Brasileiros são finalistas de prêmio global por uso de IA na educação
Thiago Rached, da Letrus, e Mattheus Pina, do Colégio Dante Alighieri, são finalistas do World Education Medals 2025. Seus projetos usam inteligência artificial para promover alfabetização em larga escala e ensinar ética algorítmica a jovens. A premiação reconhece impacto social na educação
por Redação
19 de dezembro de 2025
Dois brasileiros foram nomeados finalistas do World Education Medals 2025 (Medalhas Mundiais de Educação). Criadas pela empresa HP, as medalhas destinam-se a líderes, educadores e estudantes, destacando, nesta edição, personalidades que utilizam a inteligência artificial (IA) para transformar a educação e reduzir desigualdades de aprendizagem.
Thiago Rached, cofundador e diretor-executivo da Letrus, está entre os cinco finalistas da categoria dedicada a líderes do setor. Já Mattheus Pina, educador do Colégio Dante Alighieri, em São Paulo (SP), figura entre os cinco escolhidos na categoria voltada a educadores.
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O reconhecimento internacional ao trabalho dos brasileiros veio de Mayank Dhingra, diretor global de educação da HP. Segundo ele, as iniciativas de Rached e Pina demonstram “o poder transformador da IA para enfrentar desafios significativos na educação e na sociedade”.
Dhingra destacou que, conforme apontam pesquisas da HP, como o relatório HP Futures 2025, a inteligência artificial pode reduzir desigualdades educacionais — desde que usada de forma ética e eficaz. “Com agentes de mudança como Thiago e Mattheus, avançamos em direção a um futuro promissor. Seus esforços apontam caminhos inovadores para garantir que a educação evolua e atenda às necessidades das próximas gerações”, disse.
O prêmio celebra histórias de pessoas que, ao inovar em políticas, tecnologias ou práticas pedagógicas, inspiram mudanças e motivam outros a trilhar o mesmo caminho. As medalhas são concedidas a indivíduos que demonstram impacto, liderança e atuação ativa na promoção ética da IA para o bem social. Na edição de 2024, a diretora do Porvir, Tatiana Klix, também representou o Brasil entre os finalistas, sendo reconhecida por sua atuação na valorização da educação por meio do jornalismo e da mobilização social.
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Thiago Rached: IA para alfabetização
Thiago Rached é cofundador e diretor-executivo da Letrus, uma plataforma educacional dedicada ao desenvolvimento da escrita, que combina inteligência artificial (IA) com práticas pedagógicas para apoiar a produção textual de estudantes. Desde 2017, a Letrus já impactou mais de 1 milhão de estudantes e 1.500 professores em escolas públicas e privadas de todo o Brasil.

Com experiência como empreendedor e investidor de impacto, Rached criou a Letrus com o propósito de colocar a aprendizagem dos estudantes no centro do sistema educacional, utilizando IA de forma ética e pedagógica. O Programa de Alfabetização da Letrus analisa textos dos alunos, oferece feedback personalizado e fornece dados estratégicos para educadores e gestores, sem substituir o papel do professor.
A plataforma enfrenta diretamente os desafios da alfabetização no Brasil, especialmente o grande número de estudantes que concluem a educação básica sem domínio adequado da leitura e da escrita. Redes de ensino como as dos estados do Espírito Santo, Goiás e Mato Grosso já adotaram a ferramenta.
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No Espírito Santo, os estudantes atingiram os melhores resultados de redação no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), e um estudo conduzido pelo laboratório J-PAL, do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos Estados Unidos), com metodologia científica de avaliação de impacto, apontou que, em apenas cinco meses, houve uma redução de 9% na desigualdade de desempenho entre alunos da rede pública e da rede privada.
Sob sua liderança, a Letrus foi reconhecida pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) com o King Hamad Bin Isa Al Khalifa Prize, prêmio internacional que celebra o uso inovador da tecnologia especialmente da inteligência artificial, para promover uma educação inclusiva e de qualidade. Professores relatam maior eficiência no processo de ensino da escrita, enquanto gestores utilizam os dados da plataforma para tomar decisões mais assertivas.
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Mattheus Pina: aprendendo sobre IA na prática
Mattheus Pina é engenheiro da computação, com MBA (sigla em inglês para Master of Business Administration, uma pós-graduação voltada à gestão e inovação) em inteligência artificial e cibersegurança. Atua como educador no Colégio Dante Alighieri, onde idealizou uma experiência inovadora ao integrar um agente de inteligência artificial à simulação do modelo das Nações Unidas promovida pela escola.

O agente, chamado Xia Ada Turing, foi treinado com informações fornecidas previamente pelos próprios alunos e participou dos debates em tempo real, formulando respostas estratégicas. A surpresa veio quando os estudantes descobriram que seus dados haviam sido usados como argumento, o que gerou reflexões profundas sobre privacidade, consentimento e manipulação algorítmica.
A iniciativa transformou conceitos abstratos sobre ética em IA em uma vivência concreta para mais de 100 estudantes, promovendo consciência crítica e pensamento ético entre os jovens.
Outros finalistas do prêmio em 2025
Os nomes reconhecidos neste ano mostram a diversidade de experiências e iniciativas que usam a inteligência artificial para promover mudanças reais na educação.
Na categoria Líderes, além do brasileiro Thiago Rached (Letrus), estão: Paul Atherton (Suíça), fundador da Fab AI; Mustafa Canlı (Turquia), diretor-geral de Inovação e Tecnologias Educacionais do Ministério da Educação Nacional; Isabelle Hau (EUA), diretora do Stanford Accelerator for Learning, da Universidade de Stanford; e Rebecca Winthrop (EUA), diretora do Centro de Educação Universal da instituição Brookings.
Entre os Educadores, o brasileiro Mattheus Pina aparece ao lado de Jhon Alexander Echeverri Acosta (Colômbia), professor e pesquisador; Giuseppe Fiamingo (Itália), professor de matemática e física; Vineeta Garg (Índia), chefe de tecnologia da informação em uma escola pública; e Maria Ntemou (Grécia), professora de tecnologias da informação e comunicação.
Na categoria Estudantes, os finalistas são jovens de 15 a 25 anos que desenvolvem ou utilizam IA para enfrentar desafios educacionais, sociais ou ambientais. Estão entre eles: Raul John Aju (Índia), fundador da AIrealm Technologies; Albosran M. Gandawali (Filipinas), estudante da Universidade José Rizal; Arham Kidwai (Emirados Árabes Unidos), criador da iniciativa Climate Shield; Valeria Palacios Cruz (México), da Universidad Ceulver; e Ashwat Prasanna (Índia), cofundador da EyeSight.
Os vencedores serão escolhidos por uma banca internacional com base em critérios de impacto, inovação e uso ético da IA. A premiação reconhece líderes, educadores e estudantes que promovem mudanças reais na educação por meio da tecnologia. Os resultados serão anunciados em janeiro de 2026, durante o Education Leaders Forum, em Londres.





