas secretarias de educação.
Unicamp cria o Núcleo Interdisciplinar de Informática Aplicada à Educação.
Governo fomenta a criação de núcleos interdisciplinares de pesquisa e formação de recursos humanos nas universidades federais.
Um único disco armazenava uma coleção inteira de enciclopédias, além de trazer recursos multimídia como vídeos e fotos.
Facilitou a resolução de equações.
Iniciativa de formação de profissionais para atuar nos diversos centros de informática educativa dos sistemas estaduais e municipais de educação.
Governo lança o Programa Nacional de Informática na Educação com o objetivo de desenvolver a informática educativa e seu uso nos sistemas públicos de ensino.
O britânico Tim Berners Lee cria o sistema que utiliza o hipertexto para funcionar na Internet e é usado para ligar páginas web e transferir dados.
Ajuda financeira às escolas públicas da educação básica das redes estaduais, municipais e do DF e às privadas de educação especial mantidas por entidades sem fins lucrativos.
Canal de televisão do MEC começa a capacitar e atualizar educadores da rede pública.
Governo cria o Programa Nacional de Tecnologia Educacional para fomentar o uso pedagógico de ferramentas digitais na rede pública de ensino fundamental e médio.
O modelo tradicional ganha um concorrente com computador e tela sensível ao toque.
Os americanos Mark Zuckerberg, Dustin Moskovitz e Chris Hughes e o brasileiro Eduardo Saverin criam a rede social na Universidade de Harvard.
Site abre espaço para que educadores compartilhem conteúdo, incluindo o Khan Academy, com estudantes do mundo todo.
Estrela do programa “Um Computador por Aluno”, custava US$ 100 e era distribuído gratuitamente por governos para crianças, inclusive no Brasil.
Programa para conectar todas as escolas públicas urbanas à internet e incrementar o ensino público.
Dispositivos móveis permitem a interação, produção e consumo de material de fotos, textos e vídeos em tempo real.
Projeto que destina a cada aluno um pequeno computador com material didático digital que pode ser levado para casa e trazido às aulas.
Aplicativos permitem estudar a qualquer hora e em qualquer lugar, de acordo com o ritmo do aluno. Dados medem desempenho individual e traçam planos específicos de aula.
Conheça diferentes tipos de ferramentas digitais para facilitar o trabalho do professor e melhorar a experiência do aluno.
Objetos digitais de aprendizagem são recursos que apoiam a prática pedagógica dentro e fora de sala de aula, como jogos, animações, simuladores e videoaulas. Eles podem ser utilizados por educadores para facilitar o processo de aprendizagem, trabalhando conteúdos e competências e auxiliando no planejamento de atividades educativas mais criativas, que despertam o interesse dos alunos. Também podem ser utilizados diretamente pelo estudante e por seus familiares para estudar e aprender fora da escola.
A Escola Digital e o Portal do Professor (MEC) são alguns exemplos de plataformas que reúnem em seus repositórios objetos categorizados por série, disciplina e conteúdo, facilitando a busca dos educadores por esses recursos. Enquanto alguns objetos estão sujeitos a licença de uso do proprietário, outros são disponibilizados de forma livre. Os chamados Recursos Educacionais Abertos são aqueles que estão sob domínio público ou licença aberta, possibilitando a utilização e adaptação por qualquer pessoa.
Plataformas são ambientes online de ensino e aprendizagem, que facilitam a troca de informações e o acompanhamento do percurso pedagógico de cada aluno. Dentro de um ambiente virtual de aprendizagem é possível armazenar e publicar conteúdos, acompanhar o progresso dos estudantes e promover interações entre diferentes agentes do processo educativo, permitindo a criação de cursos a distância e também servindo como suporte ao ensino presencial.
Alguns ambientes utilizam softwares inteligentes que ajudam a personalizar o ensino, as chamadas plataformas adaptativas. Elas avaliam dados e estabelecem padrões de comportamento, propondo atividades diferentes para que cada aluno possa aprender do seu jeito e no seu ritmo. Outra alternativa são os MOOCs (Cursos Online Abertos Massivos, na sigla em inglês), que oferecem conteúdos de nível universitário e especializações para atrair milhares de alunos em cursos virtuais gratuitos que ampliam o acesso ao conhecimento.
As ferramentas de gestão auxiliam na organização dentro e fora de sala de aula, permitindo que gestores e professores automatizem procedimentos e gastem menos tempo com tarefas burocráticas. Existem recursos de gestão escolar que organizam o sistema financeiro da instituição, otimizam tarefas e monitoram o desempenho dos alunos.
Também existem ferramentas que permitem ao professor fazer a gestão da sala de aula, incluindo recursos que organizam planos de aula, gerenciam o recebimento de tarefas escolares e fazem a correção de provas. Isso permite que os educadores tenham mais tempo para se dedicar à prática pedagógica e ao planejamento de projetos.
As tecnologias imersivas aumentam o envolvimento dos alunos e criam oportunidades para eles interagirem com os conteúdos de forma mais engajadora. Por meio de imagens virtuais, os dispositivos de realidade aumentada proporcionam experiências que mesclam o mundo real com o mundo virtual.
Superando as barreiras do espaço físico, os ambientes virtuais permitem que os alunos aprendam e naveguem por museus virtuais do mundo inteiro. Em laboratórios virtuais, eles podem fazer experiências científicas que facilitam o entendimento de diversos conteúdos do currículo, tornando mais acessíveis os equipamentos que estariam presentes em um laboratório físico.
As ferramentas de experimentação transformam os alunos em protagonistas e possibilitam que eles desenvolvam produtos e projetos. Em processos de educomunicação, por exemplo, eles trabalham com ferramentas de autoria e produção audiovisual para criarem seus próprios podcasts, sites, livros digitais, jornais, vídeos e tantos outros formatos. Essas atividades estimulam o desenvolvimento de competências cognitivas e socioemocionais, valorizando o trabalho em equipe e desenvolvendo habilidades de comunicação.
Com equipamentos de fabricação digital, eles criam os seus próprios dispositivos e testam soluções rápidas. Os kits de robótica, a impressora 3D e outras ferramentas de prototipagem ajudam a transformar ideias em produtos, integrando teoria e prática. Em plataformas de programação eles deixam de ser apenas consumidores de tecnologia e criam jogos, sites, aplicativos e pequenas animações.
As ferramentas de comunicação facilitam a interação entre diferentes agentes do processo educativo. Elas estimulam trocas de informações entre professores e alunos e viabilizam a formação de comunidades virtuais de aprendizagem. Com os aplicativos para o engajamento de familiares também é possível aproximar os pais da escola, enviando recados e comunicados sobre lições e provas.
Alunos e professores também podem utilizar as redes sociais para desenvolverem atividades e trabalharem conteúdos curriculares. Existem diversas estratégias para promover o aprendizado por meio dessas ferramentas, como a criação de comunidades, canais de jornalismo estudantil e desafios (confira dicas de atividades aqui).
As ferramentas de produtividade simplificam o dia a dia de professores e alunos. Elas oferecem recursos que agilizam tarefas e ajudam na organização de arquivos. Os editores de texto, foto, vídeo, áudio oferecem suporte para diferentes atividades. As plataformas para criação de formulários, planilhas, apresentações e infográficos oferecem recursos para preparação de materiais de aula e o desenvolvimento de trabalhos escolares.
Para evitar que o professor carregue pilhas de papéis, as ferramentas de armazenamento permitem salvar arquivos na internet, criando as chamadas salas de aula na nuvem. Professores e alunos podem acessar esses materiais em qualquer lugar e conseguem interagir virtualmente. Os alunos conseguem criar portfólios digitais com suas atividades e os professores podem acompanhar essa produção em tempo real.
Para superar os desafios de equidade, qualidade e contemporaneidade mostrados na primeira parte deste guia, gestores precisam olhar para dentro de suas redes e entender como o modelo de ensino, a formação de professores, o uso de recursos e a infraestrutura devem se adaptar para apoiar a transformação da educação e conectar as escolas ao século 21.
Esses quatro elementos devem estar equilibrados e fazem parte de um mecanismo que o CIEB (Centro de Inovação para a Educação Brasileira) está desenvolvendo para apoiar gestores públicos na elaboração de seus planos educacionais. Abaixo, mostramos uma síntese de suas características e oferecemos um guia, baseado em experiências de diferentes redes brasileiras e internacionais, de como criar infraestrutura para usar a tecnologia com fins pedagógicos.
Estratégia para tornar o estudante ativo em sua aprendizagem
O novo papel do professor com a chegada da tecnologia
Critérios para a aquisição de soluções tecnológicas
A definição de uma estratégia para o uso da tecnologia passa por admitir as limitações do modelo de ensino atual, baseado na exposição do conteúdo, e projetar como a adoção de novos equipamentos e recursos digitais podem proporcionar ao estudante um papel ativo na conquista do seu conhecimento.
Pensar na relação que vai se estabelecer entre o professor e o aluno, nos problemas que a tecnologia pretende resolver e em qual será seu impacto para o aprendizado são questões que devem subsidiar a definição dos dispositivos, dos objetos digitais de aprendizagem e das plataformas que serão adquiridas. O estudo "Aprendizagem Móvel no Brasil: Gestão e Implementação de Políticas Públicas atuais e Perspectivas Futuras", feito pelo Centro de Estudos Brasileiros da Universidade de Columbia (EUA), mostra que, quando a decisão sobre o investimento não é acompanhada de uma visão clara dos objetivos pedagógicos e de uma iniciativa planejada, o mais comum é ter uma ação limitada ao hardware, que serve apenas para comunicar à sociedade que algo está sendo feito neste campo.
Para que o aluno sinta-se protagonista do próprio aprendizado, o professor precisa assumir um novo papel dentro da sala de aula. Na seção Na Prática deste guia, mostramos como a tecnologia aliada a novas metodologias é capaz promover um aprendizado mais significativo e engajador.
Preparar um professor para mediar a aprendizagem é um desafio que começa na universidade, onde a formação inicial privilegia a teoria e oferece pouco espaço para prática. Sem essa base, aumenta a responsabilidade da modalidade continuada, que ainda tem dificuldades em relacionar a tecnologia ao currículo tradicional. Com isso, perde-se mais uma vez a chance de fazer com que o professor considere ensinar de maneira transdisciplinar as tecnologias e as linguagens tradicionais.
O educador não precisa estar sozinho neste processo. Redes podem investir também na capacitação de grupos de alunos monitores para apoiar o docente no planejamento e na utilização dos equipamentos e recursos disponíveis e na rápida resolução dos problemas.
Antes de assinar o cheque e autorizar o desenvolvimento interno ou a compra de softwares no mercado, secretarias precisam olhar para suas necessidades e comparar com o que já existe no Portal do Professor do MEC ou o que já é usado por outras secretarias como recurso educacional aberto.
