Laboratórios criam ambiente para aprendizagem maker - PORVIR
André Luiz Mello

Guias Temáticos

Laboratórios criam ambiente para aprendizagem maker

Do ensino fundamental ao técnico, alunos colocam a mão na massa para fabricar ideias

por Marina Lopes e Vinicius de Oliveira ilustração relógio 24 de agosto de 2015

Criar, testar, errar, consertar e aperfeiçoar. As possibilidades são inúmeras dentro de um laboratório de fabricação digital. Mais do que espaços bem equipados com impressora 3D, cortadora a laser e equipamentos de robótica, os chamados FabLabs incentivam o aprendizado a partir da experimentação.

Dentro de um laboratório de fabricação digital, aos 12 anos, Marina Seixas Braga, já criou o seu próprio abajur com sensor inteligente de luminosidade. Aluna do oitavo ano do colégio Visconde de Porto Seguro, na unidade Panamby, em São Paulo, ela utilizou a cortadora de vinil e um software de programação para Arduino no desenvolvimento do seu projeto. “Aqui a gente desenvolve muito esse trabalho maker. O professor explica o projeto e o resto a gente faz por nossa conta”, conta a menina.

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No FabLab acontecem tanto atividades relacionadas às disciplinas, como cursos extracurriculares. Em um espaço de aproximadamente 80m², os alunos podem utilizar impressora 3D, cortadora de vinil, cortadora a laser, fresadora, kits de robótica, bancada de eletrônicos, computadores e tantas outas ferramentas de prototipagem rápida. De acordo com Renata Pastore, diretora geral de tecnologia educacional do colégio, a ideia é que os alunos possam juntar a teoria e a prática para construírem projetos ou soluções a partir do que eles veem em sala de aula.

Uma das atividades que acontecem no espaço é o curso de Tech Startup, orientado pelo professor Lucas Torres, engenheiro mecatrônico e especialista em inovação. Os alunos dos anos finais do ensino fundamental conhecem ferramentas de prototipagem rápida, aprendem a construir novas empresas, desenvolvem seus projetos e no final do ciclo participam de uma apresentação para especialistas de mercado. “A gente consegue utilizar esse espaço para trabalhar competências e habilidades que não são ensinadas dentro da sala de aula no currículo tradicional”, explica.

Uma vez por semana, os encontros do curso de Tech Startup começam com uma breve explicação do professor sobre a tarefa do dia. Em seguida, os alunos ficam livres para trabalharem nos seus projetos, definindo a metodologia e caminho utilizado para isso. Para fazer uma camiseta do Batman, o aluno do oitavo ano Gustavo Henrique Dantas, 13, que diz ser fã dos quadrinhos do super-herói, utilizou um molde criado com a cortadora de vinil.

 

Soluções para problemas reais

Conectado à rede internacional Fab Lab, criada pelo Center for Bits and Atoms (Centro de Bits e Átomos, em livre tradução), do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), o laboratório de fabricação digital do Centro de Tecnologia Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) Automação e Simulação, no Rio de Janeiro, também funciona como um espaço de experimentação para os alunos do ensino técnico. No Senai FabLab, eles integram teoria e prática na construções de soluções para a indústria.

Dentro de uma estratégia de repensar o formato de cursos profissionalizantes, o ambiente é multifuncional e com decoração que lembra sedes de grandes empresas de tecnologia. A organização é pensada para atender as etapas de estudo, criação, design, programação e prototipagem sem que surjam barreiras físicas, afinal, estão sob o mesmo teto projetos em diferentes estágios de desenvolvimento.

Por essa razão, máquinas que fazem maior barulho e soltam pó, como a fresadora, ficam em ambientes separados e exigem uso de equipamentos de proteção. Na área mais aberta, estão as modernas máquinas para corte a laser e impressão 3D em metal e até em papel.

Trazer o movimento maker para dentro da escola é importante para fazer os alunos criarem o senso de que eles podem transformar o meio ao redor deles

Ao longo dos cursos no Centro de Automação e Simulação, os alunos passam 20 horas no FabLab e tomam um “choque”, segundo o instrutor Antônio Cândido de Oliveira Filho. “Aqui temos alunos de petróleo e gás, mecânica para ter a troca de conhecimentos e habilidades, não é para ficar uma coisa limitada em uma determinada habilidade curricular”, diz.

Pensando em como ajudar as grandes cidades do país que vivem um agravamento da crise hídrica, o grupo do aluno Michel da Costa Gomes, 19, do curso técnico em automação, está trabalhando no desenvolvimento de uma máquina eletrônica que armazena água da chuva ou de banhos. O equipamento promove o reuso para outras atividades que não necessitam de um consumo potável, como por exemplo as válvulas de descargas.

No mesmo espaço, o grupo do colega Thiago Silva Martins Moreira, 18, do curso técnico de mecânica, quebra a cabeça em busca de uma solução para o protótipo de um motor que vai gerar energia por meio de magnetismo. “Nós vamos estudar mais para aprimorar esse motor. O mais atrativo dele é a forma com que gera energia, que é uma coisa pouco usada. Nós queremos fazer isso no Brasil e de uma forma barata para ser um atrativo para a indústria”.

 

Movimento maker na educação
“Trazer o movimento maker para dentro da escola é importante para fazer os alunos criarem o senso de que eles podem transformar o meio ao redor deles. Eles usam noções de empreendedorismo, a criatividade e a tecnologia para modificarem realidades”, afirma Rodrigo Assirati, coordenador de tecnologia educacional do Porto Seguro.

Aprender dentro de um contexto real e colaborativo é o verdadeiro bônus dos FabLabs em relação a teoria da sala de aula, segundo análise de Daniel Prado, coordenador do espaço maker do SENAI. “O aluno já começa a trabalhar com teoria e prática lado a lado. Quando aparece uma dúvida, ele solicita a ajuda do professor, sana sua dúvida e volta para o projeto.O aluno consegue ficar 100% com a mão na prática em cima do projeto dele”.

* Texto e vídeos produzidos em 23 de junho de 2015. Renata Pastore e Rodrigo Assirati não trabalham mais no Colégio Visconde de Porto Seguro.


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educação mão na massa, ensino fundamental, ensino técnico, especial tecnologia na educação, programação, robótica

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