Estudantes estão cada vez mais no TikTok e você pode usá-lo a favor da aprendizagem

Nem só de dancinhas vive o TikTok. Apesar de serem alguns dos conteúdos que mais viralizam na plataforma de entretenimento, professoras e professores espalhados por todo o país têm dedicado um pouco mais de atenção à rede para fins educativos. 

“A minha visão é de que o professor tem que estar onde o aluno está. E se o professor tem essa condição, por que não tentar?” reflete Angela Pereira, professora de matemática há 29 anos e criadora do canal Angela Matemática. No TikTok, a docente somam mais de cinco milhões de curtidas e seus seguidores ultrapassam os 780 mil. 

De maneira didática, ela traz dicas sobre os mais variados campos da matemática, como porcentagem, equação de segundo grau, expressões numéricas e mais. 

@profangelamatematica

90% ERRAM #aprendanotiktok #expressaonumerica

♬ som original – Professora Angela Matemática

Ela conta que as demandas dos “alunos” – seus seguidores – também dita um pouco dos assuntos que toca em seus conteúdos. O principal objetivo de Angela é usar a internet como uma ferramenta para além do entretenimento, e ela aposta em conteúdos que podem ser usados no ambiente extraclasse. 

Mas também existem docentes trabalhando com a plataforma em conjunto com os alunos, como parte do projeto pedagógico. A professora Luciane Morales, que dá aulas de Língua Portuguesa na Escola São Francisco de Assis, em Pelotas (RS), segue o pensamento de Angela: o de que o professor precisa estar onde está o aluno. 

Como forma de engajamento, a docente resolveu pedir ajuda a uma estudante sobre como navegar pela plataforma. “Primeiro, eu tive a ideia de fazer um vídeo com os outros professores explicando o projeto que a gente ia desenvolver. Fizemos aquela brincadeira que um solta o livro para o outro e parece que estão todos juntos. Então, pedi para essa aluna me ensinar a utilizar e que editasse o vídeo para mim”, diz Luciane. 

A docente comenta que muitos de seus alunos tinham como foco de interesse a plataforma, então havia ali a oportunidade de engajar a turma inteira. O pedido foi também uma forma de aproximação.

O projeto de Luciane era trabalhar a obra Quarto de Despejo, da escritora e multiartista Carolina Maria de Jesus. A partir da temática da fome, a turma deveria produzir um conteúdo em vídeo que se atentasse para causas e soluções para esse problema. “O engajamento foi incrível e o trabalho deles foi muito além do que eu esperava”, afirma Luciane.

@esfapel

Introdução aos trabalhos realizados a partir da leitura da obra Quarto de Despejo #esfapel #esfa #carolinamariadejesus #quartodedespejo #projetoliterário #desigualdadesocial

♬ som original – esfapel

A docente é também pesquisadora de tecnologias educacionais. Porém, não havia ainda incluído em sua prática nenhuma dessas ferramentas. 

Luciane conta que agora é muito amiga da estudante que a auxiliou a iniciar na plataforma. “Quando fiz o feedback da avaliação do projeto no final, um outro aluno me disse que foi a primeira vez que sentiu orgulho de uma coisa feita por ele. Ouvir isso não tem preço”, ressalta.

Protagonismo estudantil

Além de ser um espaço para que professores e professoras possam compartilhar seu dia a dia na escola, apresentar práticas e ampliar o conteúdo debatido nas aulas, as redes sociais e plataformas de entretenimento, como o caso do TikTok, são espaços para que os próprios estudantes explorem suas habilidades dentro de um contexto que já gostam e estão familiarizados.

Quando o assunto é educação, o TikTok tem apresentado crescimento nos últimos anos. A hashtag #estudandotiktok, por exemplo, possui mais de 19,2 milhões de visualizações e o termo #TikTokeducacao tem 4 milhões. Outras variações da mesma hashtag somam bilhões de visualizações, como é o caso de #AprendaNoTikTok – com 14 bilhões de visualizações – #estudos – que contabiliza 3 bilhões de visualizações – e #tiktokeducation, com 569,5 milhões de acessos. 