Ao buscar no mercado, procure saber se o aplicativo ou plataforma são oferecidos em um pacote fechado ou são flexíveis para atender a uma quantidade grande de alunos, que estejam em diferentes contextos. Também investigue como funciona o atendimento de dúvidas de professores e diretores. A análise prévia permitirá ainda saber de antemão se serão necessários cursos de formação para as equipes dos mais diversos níveis e se a estrutura de hardware atende à nova demanda.
Para diminuir as chances de rejeição, é importante que ao longo de todo o processo os educadores sejam consultados. Se por um lado, recursos digitais conseguem liberar o professor e a equipe escolar do trabalho mecânico e repetitivo, por outro demandam novas habilidades da gestão, como saber interpretar dados para tomada de decisão.
Para ajudar secretarias a equiparem suas escolas de forma eficiente, mostramos um cenário com as opções disponíveis para criar um ambiente físico que permita o uso da tecnologia com fins pedagógicos. Navegue no guia abaixo ou faça o download do arquivo em PDF com todas as opções mapeadas aqui.
Qual o modelo de conexão?
Como distribuir o sinal de internet?
Quais equipamentos serão usados?
Como será feita a manutenção?
Tudo começa com a definição da internet a ser contratada, passa pela distribuição do sinal e tipos de equipamentos, sem esquecer como será feita a manutenção.
QUAL MODELO DE CONEXÃO?
Os parâmetros de velocidade exigidos pelos principais recursos tecnológicos
A ferramenta mais básica de uso da internet em sala de aula é a pesquisa de conteúdos em sites onde não há muita interação, como a página de busca do Google e a Wikipedia. Essa prática é a única possível quando um professor tem disponível uma conexão de até 2 Mbps (Megabits por segundo), oferecida pelo PBLE (Programa Banda Larga na Escolas).
Para utilizar objetos digitais de aprendizagem, como os milhares de vídeos, animações, infográficos, simuladores e jogos presentes na plataforma Escola Digital, a conexão recomendada é de 6 Mbps
Para dar conta de um ambiente virtual que responda em tempo real às necessidades e ao ritmo de cada aluno e forneça dados e informações para professores e gestores, é necessária uma banda maior de internet. O projeto Inovação nas Escolas, implementado pela Fundação Lemann, que reúne plataformas como Khan Academy (matemática e outros conteúcos), Programaê! (programação), Gatópolis (jogos de alfabetização) e YouTube Edu (vídeos), recomenda pelo menos 8 Mbps de velocidade. A Geekie, que oferece simulados para o Enem e plataformas adaptativas, indica para o uso completo de seus produtos uma conexão entre 10 e 20 Mbps para cada grupo de 100 alunos.
QUAL MODELO DE CONEXÃO?
Os links de internet disponíveis para escolas urbanas e rurais
Uma escola precisa de um link diferente daquele que é oferecido comercialmente pelas operadoras. Nesses casos, o link é compartilhado e o padrão mais popular é o ADSL (sigla em inglês para "Linha Digital Assimétrica para Assinante"), mas também pode ser via 3G, cabo ou rádio. Suficiente para o uso residencial, esse tipo de link permite tráfego de dados de forma assimétrica -- a taxa de download é sempre maior do que para o upload (envio). Um outro problema é que o sinal é dividido entre os clientes de uma mesma região (casas e empresas). Isso significa que mesmo se 10 Mbps forem contratados, na prática, o que chega é apenas 20%, principalmente em áreas populosas em que muitos usuários se conectam simultaneamente.
Quando o link é do tipo dedicado, a operadora leva uma conexão muito mais rápida e exclusiva para escola. Se o gestor contratar 10 Mbps, o que chega é 100% disso, seja para download ou upload, o que garante que todos os alunos vão conseguir publicar seus projetos em uma plataforma de aprendizagem. No entanto, a segurança e estabilidade do link dedicado impacta no preço, que é bem maior que o oferecido comercialmente.
QUAL MODELO DE CONEXÃO?
As formas de contratação para levar internet para as escolas
Disponível gratuitamente para escolas públicas urbanas de nível fundamental e médio, o PBLE deveria ter sua meta de velocidade revista semestralmente, para que a oferta fosse equivalente à disponível ao público em geral na área de atendimento em que a escola se localiza. Entretanto, isso não aconteceu. Desde 2010 o programa entrega apenas 2 Mbps para download e até um quarto dessa velocidade para upload, o que faz com que as escolas não consigam usar a internet de forma efetiva. Quando todos os alunos de uma sala de aula precisam assistir a um vídeo, por exemplo, a conexão é insuficiente. Por isso, gestores devem buscar outras formas de contratação.
é gratuito
instabilidade; baixa velocidade
A Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro (RJ) diz que 69 escolas da rede são atendidas exclusivamente pelo PBLE. Outras 1.291 têm contrato com a concessionária Embratel/Claro e 134 estão em processo de instalação ou não possuem viabilidade técnica por parte da empresa de telefonia. O Porvir visitou, em 2015, a Escola Municipal Emílio Carlos, onde o professor Eric Rodrigues recorria a conteúdos gravados antes da aula para aplicar o ensino híbrido nas aulas de história.
Professor Eric Rodrigues, da Escola Municipal Emílio Carlos, no Rio de Janeiro (RJ)
"A baixa velocidade da conexão disponível em nossa escola, 2 Mbps, limita muitos os recursos que posso oferecer a meus alunos. É impossível carregar vídeos de maior qualidade em muitos dispositivos simultaneamente ou mesmo abrir portais que exijam maior velocidade. A maior perda, no entanto, está nas ferramentas de alto impacto pedagógico, como as plataformas adaptativas, que permitem personalização e acompanhamento individual dos alunos. Sem uma conexão rápida o bastante, fica impossível trabalhar em um desses sistemas. Consequentemente, a verificação da aprendizagem e o respeito ao ritmo de cada aluno se apoiam em práticas mais tradicionais, menos envolventes e em recursos de menor variedade e, por isso, menor eficiência."
Diante da necessidade de avançar em relação ao que é oferecido pelo PBLE e ampliar a conectividade nas escolas, estados e municípios têm trabalhado em inciativas próprias. A compra de internet para atender às escolas acontece dentro de um contrato maior, que pode envolver outras áreas do governo, como segurança e saúde, o que facilita a licitação.
maior facilidade de atendimento da rede; processo de licitação simplificado
alto investimento
No Estado de São Paulo, o governo incluiu a secretaria de educação no contrato com a operadora Vivo que envolve outras áreas, como saúde e segurança, que tem o objetivo que a fibra ótica chegue a todos os municípios. Com isso, todo o governo passou a funcionar dentro da mesma rede, chamada Intragov. O gerenciamento desses dados foi dividido entre a Prodesp (Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo) e a operadora. O processo começou em 2011 e atualmente quase todas as escolas da rede já têm conexão de fibra de 8 Mbps.
Antônio Celso Paula Alburquerque, coordenador da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo
"[No início], Apesar de não ter um custo interessante, R$ 800 por 2 Mbps, foi embutido todo o investimento gerado [pela operadora]. Se por um lado foi muito bom para levar desenvolvimento para o estado, agora temos que passar por uma nova onda, que é a da descentralização para poder gerar economia. O investimento já foi feito e agora pode-se diminuir custos fazendo com que cada local administre seu link. Às vezes, a população pode dizer que se está gastando demais, mas o que não passa na cabeça das pessoas é que precisa ter estímulo para que as empresas passem a infraestrutura".
No Paraná, em um exemplo similar a São Paulo, o estado conectou 75% de suas 2.141 escolas por fibra a uma velocidade de 10 Mbps após firmar um contrato com a concessionária Copel. Nos locais onde a fibra não chegava, o estado subsidiou a infraestrutura necessária para a passagem dos cabos de fibra ótica. A rede das escolas também faz parte da intranet do governo, o que facilita a manutenção e o filtro de conteúdo.
Eziquiel Menta, diretor de políticas governamentais da Secretaria de Educação do Paraná
"Uma das coisas boas da centralização é que a gente consegue resolver alguns problemas de software [atualizações e correções] a partir de Curitiba. Eu não preciso deslocar as pessoas para as escolas, porque é difícil ter essas equipes especializadas. A gente criou mecanismos que nos dizem como está o uso de internet em cada laboratório e se um disco rígido de um computador está no fim da vida e precisando de troca".
Quando uma cidade ou escola não contam com infraestrutura da operadora contratada pela secretaria, uma opção é descentralizar a contratação do fornecimento de banda larga.
fortalecimento da autonomia escolar; desburocratização; atendimento mais rápido; estímulo ao desenvolvimento de fornecedores locais
formação de diretores escolares para que saibam o que e como comprar
Assim como acontece com outros serviços como o de reforma da infraestrutura física, os serviços de TI de Alagoas também passaram por descentralização. Como a rede de fibra ótica do estado não chega a todas as escolas, uma portaria estadual liberou a contratação de link de internet e equipamentos como switch e roteadores para conexão sem fio. Unidades de ensino com laboratório de informática devem receber R$ 10.000 por ano, enquanto aquelas que não possuem, ficam com R$ 5.000. Em ambos os casos, o repasse depende da prestação de contas das escolas.
Thiago Cardoso, gerente de infraestrutura de TI da Secretaria de Educação de Alagoas
"A gente está orientando os diretores de escola a fazerem a aquisição de um link dedicado, e não de um compartilhado de 10 Mbps. O mínimo recomendado é um link dedicado de 1 Mbps , que já atenderia laboratório de informática e a área administrativa, que pode chegar a ter 10 máquinas. Para escolas com acesso à infovia, o governo não vai parar de fornecer internet, mas a ideia é que tenham redundância".
QUAL MODELO DE CONEXÃO?
O cenário de conectividade nas escolas do Brasil
Crianças e adolescentes já usam internet de maneira intensa quando estão em casa ou na rua, mas quando entram na escola parecem ter voltado no tempo. A conexão, na maioria dos casos, é muito ruim e não permite o uso das ferramentas pedagógicas digitais de forma plena. O vídeo que roda no celular corre o risco de não carregar no computador da sala de aula quando todos querem assisti-lo ao mesmo tempo. Para resolver esse problema, o primeiro passo é garantir infraestrutura para que a internet veloz chegue até a porta de todas as escolas do Brasil.
Os dados viajam pela internet de maneira diferente para professores e alunos de uma escola urbana, rural ou remota. Na maioria das escolas urbanas, a conexão pela rede da operadora – conhecida como última milha – é feita por banda larga fixa (xDSL, fibra ótica ou cabo). Os dados passam por uma estrada de internet local, o backhaul, até chegar ao backbone, infraestrutura central de rede no Brasil. A partir deste momento, a ligação é feita por cabos submarinos até a estrutura de telecomunicações nos Estados Unidos. O servidor libera o acesso e os dados seguem o caminho de volta até o computador do usuário. Com escolas rurais, o caminho até o backhaul geralmente é feito por 3G, usando a rede de telefonia móvel. Para instituições em áreas mais distantes, uma antena “fala” com o satélite, que, por sua vez, conversa com o backbone e envia dados até o servidor.
