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Professor de educação física usa jogos para trabalhar matemática nas aulas

A abordagem dele é trazer conteúdos do cotidiano dos estudantes dentro de jogos como queimada ou jogo da velha e, assim, ensinar matemática

Parceria com Mentalidades Matemáticas

por Edmilton dos Santos Silva ilustração relógio 20 de outubro de 2021

Pode parecer estranho que um professor de educação física, como eu, também ensine matemática. Mas não é. Não trabalho com os números em todas as aulas que dou, mas consigo inserir jogos numéricos em muitas delas, o que acho muito interessante.

A partir do momento em que percebi a matemática de uma maneira mais aberta e visual, me dei conta de que tudo poderia ficar muito mais divertido, tanto para os alunos, como para mim mesmo.

A primeira vez que tive contato com os conceitos de Mentalidades Matemáticas, em um curso realizado aqui no colégio onde leciono, eu pensei que fossem falar somente sobre cálculos e coisas do tipo. Me enganei. Falamos muito sobre observação da sala, como olhar para o ambiente e enxergar as muitas possibilidades de ver a matemática.

Eu vi alguns mitos, que me acompanharam durante toda a vida, caindo. Um exemplo é a história de não poder contar nos dedos porque isso supostamente atrapalharia o aprendizado. Descobri que é mentira e está tudo bem contar nos dedos. Hoje eu passo essa informação adiante.

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Eu sempre gostei de matemática, mas sendo professor de educação física, de início foi também estranho para mim fazer essa associação. Os meus alunos igualmente estranharam no começo, afinal de contas, qual seria a ligação entre uma coisa e outra?

Aproveito essa confusão inicial para destacar que a matemática está presente em diferentes lugares e contextos, inclusive no cotidiano da turma. Uma das atividades que planejo fazer por aqui é trabalhar junto com as famílias essa perspectiva de matemática no dia a dia.

A partir das profissões que pais e mães têm, sugerir que eles avaliem se usam ou não a matemática para trabalhar. Nós temos aqui muitos pais, por exemplo, que trabalham como pedreiros. Eles calculam perímetro – mesmo que não chamem por esse nome – e nem sempre fazem essa associação de que se trata de matemática ali também.

Essa aproximação com as famílias foi um meio que nós encontramos de fortalecer o ensino da matemática aqui na escola. Após a realização de uma avaliação de aprendizagem em processo, percebemos que havia uma defasagem grande nos conteúdos de matemática. A fim de lidar com a questão, criamos duas estratégias: uma cartilha e um jogo parecido com esses de programas de auditório, como o antigo Passa ou Repassa.

Tanto na cartilha, quanto no jogo, incluímos perguntas relativamente simples, mas que possibilitavam aos alunos reconhecer a matemática para além das contas de multiplicação. As perguntas giravam em torno de atividades corriqueiras como coisas que poderiam comprar, quantidades possíveis de combinações de roupas para uma viagem e coisas do gênero.

Percebi que o jogo é um aliado nessas atividades. Com as próprias perguntas da cartilha, nós criamos uma trilha gigante na qual os estudantes seriam os “pinos”. Para avançar na brincadeira eles precisariam responder corretamente às perguntas matemáticas.

Quando eles estão brincando, nem sempre percebem que estão também aprendendo. Mas estão. No caso dos alunos com os quais trabalho, de 1º a 5º ano, esse elemento diversão sempre serve de auxílio. Sem contar que eles são, naturalmente, um pouquinho competitivos, então sempre que temos jogos eles se aventuram bastante.

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Esse trabalho da cartilha foi realizado em parceria com outros docentes de componentes curriculares diferentes. Eu também já trabalhei algumas vezes com o professor de matemática. Misturei jogo da velha com matemática. O desafio era responder a uma questão para ter a chance de jogar, então eles precisavam tanto compreender a matemática, quanto olhar para a jogada que gostariam de fazer.

Antes da pandemia acontecer, trabalhamos com salto a distância. Nesse caso, os próprios estudantes foram os árbitros e precisaram fazer escala para verificar quem havia sido o vencedor do jogo.

Para mim funciona bem introduzir alguns aspectos de matemática dentro de jogos nas aulas de educação física. Uma outra atividade que realizamos aqui foi a queimada de soma: vestidos com coletes numerados, venceria o grupo que fizesse a maior pontuação de acordo com os números eliminados. Chegou um momento em que as crianças entenderam e começaram a mirar em quem está vestindo um colete com maior número.

Antes mesmo de conhecer as mentalidades matemáticas eu já realizava essas atividades. Mas depois de compreender um pouco mais, a partir dessa noção de matemática mais ampla, as coisas fizeram ainda mais sentido.

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Edmilton dos Santos Silva

Formado em Educação Física pela Universidade Camilo Castelo Branco, pós graduado em Gestão Escolar pela Faculdade Mozarteum São Paulo. Atualmente professor da Rede Estadual de Ensino de São Paulo e Rede Municipal de Ensino de Santo André, ministrando aulas de Educação Física na educação infantil e Fundamental I

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