“Nós estamos trabalhando com uma geração que tem essa necessidade do protagonismo midiático, sabe? Embora tenham receio de se expor em certos momentos, querem fazer parte e então gera esse protagonismo. E a partir do momento em que a gente traz a tecnologia como aliada para a educação, mais reforça essa possibilidade”, diz Luciane. 

Do projeto desenvolvido por ela, os estudantes ficaram encarregados de preparar o roteiro, narrado por ela, e realizar a edição do material, dialogando com uma proposta de metodologia ativa. 

Ronaldo Marques, líder de parcerias de conteúdo do TikTok Brasil, pontua que a organização enxerga a plataforma como um espaço para todos os interesses e, entre eles, os educativos. Para ele, o alto número de visualizações nas hashtags citadas é um indicativo de que existem cada vez mais pessoas criando conteúdos de educação direto para a plataforma. 

Em pesquisa recente, o Oxfon, regulador de mídia britânico, indicou que a plataforma está entre as três principais fontes de buscas para jovens de até 24 anos, acompanhada de Instagram e YouTube. Ou seja, muitos estão até substituindo o Google, por exemplo, pela plataforma. Outra pesquisa do Pew Research mostrou que 33% dos usuários utilizam o TikTok como fonte de informação. 

“O TikTok pode ser utilizado como uma ferramenta para os professores se conectarem com os seus alunos e observarem as tendências que acontecem no aplicativo. Assim, podem saber quais assuntos estão em alta, quais formatos e até mesmo músicas, para abordar temas de forma educativa, criativa e diversa”, diz Ronaldo. 

Luciane destaca: apenas se referir ao uso de plataformas como essa seja um motivo de certo preconceito. No entanto, percebeu em sua prática que esses elementos de tecnologia servem de apoio ao seu objetivo de aprendizagem principal. Isso porque os docentes podem partir de algo que já está no radar da turma e não é estranho a eles. 

“Existem vários desafios. A gente tem que passar uma confiança muito grande sobre a finalidade e intencionalidade pedagógica. A gestão tem que ter uma segurança nisso e as famílias também precisam entender que tem um propósito”, comenta Luciane. A professora recorda que, durante uma reunião de pais, solicitou que eles deixassem os alunos trazerem o celular para a escola, porque muitos responsáveis achavam isso errado. “Temos que administrar, claro, orientando os alunos porque eles também não estão acostumados com aulas assim”, afirma. 

Nesses casos, ela destaca que faz combinados com a turma para que entendam, de maneira clara, qual a finalidade e a metodologia que precisam ter para utilizar o aparelho.

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Como é possível usar o TikTok na educação?

Aqui vão algumas dicas para quem quer começar a navegar pela plataforma e não sabe como iniciar

1. Divirta-se: Mostre o lado divertido do componente curricular que está ensinando. Esse é um bom jeito de chamar a atenção de seus seguidores. 

2. Acompanhe as hashtags: Um jeito de ficar por dentro do que está acontecendo na plataforma e pensar em novos conteúdos é seguindo hashtags de educação. As mais famosas são: #AprendaNoTikTok, #Estudos e #TikTokEducation
   
3. Seja autêntico: Não precisa buscar em excesso a perfeição! Melhor do que isso, os alunos gostam quando os professores são mais naturais e mostram um pouco da personalidade. Invista nisso!
   
4. Recicle conteúdos: Nem todos os alunos utilizam as mesmas redes, por que não aproveitar alguns materiais que foram postados em outras plataformas e adaptá-los? Tente!
   
5. Use o algoritmo a seu favor: O TikTok se destaca em mostrar o que você mais gosta. Quanto mais tempo interage com um conteúdo, mais ela vai entender que você gosta daquele tipo de material. É hora de olhar para o que outros educadores estão fazendo e usar a plataforma para se inspirar!

Conteúdo atualizado em 20 de março de 2023

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