No entanto, esses caminhos ainda estão longe de serem suaves para quem acessa a internet. Assim como ocorre com carros e caminhões nas rodovias brasileiras, dados não circulam com facilidade em regiões mais periféricas ou menos desenvolvidas. Nesses locais, o acesso acompanha o mapa de desigualdades visto em outros setores da sociedade: quanto mais afastada a região e menor a renda média de seus habitantes, mais escassa será a oferta de infraestrutura.
Três indicadores, que trazem recortes complementares, mostram o cenário - ineficiente - da presença da internet nas escolas:
O Censo Escolar 2015, realizado pelo MEC com a colaboração das secretarias estaduais e municipais de educação, mostra a desigualdade existente entre o ensino público e privado e entre escolas urbanas e rurais:
Pesquisa TIC Educação 2014, feita pelo Comitê Gestor da Internet (CGI.Br) com 1034 escolas, aponta que a maior parte dos acessos é feita por tecnologia DSL, que divide espaço com a transmissão de voz no cabo telefônico e, por isso, é mais sujeita a instabilidades do que a de fibra ótica:
Crédito: Base: 841 escolas que possuem conexão à Internet. Respostas múltiplas e estimuladas.
Dados coletados entre setembro de 2014 e março de 2015.
Fonte: NIC.br - set 2014 / mar 2015
O mesmo levantamento também mostra a desigualdade existente entre o ensino público e privado e entre escolas urbanas e rurais:
Crédito: Base: 841 escolas que possuem conexão à Internet. Respostas múltiplas e estimuladas
Dados coletados entre setembro de 2014 e março de 2015.
Fonte: NIC.br - set 2014 / mar 2015
O PBLE (Programa Banda Larga nas Escolas), principal via de fornecimento de acesso a internet para as escolas, foi criado somente em 2008, quando o governo mudou as regras do setor de telecomunicações e, entre outras medidas, obrigou as concessionárias de telefonia a levarem internet de pelo menos 2 Mbps ou a velocidade equivalente à melhor oferta disponível comercialmente no entorno das escolas urbanas brasileiras.
A gestão do programa é realizada conjuntamente pelo FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) e pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), em parceria com as Secretarias de Educação Estaduais e Municipais. Pelo acordo, as operadoras são responsáveis pela manutenção da banda larga nas escolas até 2025, com compromisso de ampliação periódica da velocidade de conexão.
No entanto, as velocidades ofertadas estacionaram em 2 Mbps, razão pela qual a internet na maior parte das escolas urbanas é insuficiente para uma turma inteira de alunos usar simultaneamente usar uma plataforma de aprendizado, por exemplo, para que a velocidade mínima aumente, é necessário um consenso entre a Anatel e as operadoras. Porém, a falta capacidade de fiscalização e a possibilidade de a operadora alegar “inviabilidade técnica” ou “indisponibilidade de capacidade" dificultam essa mudança.
Dados fornecidos pela Anatel (clique para baixar) a respeito da execução do programa mostram que, em março de 2016, 5.766 (8,8%) das 66.535 escolas urbanas ainda não estavam conectadas. Entre os motivos apresentados, pendências envolvendo concessionárias, MEC, FNDE ou escola lideram com 5.139 registros. Outras 627 escolas têm apenas a sinalização de "previsão" e, em 49 casos, a maioria por satélite, a conexão foi desligada.
Como o PBLE não possui orçamento próprio e as operadoras não são remuneradas pelo serviço, o ambiente não atrai investimento e nem propicia a busca por qualidade. Nas localidades mais afastadas dos centros urbanos onde não existe interesse comercial, a tendência é que empresas de telefonia façam o menor investimento possível.
Desde o ano 2000, um montante de aproximadamente R$ 19 bilhões (dados de 2015) está parado no FUST (Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações), mecanismo que e serviria justamente para socorrer regiões com cobertura deficiente.
Entretanto, o fundo alimentado por 1% da receita operacional bruta de todas as operadoras, tem sido utilizado pelo governo para outros fins.
Diante da urgência do problema, outras iniciativas estaduais e municipais tentam conectar as escolas públicas a velocidades adequadas para o uso pedagógico das tecnologias de comunicação.
As escolas rurais são atendidas majoritariamente por duas iniciativas. A primeira teve início em 2012 e impõe metas de atendimento às operadoras de telefonia móvel vencedoras de uma licitação para transmissão de dados no padrão 4G. As empresas foram obrigadas a cobrir a área rural do país, atendendo pelo menos 80% das áreas compreendidas até a distância de 30 km do limite das localidades sede de todos os municípios. O programa, no entanto, não foi colocado em prática na totalidade (veja quadro a baixo).
Fonte: Censo 2015
A segunda iniciativa se refere ao programa de conexão de áreas remotas, o GESAC (Governo Eletrônico - Serviço de Apoio ao Cidadão), executado pelo Ministério das Comunicações. O projeto busca conectar à internet telecentros, escolas, postos de saúde, comunidades indígenas, postos de fronteira militares e outras instituições, muitos das quais em áreas remotas, via satélite e por linhas fixas.
Dos serviços públicos que usam o GESAC, 3.477 são escolas, sendo 46% delas na zona urbana e 54% na zona rural, com velocidade de até 2 Mbps para download.
Para que a tecnologia ajude a impulsionar a educação pública em todo o país e a reduzir as desigualdades do sistema escolar é preciso reforçar princípios de universalidade e equidade.
Além de garantir o acesso, deve-se propiciar o uso efetivo da conectividade para todos, sem discriminação de renda, região ou localidade. Isso significa que nenhuma escola pública brasileira pode ser deixada para trás. Um tratamento diferente entre as escolas tende a reforçar as disparidades já existentes, quando o que se busca é justamente a redução das inequidades.
Para tanto, a conexão das escolas rurais e de áreas remotas, bem como em bairros periféricos de grandes e médias cidades, demanda maior atenção e investimentos por aluno em comparação às escolas de zonas urbanas de bairros mais favorecidos. Nessa mesma estratégia, municípios menores, sem infraestrutura material e com baixa capacidade de gestão, também devem receber especial atenção de gestores e reguladores.
Em iniciativas que podem servir de inspiração ao Brasil, diversos países tem estabelecido metas ambiciosas para melhora de infraestrutura de conectividade. Em comum, privilegiam a implementação de grandes redes de fibra ótica, material durável, de fácil instalação e imune a interferências, para suportar o tráfego de dados cada vez maior.
Austrália - 90% das escolas com fibra até 2019
Cingapura - já tem 99% de sua rede escolar com 1 Gpbs
Coréia do Sul - 100% de escolas com fibra em 2015
Estados Unidos - Wi-Fi de 1 Gbps em todas as escolas até 2018
Finlândia - 100 Mbps é um direito legal
Índia - 99,9% das escolas com fibra até 2020
Irlanda - já tem todas as escolas conectadas a 100 Mbps
Nova Zelândia - 99,9% dos estudantes com acesso por fibra até 2017
Uruguai - Plano Ceibal tem 41% das escolas com fibra
E por aqui, como uma situação como essas pode se tornar realidade? O Plano Técnico Conectividade nas Escolas Brasileiras propõe que a marca de 1 Gbps com Wi-Fi em todo ambiente urbano seja atingida em 2025. Isso somente será possível mediante uma ampla modernização da infraestrutura do setor de telecomunicações, com fibra ótica chegando gradativamente a todos os municípios e escolas urbanas. No caso das rurais, mesmo com o governo federal planejando um novo satélite para 2017, o aumento de tráfego logo voltará a acionar o alerta e, de novo, a fibra aparece como solução para se diminuir os custos.
Ao longo desse percurso, será necessário impôr ainda novas obrigações contratuais às concessionárias de telefonia, abrir espaço para o uso compartilhado das redes estatais que formam a espinha dorsal da internet no país e ainda permitir acesso aos troncos secundários de fibra ótica por prestadores de serviço locais para que se amplie as áreas de cobertura.
Em maio de 2016, meses após a campanha Internet na Escola, capitaneada, em 2015, por Fundação Lemann e Instituto Inspirare, reunir estudantes e profissionais de educação de todo o país para realizar testes de velocidade para avaliar a qualidade da internet nas escolas, o governo federal anunciou o Programa Brasil Mais Inteligente. A meta é levar banda larga de 78 Mbps de velocidade para 95% da população e fibra óptica para 70% dos municípios até 2018. Ainda no âmbito da mobilização, um relatório do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio apontou falhas de cumprimento das obrigações do PBLE.
COMO DISTRIBUIR O SINAL DE INTERNET?
Infraestrutura da rede elétrica
Antes de instalar a infraestrutura de rede, é preciso garantir que a rede elétrica esteja "saudável" para proteger componentes e computadores de quedas e oscilações de energia.
Quando for planejar uma rede para sua escola, diversas dúvidas precisam ser tiradas com a equipe responsável pela implantação do projeto, tais como:
Avaliar a capacidade de atendimento e ampliação dos quadros de energia;
Mapear e definir os circuitos elétricos a serem instalados;
Adotar tomadas especiais para equipamentos específicos, como armários de recarga.
Fonte: Educação no Século XXI - Fundação Telefônica
COMO DISTRIBUIR O SINAL DE INTERNET?
O tipo de transmissão de dados
Conexões por cabo demandam maior investimento e estrutura mais complexa do que o modelo sem fio. Além disso, por estarem conectados a pontos fixos, seu uso fica limitado a uma determinada sala, como um laboratório de informática. No entanto, oferecem maior segurança para o tráfego de dados e estabilidade, com menor risco de interferência de sinal.
Utilizar tubos galvanizados;
Adotar tubulações separadas para circuitos elétricos e cabos de rede;
Atentar para as distâncias máximas recomendadas para a instalação de cabeamento.
Fonte: Educação no Século XXI - Fundação Telefônica
Uma escola com conexão sem fio abre as portas para que estudantes e professores tenham contato com novas práticas pedagógicas, pois o acesso aos recursos se torna possível de qualquer lugar e em qualquer momento. Ao mesmo tempo que professores não precisarão mais disputar horários para colocar a turma diante do computador para pesquisar ou acessar objetos digitais de aprendizagem, o laboratório poderá ganhar novas funcionalidades e servir para aulas de robótica e prototipagem, por exemplo.
Observar a correta distribuição geográfica dos pontos de acesso para permitir a cobertura de sinal desejada;
Garantir que a quantidade e a posição dos equipamentos esteja de acordo com os diversos ambientes a serem atendidos, incluindo os obstáculos que interferem no sinal (paredes, lajes, caixas-d’água, estruturas de alumínio/metálicas);
Ficar de olho na capacidade de atendimento dos equipamentos para não criar gargalos quando todos os alunos de uma sala precisarem se conectar simultaneamente;
Pesquisar o número de dispositivos já existentes e levar em conta o aumento em um futuro próximo;
Assim como é recomendado para o link de internet, escolher os equipamentos para distribuir o sinal de porte comercial, portanto, melhores que aqueles de uso residencial.
Fonte: Educação no Século XXI - Fundação Telefônica
COMO DISTRIBUIR O SINAL DE INTERNET?
Em quais ambientes o sinal estará disponível
Levar o sinal para a parte administrativa da escola é apenas o começo de um plano de conectividade. Na maioria das escolas brasileiras, a internet é usada somente nessas salas e isso ajuda a explicar por que quase 60% dos estudantes de escolas públicas não utilizam a internet em atividades durante as aulas, como mostrou a pesquisa TIC Educação 2014. Uma vez que a conectividade ultrapasse essa barreira, seja via cabo ou Wi-Fi, a gestão precisa criar regras de proteção, separando usuários para restringir acesso a dados financeiros da escola e pessoais dos alunos. Essas camadas de segurança, no entanto, precisam estar balanceadas para não prejudicar a velocidade da conexão que deve chegar à área pedagógica.
Uma escola que decida colocar internet em apenas um laboratório, com no máximo 40 computadores, não precisa de um grande investimento. Se a opção for por cabo, é necessário ter um ponto para cada computador. Entretanto, esta opção apresenta uma vantagem, uma vez que mesmo os switches (equipamentos que interligam os computadores e o servidor) mais comuns vão conseguir atender à demanda. No caso de uma rede sem fio, um equipamento doméstico não dará conta de distribuir dados para 40 computadores. Porém, a ausência de cabos vai permitir remanejar os computadores e formar grupos de acordo com a necessidade pedagógica.
Quando o objetivo é conectar todas as áreas, uma boa política de uso é decisiva. Por exemplo, de nada adianta impor um filtro muito restrito para vídeos, sendo que boa parte dos recursos como videoaulas estão em canais do YouTube. Também é possível classificar a prioridade que um site específico receberá de acordo com seu valor pedagógico.
Outra possibilidade é restringir o acesso por horário, liberando a rede para os alunos até a última aula, e tirando o acesso a servidores da instituição. Também pode-se privilegiar o sinal para salas durante as aulas e, depois, nos intervalos liberá-lo nos outros ambientes.
Na Escola Municipal de Ensino Fundamental Desembargador Amorim Lima, que faz parte do projeto Escolas que Inovam, da Fundação Telefônica, a internet está disponível em todos os ambientes, estratégia que vai ao encontro da filosofia da instituição. Desde 2003, a escola não separa os alunos por série, não aplica provas e tem um currículo flexível.
Ana Elisa Siqueira, diretora da Escola Municipal de Ensino Fundamental Desembargador Amorim Lima (São Paulo - SP)
"Aqui na escola, a gente tem a rede da prefeitura para a parte administrativa, de 8 Mbps, e a rede do projeto Escolas que Inovam, da Fundação Telefônica, que possibilita 100 Mbps exclusivamente para o pedagógico. Antes do projeto, os 8 Mbps eram divididos entre a parte pedagógica e a administrativa. Não funcionava quase nada e a sala de informática era um caos. Aliás, sala de informática é um modelo muito bobinho de pensar a tecnologia. Ter o sinal em toda escola permitiu à professora de matemática construir um trabalho com o uso do celular dos alunos. Em roteiros de pesquisa, cada criança consegue subir seu filme na página da plataforma pedagógica. Se faz um desenho e quer usar o scanner, isso pode ser feito dentro do espaço de aula."
COMO DISTRIBUIR O SINAL DE INTERNET?
Como os equipamentos de infraestrutura de rede serão adquiridos
O ProInfo (Programa Nacional de Tecnologia Educacional) é um dos programas do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) e, dentro dele, há projetos para compra, distribuição e instalação de laboratórios de informática em escolas públicas de educação básica. Em contrapartida, prefeituras e governos estaduais devem providenciar a infraestrutura das escolas, indispensável para que elas recebam os computadores.
Os kits oferecidos para montagem de laboratórios em escolas urbanas e rurais são diferentes. No urbano, o pacote disponível é um pouco maior, com nove CPUs para serem compartilhadas por 19 alunos, um servidor multimídia, roteador para conexão sem fio e impressora a laser, dentre outros itens. No rural, inclui apenas uma CPU, que é compartilhada entre cinco alunos, e a impressora é a jato de tinta.
Para solicitar o laboratório do ProInfo, o estado ou o município interessado deve se cadastrar no Sistema Geral de Ata de Registro de Preços - SIGARP - e aderir à Ata de Registro de Preços do FNDE. Segundo o órgão, a última ata foi cadastrada em novembro de 2014 e esteve disponível até o mesmo mês de 2015.
menor burocracia
dependência de novas atas; pouca possibilidade de escolha de configurações
O aluguel surge como alternativa quando secretarias se veem diante de um parque de equipamentos em que a manutenção é inviável seja por falta de peças ou pelo alto custo de aquisição das mesmas. Para contratar a empresa que vai prestar o serviço, é necessário realizar uma licitação na modalidade pregão (ver quadro abaixo).
serviço de atendimento e manutenção mais fácil
alto custo; processo burocrático
Recursos do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), que presta assistência financeira suplementar, podem ser usados para escolas adquirirem equipamentos de rede, como roteadores e pontos de acesso. Segundo o FNDE, na prestação de contas deve-se justificar que tais equipamentos são indispensáveis para a escola e que terão uso coletivo dos alunos. Para mais informações, visite apágina de perguntas frequentes no site do FNDE.
escola tem autonomia para decidir o que comprar
prestação de contas ao FNDE; equipamento deve ter plaqueta com número patrimonial; fiscalização de gastos pela comunidade escolar
Para realizar aquisições e contratações, os órgãos federais, estaduais ou municipais da administração pública devem obedecer um dos modelos previstos na legislação, conforme a finalidade da contratação ou o tipo de produto a ser obtido. Os modelos disponíveis hoje são:
Concorrência
Lei no 8.666/93
FINALIDADE
Licitação entre quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto.
CARACTERÍSTICAS
Critério:
Valor de contratação:
Tomada de Preço
Lei no 8.666/93
FINALIDADE
Licitação entre interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária qualificação.
CARACTERÍSTICAS
Critério:
Valor de contratação:
Convite
Lei no 8.666/93
FINALIDADE
Licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de três pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das propostas.
CARACTERÍSTICAS
Critério:
Valor de contratação:
Pregão
Lei no 10.520/2002
FINALIDADE
Licitação para aquisição de bens e serviços comuns (aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no mercado).
CARACTERÍSTICAS
Critério:
Ordem do procedimento:
Valor de contratação:
Fonte: Compras de tecnologia e inovação pelos órgãos públicos de educação: análise de entraves e propostas para aquisição - Internetlab - 2015
possibilidade de escolha de cada equipamento de acordo com a necessidade
processo burocrático
QUAIS EQUIPAMENTOS SERÃO USADOS?
Quais dispositivos alunos e professores vão usar (móveis ou desktop)
O conjunto com CPU, monitor LED de 15 a 20 polegadas, mouse e teclado padrão é o mais comum para os laboratórios de informática. Com muitos cabos, o desktop é mais difícil de ser transportado entre diferentes salas da escola. Entretanto, são mais flexíveis na hora de atualizar componentes como disco rígido e memória e os modelos mais modernos integram a CPU à tela, economizando espaço sobre a mesa.
ergonomia; manutenção mais fácil
consumo maior de energia; dificultam o ensino personalizado e a reorganização do espaço de aula
Equipamento leve, com tela sensível ao toque e bateria com maior autonomia do que a dos notebooks. Fica pronto para o uso segundos após ser ligado, o que ajuda em atividades rápidas, como anotações, fotos ou vídeos. Como o sistema operacional é diferente, as ferramentas comuns para computadores nem sempre estão disponíveis e podem demandar uma nova compra.
preço mais acessível; interface simples; peso menor; mais fáceis de ser usados por crianças; bateria com maior autonomia
tela pequena dificulta a criar conteúdo; incompatíveis com alguns recursos digitais; impossível ampliar memória
Menos portáteis do que tablets, os notebooks têm tela maior, processador mais rápido e teclado mais confortável que netbooks, além de leitor e gravador CD/DVD. Alguns modelos possuem sistema operacional baseado em ferramentas na nuvem, que liberam mais espaço no disco rígido. Por oferecerem mais opções de conectividade, podem ser especialmente úteis para professores.
união de portabilidade e desempenho; teclado facilita produção de conteúdo; compatíveis com a maioria dos recursos digitais
bateria com menos autonomia; maiores e mais pesados que tablets; mais caros que tablets e netbooks
Chegaram ao mercado em 2008, mas hoje dividem a atenção com os tablets nos programas de distribuição de dispositivos para alunos. São mais leves que notebooks, em geral têm telas de 10 ou 12 polegadas e consomem pouca energia. Entretanto, tem desempenho mais fraco.
menores e mais leves que notebooks; cabem na mochila de crianças; aceitam diferentes tipos de conexão: Wi-Fi, Bluetooth, USB e cabo de rede
tamanho da tela dificulta produção de conteúdo; teclado não tem tanto espaço quanto o de um notebook; impossível fazer grandes melhorias de hardware
Para ajudar a transformar a experiência de aprendizado, a estratégia conhecida como "Traga seu próprio dispositivo" incentiva que alunos tragam à escola seus celulares, notebooks e tablets para uso em atividades pedagógicas. A medida pode ser usada tanto como alternativa ou como complemento para os equipamentos oferecidos pela escola.
potencial de engajar alunos; apoio ao ensino mais autônomo e personalizado; diminui custos nas escolas
exige maior conhecimento técnico de professores; pode criar desigualdade de oportunidades em sala de aula; leis municipais e estaduais vetam celular durante a aula
Armazenar arquivos em um servidor local, tanto para o uso do laboratório de informática ou mesmo em notebooks compartilhados entre diversos alunos. Isso evita que um aluno comece a fazer um trabalho em um determinado dia e não encontre o arquivo na próxima aula, ou por não localizar o computador ou porque foi apagado acidentalmente por outra pessoa. Com esse dispositivo, alunos e professores conseguem usar qualquer computador e salvar em um mesmo local na rede.
QUAIS EQUIPAMENTOS SERÃO USADOS?
Como e onde os dispositivos serão oferecidos
Mesmo que a rede sem fio chegue somente ao laboratório, a melhor forma de equipá-lo é com dispositivos móveis. O preço é quase o mesmo que o de computadores desktop e as vantagens são evidentes. Se for necessário formar grupos ou mudar de sala, um notebook é transportado com facilidade sempre que professor ou aluno desejarem, enquanto o desktop pode exigir a reinstalação das tomadas e um maior conhecimento técnico para conectar os cabos.
solução mais barata para conectividade
desktops dificultam reorganização do espaço físico; dispositivos móveis demandam maior administração do uso
À medida em que a escola opta por dispositivos móveis, sejam eles tablets, notebooks ou netbooks, o carrinho móvel aparece como alternativa ao tradicional laboratório de informática. Esses pequenos armários com rodinhas podem ser transportados pelo professor para diferentes ambientes da escola, mesmo aqueles com uma só tomada disponível. Além de recarregar as baterias e servir para guardar os dispositivos, os carrinhos facilitam a integração do aluno e do professor com a tecnologia.
permite uso da tecnologia em diferentes ambientes; facilita a recarga dos dispositivos
formação docente para tecnologia em sala de aula; piso irregular ou escadas dificultam o transporte
Nas escolas de ensino médio do Rio Grande do Sul, professores e alunos têm os carrinhos móveis à disposição para acessar a internet em sala de aula. A maior parte dos 1.200 armários foi entregue durante a gestão anterior, mas os notebooks (cerca de 25.000) para completar todas as prateleiras só chegaram às escolas em 2015. Cada unidade de ensino possui uma ou duas unidades com 35 notebooks, o que corresponde à média de alunos em uma sala.
Magda Motta, coordenadora de TI da secretaria de educação do Rio Grande do Sul
"Os armários móveis servem para recarregar e armazenar notebooks e tablets. Eles ainda têm um sensor que faz o autodesligamento quando as baterias estão cheias. É muito simples e interessante tanto para o professor quanto para o aluno, que conseguem trabalhar com netbooks educacionais em sala de aula tanto em atividades online quanto off-line. Em vez de levar alunos até o laboratório, você torna o laboratório itinerante. Como qualquer equipamento, depende muito do uso que o professor faz".
Com o barateamento dos dispositivos móveis, o modelo Um Computador por Aluno surgiu como alternativa à implantação de laboratórios fixos. Sua adoção foi impulsionada pela organização OLPC (“One Laptop per Child”, ou Um Computador por Aluno, em português) de Nicholas Negroponte, físico do MIT, com o apoio de empresas de tecnologia. O ícone da iniciativa foi o XO, um computador portátil de US$ 100 robusto o suficiente para aguentar a rotina do aluno. No Uruguai, os XO são popularmente chamados de ceibalitas e podem ser levados para casa. A chegada dos computadores XO também trouxe um impacto social: o índice de famílias de baixa renda com computador em casa cresceu de 5% para 76% de 2006 a 2013. No Brasil, uma das experiências mais relevantes, com notebooks Classmates, acontece em Piraí (RJ).
Em Piraí, a estratégia de Um Computador por Aluno funciona desde 2009 e nasceu de uma iniciativa de política pública em parceria com empresas, entidades da sociedade civil e universidades. Com a distribuição dos notebooks Classmate (que hoje ficam na escola), a formação de professores passou a ter foco em solucionar desafios da sala de aula via tecnologia, e não nas ferramentas de informática. Relatórios sobre o uso dos Classmates (sites e programas acessados, tempo de navegação, disciplinas que mais usam) são usados para planejar estratégias pedagógicas. A última compra de equipamentos foi feita em 2009 e a própria equipe da secretaria cuida da manutenção.
"A gente mantém um Computador por Aluno como uma política pública desde 2009. A secretaria de educação trabalha com a parte pedagógica e recebe o suporte da secretaria de ciência e tecnologia. Temos internet em todos os ambientes das escolas e, quando os computadores Classmate não estão sendo usados, ficam protegidos em armários. É uma pena que a liberação para o aluno levar o computador para casa não tenha dado certo [a experiência durou seis meses em 2012 e foi cancelada por conta do aumento nos custos de manutenção], apesar do envolvimento das famílias e da possibilidade de usar em casa porque temos 30 bairros com internet sem fio gratuita. Mesmo assim, continuamos com o programa funcionando nas escolas".
maior integração entre aluno e a tecnologia.
formação de professores; aumento nos custos e estrutura de manutenção.
QUAIS EQUIPAMENTOS SERÃO USADOS?
Como os equipamentos serão adquiridos
O ProInfo (Programa Nacional de Tecnologia Educacional) programa do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) para compra, distribuição e instalação de laboratórios de informática em escolas públicas de educação básica também oferece atas específicas para equipamentos como tablets, notebooks educacionais e impressoras.(contrapartida)
Para solicitar o laboratório do ProInfo, o estado ou o município interessado deve se cadastrar no Sistema Geral de Ata de Registro de Preços - SIGARP - e aderir à Ata de Registro de Preços do FNDE. Segundo o órgão, a última ata para tablets foi cadastrada em novembro de 2014 e esteve disponível até o mesmo mês de 2015.
menor burocracia
dependência de novas atas; poucas opções de configurações
Assim como acontece com equipamentos para infraestrutura de rede, o aluguel de dispositivos é uma alternativa para secretarias com muitos equipamentos em que a manutenção é inviável, seja por falta de peças ou pelo alto custo de aquisição das mesmas. Para contratar a empresa que vai prestar o serviço, é necessário realizar uma licitação na modalidade pregão (ver quadro abaixo).
serviço de atendimento e manutenção facilitados
alto custo; processo burocrático
Gestores também podem usar recursos do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) para aquisição de dispositivos como computadores, tablets e impressoras, bem como seus suprimentos. O programa tem por finalidade prestar assistência financeira, em caráter suplementar, às escolas públicas da educação básica das redes municipais, estaduais e do Distrito Federal e às escolas privadas de educação especial mantidas por entidades sem fins lucrativos, registradas no Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) como beneficentes de assistência social, ou outras similares de atendimento direto e gratuito ao público. Para mais informações, visite a página de perguntas frequentes no site do FNDE.
escola tem autonomia para decidir o que comprar
prestação de contas ao FNDE; equipamento deve ter plaqueta com número patrimonial; fiscalização de gastos pela comunidade escolar
Para a compra de dispositivos, valem as mesmas regras para aquisições relacionadas a equipamentos de infraestrutura de rede. Os órgãos federais, estaduais ou municipais da administração pública devem obedecer um dos modelos previstos na legislação, conforme a finalidade da contratação ou o tipo de produto a ser obtido. São eles:
flexibilidade para escolha de cada equipamento
processo burocrático
Concorrência
Lei no 8.666/93
FINALIDADE
Licitação entre quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto.
CARACTERÍSTICAS
Critério:
Valor de contratação:
Tomada de Preço
Lei no 8.666/93
FINALIDADE
Licitação entre interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária qualificação.
CARACTERÍSTICAS
Critério:
Valor de contratação:
Convite
Lei no 8.666/93
FINALIDADE
Licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de três pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das propostas.
CARACTERÍSTICAS
Critério:
Valor de contratação:
Pregão
Lei no 10.520/2002
FINALIDADE
Licitação para aquisição de bens e serviços comuns (aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no mercado).
CARACTERÍSTICAS
Critério:
Ordem do procedimento:
Valor de contratação:
Fonte: Compras de tecnologia e inovação pelos órgãos públicos de educação: análise de entraves e propostas para aquisição - Internetlab - 2015
Fundações e associações também podem ajudar escolas a receber equipamentos, porém cada esfera do poder público (governo federal, estados ou municípios) possui regras próprias.
Fundações e associações também podem ajudar escolas a receber equipamentos, porém cada esfera do poder público (governo federal, estados ou municípios) possui regras próprias. O procedimento começa com a abertura de processo administrativo e a análise, por parte da administração pública, de sua conveniência, utilidade e oportunidade para o recebimento da doação. Se o resultado for positivo, a autoridade competente deve expressar formalmente que aceitou a doação e declarar os valores dos bens e serviços recebidos.
Doações em dinheiro devem ser feitas, preferencialmente, por meio de um fundo público, como o Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente. O setor de educação também abre outra possibilidade, como o repasse a por meio das Associações de Pais e Mestres (APM), instituições privadas criadas com vocação institucional de apoio às escolas. Quando bem organizadas e com gestão competente, são um meio mais flexível a ser utilizado.
baixo ou nenhum investimento
necessidade da escola deve ser prioridade
QUAIS EQUIPAMENTOS SERÃO USADOS?
Como escolher o mobiliário para o uso dos equipamentos
O uso de tecnologia na educação também passa pelo planejamento e a reorganização do espaço físico. A disposição dos ambientes e o mobiliário escolar são elementos que servem de apoio para o processo de ensino e aprendizagem.
Na rede pública de ensino, os mobiliários são selecionados por meio de uma concorrência pública, em que os fornecedores garantem a produção e a entrega dos itens solicitados. O FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) é o responsável por renovar e padronizar os móveis escolares de todo o país, seguindo especificações e dimensões inseridas em normas técnicas brasileiras, como ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia Normalização e Qualidade Industrial).
Não existem fórmulas prontas para a escolha dos mobiliários. A concepção dos espaços deve estar alinhada ao projeto pedagógico da escola.
A sala de aula deve oferecer infraestrutura para o uso de netbooks e tablets. Se uma instituição irá trabalhar com a proposta de um dispositivo por aluno, por exemplo, é importante prever locais adequados para armazenar e carregar os dispositivos. Também é necessário considerar que os mobiliários devem permitir a reorganização do espaço de acordo com as atividades propostas.
As superfícies de trabalho não podem ser muito pequenas, como uma carteira tradicional. Devem proporcionar espaço para um tablet ou netbook, além de outros materiais, como um caderno.
São versáteis e permitem reorganizações na estrutura da sala. Com formas que se encaixam, elas montam diferentes estações e facilitam a interação durante trabalhos em grupo.
Os mobiliários leves permitem mudanças rápidas no posicionamento da sala de aula.
Para as escolas que não dispõem de um dispositivo por aluno e concentram o uso de tecnologia em apenas uma sala, a arquiteta e pesquisadora Beatriz Goulart, especialista em projetos que integram espaços educacionais, sugere a criação de ambientes multimídia, ao invés do tradicional laboratório de informática. Nesse espaço os alunos podem trabalhar de forma integrada com os computadores, ao mesmo tempo em que estão em contato com múltiplas linguagens, como fotografia, literatura e artes manuais.
Como será feita a manutenção?
O modelo de atendimento e suporte técnico
A estrutura da própria secretaria de educação é responsável por atender aos chamados e fazer os reparos em computadores e sisistemas. Em caso de reposição, é necessário licitar a compra do novo equipamento.
custo menor que o terceirizado; maior integração com a área pedagógica
em caso de quebra ou problema irreversível, a compra de um novo equipamento pode levar tempo porque envolve licitação; necessidade de investir em formação de equipe
Em Joinville, o serviço de manutenção fica por conta de uma equipe própria chefiada pelo Núcleo de Tecnologia Municipal. Na rede de 150 escolas, somente serviços temporários, como instalação de redes e de computadores são terceirizados. Em cada escola municipal existe um "facilitador de mídias", nome dado a um professor ou funcionário da administração capacitado para analisar as demandas. Em caso de reparos, essa pessoa encaminha para o fornecedor o equipamento que estiver dentro do prazo de garantia. Se o produto for mais antigo, técnicos da própria secretaria são incumbidos de realizar o serviço.
Roque Mattei, ex-secretário de educação de Joinville (SC)
"Em Joinville, a gente centralizou no núcleo para ter controle do que está acontecendo. Já havia uma equipe de TI e trouxemos uma outra de educadores para trabalhar o bom uso e o cuidado com o equipamento, de modo que a manutenção fosse a menor possível. O professor ou o aluno podem levar o equipamento para casa e, quando há algum problema, uma equipe interna da escola faz o primeiro atendimento e se comunica com a secretaria, a base. A partir daí são feitas avaliações e, dependendo do caso, é fornecido um conjunto reserva".
A Secretaria de Educação de Rondônia divide as tarefas entre uma equipe baseada na secretaria da educação, responsável pelas máquinas da parte administrativa, e outra, das regionais, que cuida dos equipamentos dos laboratórios. Na capital Porto Velho, o atendimento é feito em até 24 horas. No interior, em razão das distâncias e da eventuais viagens de barco, a solução pode demorar até 10 dias (Vilhena, ao sul do estado, fica a 700 km da capital Porto Velho).
Pedro Aurélio Figueiredo, coordenador de TI da Secretaria de Educação de Rondônia
"Cada escola tem de cinco a sete equipamentos na parte administrativa e a manutenção centralizada em Porto Velho. Como a quantidade de máquinas de laboratórios é muito superior, temos 18 regionais para esse tipo de atendimento. Isso não quer dizer que em casos de urgência eles não possam atender a parte administrativa e vice-versa".
Uma equipe da secretaria coordena e fiscaliza a execução, feita por uma empresa terceirizada, que também deve repor equipamentos com defeitos irreparáveis.
maior alcance; atendimento mais rápido; uso de dados para a tomada de decisão
fiscalização dos serviços; prestação de contas das terceirizadas.
A Secretaria de Educação de Pernambuco saiu de um modelo em que uma equipe própria com 18 pessoas cuidava da rede de aproximadamente 1000 escolas para adotar, em 2012, junto com os demais órgãos do estado, uma central única que aciona técnicos terceirizados. Para cuidar do parque de computadores, um primeiro nível de atendimento registra a ocorrência e resolve dúvidas de uso e recebe retorno dos usuários no momento de fechar o chamado. Se necessário, o segundo nível envia um técnico a campo. Caso o problema estiver relacionado à configuração de internet ou segurança de rede, é enviado um especialista. Nesse desenho, o atendimento pode demorar de quatro a 12 horas, dependendo da região do estado e do tipo de serviço necessário.
Hector Paulo de Lima Oliveira, gerente de suporte e tecnologia educacional da secretaria de educação de Pernambuco
"Só pelo simples fato de não centralizar na secretaria de educação, já se ganha tempo. As empresas acabam criando estruturas distribuídas pelo estado todo e mantêm uma equipe fixa em uma região em que existem muitos chamados. Com a central de serviços, tenho tudo passando por um mesmo local, consigo analisar indicadores e dizer qual é a escola com mais problemas de internet, de manutenção de computadores. Essas informações são importantes para a tomada de decisão e para saber onde trabalhar a compra de computadores e investir em manutenção".
A secretaria de educação transfere recursos financeiros e dá autonomia para a escola contratar o serviço de manutenção.
burocracia simplificada; atendimento mais rápido
dificuldade em avaliar o atendimento; falta de padrão de qualidade
Para agilizar o atendimento às escolas, Alagoas decidiu descentralizar o serviço de manutenção de sua rede (veja detalhes da portaria 1.391/2016). O governo envia mensalmente uma verba (que pode chegar a R$ 10.000) para compra de link de internet, reparo, troca e reposição de hardware e atualização de programas. Para receber o benefício, as escolas precisam estar com as contas em dia e o prestador deve emitir nota fiscal.
Thiago Cardoso, gerente de infraestrutura de TI da secretaria de educação de Alagoas
"O nosso contrato era centralizado com terceirizada. Após análise, vimos que não estava de acordo com o padrão que gostaríamos e acabamos repassando o dinheiro direto para as escolas. Para que elas recebam um atendimento mais personalizado, recomendamos que as escolas contratem empresas de sua região, e não aquelas que já tenham muitos contratos com a secretaria."
O Porvir ouviu as duas secretarias estaduais para entender como estratégias, processos e modelos de compra e de manutenção são traduzidos em um plano de tecnologia para educação.
Como governos e escolas no Brasil e no exterior prepararam sua infraestrutura e aplicam novas metodologias em sala de aula.
O Plano Ceibal, lançado em 2007, distribuiu um computador portátil para cada aluno e cada professor de todas as escolas públicas do país. O projeto, além de levar novas ferramentas de aprendizagem para os estudantes, contribuiu para a inclusão digital das famílias mais pobres. Simultaneamente, instalou internet e rede WI-FI em todas as escolas públicas.
Iniciativa da organização OLPC (“One Laptop per Child”, ou Um Computador por Aluno, em português), que inspirou o Plano Ceibal. Criado por Nicholas Negroponte, físico do MIT, com o apoio de empresas de tecnologia, desenvolveu o XO, um laptop de US$ 100 robusto suficiente para aguentar a rotina do aluno. No Uruguai, os XO são popularmente chamados de ceibalitas e podem ser levados para casa.
Distribuição de computadores abriu espaço para colaboração entre alunos, professores e famílias.
Índice de famílias de baixa renda com computador em casa cresceu de 5% para 76% de 2006 a 2013.
Computadores e conectividade tornaram possível realização de aulas a distância, adoção de livros digitais e uso de plataforma adaptativa de matemática.
Avaliações nacionais passaram a ser feitas de forma digital, e os resultados são obtidos em tempo real.
Onde:
Uruguai
Rede:
2656 escolas públicas
Computadores distribuídos:
1.300.877 (2007-2014)
Velocidade de conexão nas escolas:
10 Mbps
Escolas com Wi-Fi:
99,2%
Escolas com videoconferência:
88,6% das urbanas
Mobilização leva o governo do presidente Barack Obama a mexer em fundos de telecomunicações e, com apoio de empresas de tecnologia, lançar o programa ConnectED, que levará conexão Wi-Fi de 1 Gbps para todas as salas de aula até 2018. Ao mesmo tempo, o governo tem promovido encontros de líderes e empreendedores para refinar o ecossistema de tecnologias educacionais.
Com internet de alta velocidade e rede Wi-fi em todas as escolas e bibliotecas, estudantes têm oportunidade de realizar simulações interativas, utilizar ferramentas de colaboração e produzir conteúdos multimídia. Essas soluções permitem melhorar a comunicação com pais de forma digital, promover ensino personalizado, usar a tecnologia para acabar com a inequidade e ajudar a apoiar crianças com problemas de acessibilidade.
Empresas como Adobe, Apple, AT&T, Autodesk, Coursera, edX, Microsoft e Sprint, prometeram investir US$ 2 bilhões em equipamentos e recursos digitais.
O programa inclui formação de professores, recursos digitais e fomento ao ecossistema de empreendedores na educação.
Líderes regionais tem encontros com representantes do governo sobre políticas de privacidade e para compra de dispositivos e softwares.
Onde:
Estados Unidos
Estados:
50
Escolas envolvidas:
30 mil
Estudantes envolvidos:
14 milhões
Investimento do governo:
US$ 8 bilhões
Investimento de empresas:
US$ 2 bilhões
Projeto de infraestrutura capitaneado pelas Forças Armadas pretende passar cerca de 8 mil quilômetros de fibra ótica por dentro dos rios do Amazonas e levar internet de alta velocidade a 52 municípios. Com isso, todos os alunos de comunidades ribeirinhas e cujo único acesso ocorre pelo rio poderão aprender por videoconferência (o que já acontece em menor escala) e fazer uso de plataformas pedagógicas. Além disso, a conexão vai facilitar o treinamento de professores das comunidades e dar voz à população local.
Em locais onde não há rodovias e é difícil criar infraestrutura de internet por terra, como é o caso do Amazonas, a rede subfluvial torna-se uma alternativa às conexões por satélite, caras e limitadas. A fibra ótica usada pesa uma tonelada por quilômetro, cai no leito do rio e acaba soterrada naturalmente com o tempo. Essas redes tem potencial de proporcionar o uso de recursos digitais para o aprendizado, assim como permite que alunos e professores de áreas remotas possam produzir seus próprios conteúdos e relatos de suas realidades.
Programa vai levar conexão rápida a 240 mil alunos que têm hoje acesso a no máximo 512 kbps de velocidade. Com isso, a experiência de uso de tecnologia deixará de ser coletiva, e os estudantes poderão explorar, sozinhos, os recursos digitais.
Projeto vai suprir carências de professores em áreas isoladas.
Professores de comunidades locais terão acesso a conteúdos didáticos e treinamentos online.
Onde:
Amazonas
Rede (municipal e estadual):
5247 escolas e 1.071.233 alunos
Escolas já conectadas:
23% (1.214 escolas)
Escolas com banda larga:
13% com banda larga (708 escolas)
Velocidade atual de conexão nas escolas:
512 Kbps
Com infraestrutura insuficiente para acompanhar a digitalização de serviços públicos, entre eles a educação, o Ceará investiu em um projeto para conectar 49 cidades em um cinturão digital com alta velocidade via fibra ótica. Superando a conexão de 1 e 2 Mbps oferecida pelo Plano Banda Larga nas Escolas, o estado já tem 138 escolas que contam com uma velocidade de 60 Mbps.
Os cabos de fibra ótica permitem transmitir dados em alta velocidade. Essa tecnologia garante uma conexão mais estável e consegue levar sinal digital para longas distâncias, possibilitando que as escolas aproveitem de forma plena recursos educacionais digitais, como videoaulas, cursos online e plataformas de aprendizado.
Acesso à internet rápida em escala estadual judou na digitalização de serviços públicos, entre eles a educação.
Fibra ótica tornou possível a inclusão digital de municípios no interior do estado.
Alta velocidade de conexão permite melhor aproveitamento dos recursos educacionais disponíveis na rede.
Onde:
Ceará
Cidades conectadas:
49
Rede estadual:
707 escolas
Escolas conectadas com alta velocidade:
138
Velocidade de conexão:
60 Mbps
Projeto Cidade Digital instalou rede de wi-fi gratuito em praças, prédios públicos - incluindo todas as escolas das zonas urbana e rural - e em quase todos os bairros, para moradores cadastrados. Na rede pública de ensino, os alunos receberam notebooks (classmates) de baixo custo, e os professores realizam formações para usar a tecnologia como ferramenta para ampliar a aprendizagem dos alunos.
Iniciativa de política pública em parceria com empresas, entidades da sociedade civil e universidades focada no desenvolvimento de uma área urbana por meio da inclusão digital e do direito à informação e à comunicação. Para criar uma cidade digital é necessário implantar infraestrutura, serviços e acesso público ao uso de novas tecnologias, de forma que as ferramentas digitais tornem-se uma extensão natural do modo de vida dos cidadãos.
Acesso grátis à internet rápida em larga escala no município popularizou o uso da tecnologia em todas esferas públicas, inclusive nas escolas.
Alunos receberam notebooks chamados classmates e devem se responsabilizar pelo uso deles para fins pedagógicos.
Formação de professores teve foco em solucionar desafios da sala de aula via tecnologia, e não nas ferramentas de informática.
Relatórios sobre o uso dos classmates (sites e programas acessados, tempo de navegação, disciplinas que mais usam) são usados para planejar estratégias pedagógicas.
Onde:
Piraí (RJ)
Habitantes:
27 mil
Residências com acesso à internet gratuito:
14.440 (Jan/2015)
Escolas conectadas:
20
Velocidade de conexão nas escolas:
20 Mbps
Escolas com Wi-Fi:
100%
Computadores distribuídos:
5.500 classmates; 500 laptops (um para cada professor da rede)
Projeto Escola.com distribuiu 4200 netbooks para as escolas da rede municipal. Com um plano progressivo de inclusão da tecnologia na sala de aula, a cidade paranaense investiu na formação de professores e na produção dos próprios recursos educacionais. Para ampliar o alcance e reduzir custos, a rede apostou no uso de software livre e investiu em servidores locais nas escolas.
O uso de redes locais ajuda escolas que precisam lidar com conexões de baixa velocidade (2 Mbps). Antes de começar a aula, os professores armazenam todos os conteúdos em um servidor e os alunos podem acessar esses materiais diretamente da rede local, evitando a que a conexão caia durante o desenvolvimento das atividades.
Uso de servidores locais permite evitar a perda de conexão durante a aula.
Formação de professores para o uso de tecnologia em sala de aula acontece em horário de trabalho para incentivar a participação.
Adoção do software livre reduziu custos do projeto, que ainda investiu no desenvolvimento de recursos educacionais próprios.
Alunos ganham os netbooks quando terminam o quinto ano, enquanto a secretaria investe na compra de novos equipamentos para as turmas ingressantes.
Onde:
Cascavel (PR)
Cidades conectadas:
61 escolas municipais
Habitantes:
309.259
Computadores distribuídos:
4200
Velocidade de conexão nas escolas:
2 Mbps
Escolas com Wi-Fi:
90%
A recuperação deixou de ser um motivo de chateação para os alunos da Escola Estadual Orígenes Lessa. Desde o ano passado, eles utilizam a plataforma Currículo + (versão da Escola Digital personalizada para Secretaria de Educação do Estado de São Paulo) nas aulas de reforço das disciplinas de português e matemática. As atividades acontecem no laboratório de informática, que se tornou um dos espaços mais disputados da escola.
Na realidade de muitas escolas, o laboratório de informática ainda é o único espaço que dispõe de infraestrutura com computadores e acesso à internet. Muitas vezes, o número de equipamentos não é suficiente para a quantidade de alunos, mas os professores organizam atividades em duplas ou dividem a classe em grupos e fazem um revezamento para utilizar a sala.
Objetos Digitais de Aprendizagem aumentam o engajamento dos alunos e apoiam aulas de reforço de português e matemática.
Trabalho com as turmas de reforço no laboratório permite que o professor dê atenção individual para alunos.
Para atender mais alunos, escola promove compartilhamento de computadores no laboratório, que se tornou um dos espaços mais disputados da escola.
Onde:
EE Orígenes Lessa (Diadema-SP)
Etapa:
Ensino Fundamental e Médio
Velocidade de conexão na escola:
4 Mbps
Sinal de Wi-Fi:
Não
Computadores:
18
Recursos acessados:
Escola Digital, Currículo+ e Aventuras do Currículo+
Alunos do 4o ano do ensino fundamental de Indaial (SC) estão aprendendo junto com colegas de outros estados. A interação acontece por meio de videoconferências. Envolvidos com um projeto sobre animais em extinção, os alunos estão mapeando espécies ameaçadas em seus estados para apresentarem aos colegas de outras escolas.
Com bases construtivistas e sociointeracionistas, essa metodologia faz com que os alunos construam seus conhecimentos coletivamente a partir da interação com os pares e também com o professor. A aprendizagem colaborativa não está restrita ao uso da tecnologia, porém, o computador potencializa esse processo. Com redes sociais e serviços de mensagens instantâneas, por exemplo, os alunos podem interagir, compartilhar informações e construir trabalhos de forma colaborativa, ultrapassando as barreiras de tempo e espaço.
Alunos conhecem e conseguem interagir e aprender com colegas de outras escolas e lugares do país.
Alunos podem ter contato com especialistas via videoconferências.
Alunos se envolvem mais em atividades, quando expõem seus trabalhos para outros públicos.
Metodologia incentiva alunos a pesquisarem conteúdos e utlizarem redes sociais para fins educativos.
Onde:
Colégio Municipal de Indaial (Indaial-SC)
Etapa:
Ensino Fundamental 1
Disciplina:
Multidisciplinar
Tamanho da turma:
21 alunos
Velocidade de conexão:
10 Mbps
Sinal de Wi-Fi:
Instável
Materiais utilizados:
13 computadores e projetor, cartolinas, revistas, lápis de cor, livros.
A Playmaker School aposta na experimentação como maior ferramenta de aprendizado. Jogos e tecnologia de ponta são usados como estímulo à curiosidade, à colaboração e ao pensamento criativo durante as aulas, que incluem atividades em simuladores, discussões e projetos. Cada estudante recebe um Mapa da Aventura, que serve como um indicador de seu progresso durante o ano letivo
A gamificação é a integração dos elementos dos jogos, como níveis, badges e competição, ao currículo. O objetivo é criar uma motivação intrínseca, em que o aprendizado acontece por meio das próprias brincadeiras, sem separação entre a teoria e a prática. O professor tem uma atuação semelhante a de um designer de jogos, buscando maneiras para que o aluno sempre queira jogar mais, engajar-se mais e descobrir novas formas de interagir com o conhecimento e mundo ao seu redor.
Currículo é dividido em módulos temáticos que integram diferentes disciplinas e incluem atividades como jogos, desenho de projetos e produção de mídia.
Cada estudante recebe um Mapa da Aventura, uma ferramenta personalizada e interativa em que monitora a sequência de módulos durante o ano, que também é acompanhada por professores e pais.
A PlayMaker propõe um novo desenho arquitetônico, com espaços pensados como ambientes de exploração, onde os alunos fazem descobertas, jogam, constroem e aprendem.
Onde:
New Roads School (Califórnia - EUA)
Etapa:
Ensino Fundamental 2
Disciplina:
Multidisciplinar
Tamanho da turma:
80 alunos
Materiais utilizados:
Kits de robótica, simuladores, TVs, laptops, tablets.
Tirar dúvidas ficou mais natural e fácil para os estudantes do professor Eric Rodrigues. Em suas aulas de história, alunos dividem-se em grupos e recebem atenção personalizada mesmo estando em diferentes momentos do currículo. Enquanto o professor circula pela classe, netbooks com vídeos ajudam aqueles com maior dificuldade a entender os conteúdos.
A metodologia combina atividades presenciais com outras feitas com a ajuda da tecnologia. Consiste em colocar o foco do processo de aprendizagem no aluno e não mais na transmissão de informação por parte do professor. O aluno estuda o material em diferentes situações, e a sala de aula passa a ser o lugar de aprender ativamente, realizando atividades e discussões com o apoio do professor e em colaboração com os colegas.
Aulas com conteúdo multimídia motivam alunos a estudar mais e aprender por meio de fontes diferentes.
Professor consegue dar ajuda personalizada para alunos e receber retorno sobre o aprendizado.
Professor tem agenda em tablet que mostra em que fase do currículo cada aluno se encontra.
Alunos que dominam determinado conteúdo podem resolver desafios e ganhar pontos extras na aula de história.
Onde:
Escola Municipal Emílio Carlos (RJ)
Etapa:
Ensino Fundamental 2
Disciplina:
História
Tamanho da turma:
39 alunos
Velocidade de conexão:
2 Mbps
Sinal de Wi-Fi:
Instável
Materiais utilizados:
12 netbooks, 6 fones de ouvido, livros didáticos, conteúdos impressos.
As aulas de matemática ficaram mais dinâmicas na Escola Estadual Professor José Vilagelin Neto. Uma vez por semana, durante duas horas, os alunos não tem aula expositiva e utilizam a plataforma QMágico para resolverem exercícios e tirarem dúvidas com o professor no laboratório de informática.
A metodologia da sala de aula invertida transforma a lógica de organização da sala de aula. Com o apoio de recursos interativos, os alunos aprendem os conteúdos em casa e aproveitam o tempo que estão na classe para resolver exercícios, tirar dúvidas com o professor e aprofundar a discussão. Em Campinas, a escola Professor José Vilagelin Neto fez uma adaptação dessa metodologia em duas aulas semanais de matemática.
Alunos podem aproveitar o momento da aula para fazer exercícios e tirar dúvidas com o professor.
A aula fica mais dinâmica e a turma consegue se envolver mais com o conteúdo.
O professor não precisa gastar tempo passando matéria e exercícios na lousa para a classe copiar.
O uso de uma plataforma de aprendizagem permite acompanhar em tempo real o desenvolvimento de cada aluno.
Onde:
Escola Estadual Professor José Vilagelin Neto – Campinas (SP)
Etapa:
Ensino Fundamental e Médio
Disciplina:
Matemática
Quantidade de turmas:
14 (7 do fundamental e 7 do médio)
Velocidade de conexão:
50 Mbps
Sinal de Wi-Fi:
Sim
Materiais utilizados:
36 computadores e uma plataforma de aprendizagem.
No Colégio Visconde de Porto Seguro, dentro de um laboratório de fabricação digital, alunos do ensino fundamental 2 conhecem ferramentas de prototipagem rápida, aprendem a construir novas empresas, desenvolvem seus projetos e participam de uma apresentação para especialistas de mercado. No Senai FabLab, do Centro de Tecnologia Senai, alunos do ensino técnico integram teoria e prática na construções de soluções para a indústria.
A metodologia possibilita o aprendizado a partir da experimentação. O aluno usa ferramentas de prototipagem rápida, como a impressora 3D e a cortadora de vinil, para construir suas próprias invenções. Dentro de um espaço maker, o aluno assume o papel de protagonista e constrói o seu conhecimento a partir de experiências que envolvem erros e reparos constantes, criando conexões com o mundo real.
Onde:
Colégio Visconde de Porto Seguro (São Paulo - SP
Etapa:
Ensino fundamental 2
Disciplina:
Curso extra-curricular Tech Startup
Velocidade de conexão:
50 Mbps
Sinal de Wi-Fi:
Sim
Tamanho da turma:
15 alunos
Materiais utilizados: Projetor interativo, impressora 3D, cortadora de vinil, fresadora, cortadora a laser, impressoras, kits de robótica, kits Lego, eletrônicos (computadores, notebooks, tablets), bancada de eletrônicos, bancadas multiuso, ferramentas (furadeiras, máquina de costura), materiais de escritório e sucatas.
Onde:
Centro de Tecnologia Senai (Rio de Janeiro - RJ)
Etapa:
Ensino técnico
Disciplina:
Automação, Petróleo e Gás
Velocidade de conexão:
10 Mbps
Sinal de Wi-Fi:
Sim
Tamanho da turma:
40 alunos
Materiais utilizados: 15 workstations de alto desempenho, capazes de modelar projetos em 2D e 3D, máquinas de corte a laser, impressoras 3D, oficina de eletrônica, de robótica, de fresagem e de marcenaria, além de área de estudos com biblioteca interativa.
Provas e avaliações somativas sempre tiveram um alcance limitado. Nos EUA, o grupo educacional Pearson se prepara para lançar uma ferramenta que leva em consideração as notas e tudo o que cerca o aprendizado, como comportamento, sociabilidade, ambiente escolar e familiar. Além disso, a entrada da tecnologia tem facilitado aplicação e correção de provas escritas e orais.
A digitalização da vida escolar abriu a possibilidade do cruzamento de dados e de enxergar o aluno além de seu desempenho acadêmico. Com a guinada para um ensino voltado ao desenvolvimento das competências para o século 21, como criatividade e colaboração, as formas tradicionais que se resumem aos testes padronizados têm se revelado ineficazes. Nos EUA, a Pearson começa a desenvolver um algoritmo que gera recomendações ao aluno, professor e aos pais sobre quais áreas precisam ser trabalhadas para que se obtenha aptidão para a vida universitária.
Algoritmo é capaz de prever o nível de aptidão de um estudante para universidade muito antes de exames nacionais feitos ao final do ensino médio.
Exames orais e escritos realizados com a ajuda do computador tiram do professor as tarefas repetitivas.
Com uso de software de correção, alunos conseguem produzir mais redações e aprimorar a fluência escrita.
Onde:
Estados Unidos - Arizona e Condado de Gwinnett (Geórgia)
Etapa:
Educação básica
Escolas:
2.000 (Arizona) e 122 (Condado de Gwinnett)
Disciplina:
Multidisciplinar
Materiais utilizados:
Computadores, tablets, telefones e smartphones.
Tecnologia vestível, novas formas de certificar e de avaliar despontam como maiores tendências
Se por um lado a tecnologia facilita o acompanhamento individual do aluno e abre espaço para a personalização do ensino, por outro ela ajuda a escalar novas oportunidades de aprendizagem. As tendências para o uso de tecnologia na educação apontam para a convergência de dispositivos eletrônicos portáteis que ampliam as oportunidades de aprendizagem dentro e fora de sala de aula e geram dados sobre esses processos e as pessoas envolvidas neles. Diante desse cenário, serão criadas novas formas de comprovar capacidades e métricas de avaliação que ajudam a monitorar o desenvolvimento de competências para o século 21.
A velocidade das informações e as novas formas de ensinar vão mudar a forma como o conhecimento é comprovado. Os diplomas que atestam a conclusão de cursos em diversas etapas de ensino tradicional não darão conta de certificar as capacidades adquiridas em espaços informais de aprendizagem.
Para atender a essa demanda, ganharão força novas formas de certificação, como microcertificações que validam competências adquiridas em espaços formais e informais de aprendizagem. Com badges (distintivos), um entusiasta de tecnologia da informação poderá comprovar para instituições de ensino ou empregadores as suas habilidades adquiridas em fóruns de discussão ou em um curso online de programação, por exemplo.
Já as avaliações multimodais vão utilizar dispositivos que conseguem captar indicadores de emoções e expressões dos alunos enquanto eles participam de uma atividade maker ou um trabalho em grupo. Isso permite que o professor acompanhe processos, ao invés de focar apenas na avaliação de produtos.
Os sensores, vídeos, gravações de áudio e detectores de movimento irão gerar um grande volume de dados que permite estabelecer padrões de comportamento dos alunos e consegue prever se eles completarão a próxima atividade. Eles irão identificar os caminhos que os alunos percorrem enquanto desenvolvem atividades variadas. Com o uso de eyetracking, por exemplo, será possível monitorar para onde um aluno está olhando, qual é o seu nível de concentração e o que desvia a sua atenção durante a resolução de um problema.
Os dispositivos vestíveis tendem a ganhar força. Os óculos, pulseiras, acessórios ou itens de vestuário conectados à internet poderão facilitar a comunicação entre professores e alunos. Será possível fazer pesquisas e interagir com conteúdos da aula em tempo real usando a tecnologia da realidade virtual.
A tecnologia vestível, que em momentos de lazer já permite contar passos e gasto de calorias, chegará até a sala de aula para medir funções corporais enquanto os alunos estão aprendendo. Diversos dispositivos serão reunidos em uma única peça que pode ser transportada para qualquer lugar. Não existirão barreiras de tempo e espaço.
• Acompanhamento individual
• Personalização
• Competências para o século 21
• Novas formas de ensinar
• Espaços informais de aprendizagem
• Novas formas de certificação
• Avaliações multimodais
• Indicadores de emoções e expressões
• Atividade maker
• Grande volume de dados
• Realidade virtual
• Tecnologia vestível
• Testes de funções corporais
Produção Executiva:
Regiany Silva e Vinícius de Oliveira
Edição:
Tatiana Klix
Reportagem:
Carolina Lenoir, João Carlos Magalhães, Mariana Mandelli, Marina Lopes e Vinícius de Oliveira
Design e Desenvolvimento:
Inketa.com
Fotografia:
André Luiz Mello (Aprendizagem maker-RJ, Ensino Híbrido), Cadini e Vanderlei Faria (Cascavel), Gabo Morales (Orígenes Lessa, Aprendizagem maker-SP, Sala de Aula Invertida), Leonardo Soares (Amazonas), Rafaela Martins (Aprendizagem colaborativa) e Rebeca Baltazar (Piraí)
Vídeos:
Ama Filmes (Video de Apresentação), Marcelo Dias (assistente de Filmagem - Aprendizagem maker-RJ e Ensino Híbrido), Max Quaresma (assistente de Filmagem - Aprendizagem maker-SP), Raul Góes (Filmagem), Raul Minotti (assistente de Filmagem - Orígenes Lessa) e Verônica Dantas (edição)
Colaboração:
Foram consultados para a produção de conteúdos deste especial:
André da Costa Silva (Secretaria Estadual de Educação de São Paulo), André Luiz da Rocha Bastos (Fundação Vanzolini), Antônio Biondi (jornalista e advogado), Beatriz Goulart (arquiteta), Bruna van der Linden (Secretaria de Pernambuco), Carol Beltramini (QMágico), César Delmas (Secretaria de Pernambuco), Danilo Silva (CIEB), Diogo Moysés (especialista em telecomunicações), Fabio Ferrentini Sampaio (UFRJ), Juliana Muller (Ministério das Comunicações), Juliana Ragusa (Fab Educação), Luciana Allan (Instituto Crescer), Marcos Aparecido Barros de Lima (Secretaria Estadual de Educação de São Paulo), Michael Horn (Clayton Christensen Institute), Olavo Nogueira (Todos pela Educação), Sean W. M. Siqueira (UNIRIO), Thiago Leitão (Secretaria de Pernambuco) e Vinicius Licks (Insper).
Construção coletiva de recomendações realizada durante evento da Série Diálogos O Futuro se Aprende sobre conectividade pelos seguintes participantes:
Alex Bernaz dos Santos (Secretaria da Educação do Estado de São Paulo), Alex Canziani (Deputado Federal), André da Costa Silva(Secretaria da Educação do Estado de São Paulo), Anna Lívia Arida (Nossas Cidades), Antônio Moraes (Microsoft Educação), Aurea Lopes (A Rede), Beatriz Tibiriçá (Coletivo Digital), Bruna van der Linden (Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco), Caio Dib (Instituto Natura), Camila Cardoso Pereira (Fundação Lemann), Celina Beatriz (Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio), Cristiana Gonzalez (IDEC - Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), Daniela Caldeirinha (Fundação Lemann), Denis Mizne (Fundação Lemann), Diane Mota Mello Freire (Secretaria Municipal de Educação de Mogi das Cruzes), Diego Callegari (Secretaria Estadual de Educação de Santa Catarina), Diogo Moysés (Especialista em Telecomunicações), Eziquiel Menta (Secretaria de Estado da Educação do Paraná), Fernando Carvalho (Cinturão Digital – Ceará), Flávia Lefreve (Proteste), Fu Kei Lin (Fundação Telefônica), Gabriel Serrano (Aluno Khan Academy - Barueri-SP), João Armindo Coelho Vargas (Secretaria de Serviços da Prefeitura Municipal de São Paulo), João Paulo Guerra Rotelli (Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República), Jocemar do Nascimento (Núcleo de Tecnologia Municipal de Cascavel-PR), José Leça (Telefônica), José Moran (USP), Joselino Goulart Junior (Secretaria da Educação Básica - Ministério da Educação), Juliana Muller Reis Jorge (Ministério das Comunicações), Juliana Nolasco (Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio), Leandro Holanda Fernandes de Lima (Fundação Lemann), Louisee Rodrigues (Fundação Lemann), Lucas Giannini (IIEB - Iniciativa para Inovação na Educação Brasileira), Lúcia Dellagnelo (IIEB - Iniciativa para Inovação na Educação Brasileira), Maíra Pimentel (Tamboro), Malde Maria Vilas Bôas (FDE - Fundação para o Desenvolvimento da Educação), Manoel Bonfim Cruz de Lima (Aluno Geekie Games (Fortaleza-CE), Marcelo Chilvarquer (Ministério da Justiça), Marcia Pereira (Escola Professora Maria Meduneckas - Barueri-SP), Maria Gabriela Bighetti (Fundação Telefônica), Marina Pita (Jornalista), Mário Ripper (Tamboro), Olavo Nogueira (Secretaria da Educação do Estado de São Paulo), Renata Mielli (FNDC - Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (Renê de Lima Barbosa – FNDE), Ricardo Falzetta (Todos Pela Educação), Rodolfo Manoel de Jesus Oliveira (Secretaria de Educação de Barueri), Samara Werner(Tamboro), Samuel Carvalho Lima Holanda (Fundação Lemann), Simone Soares (Secretaria de Educação de Osasco) Takashi Tome (RNP - Rede Nacional de Ensino e Pesquisa), Tiago Guilhon Mitoso Rocha (Fundação Lemann), Veridiana Alimonti (Intervozes) e Weber Martins Marques (Secretaria Municipal de Educação de Mogi das Cruzes).