Incluir o debate sobre gênero na escola é acolher estudantes LGBTQIAP+ - PORVIR
Crédito: Freepik, com arte de Ronaldo Abreu/Porvir

Inovações em Educação

Incluir o debate sobre gênero na escola é acolher estudantes LGBTQIAP+

Como levar questões da comunidade LGBTQIAP+ para a sala de aula? Confira as sugestões de educadoras e de estudantes no webinário realizado pelo Porvir

por Ana Luísa D'Maschio ilustração relógio 28 de junho de 2023

“A escola ainda é um ambiente de insegurança para muitas pessoas que fazem parte da comunidade LGBTQIAP+. E quando não há uma proposta de inclusão e diversidade, por meio de projetos, formação de professores, coordenação e toda a equipe, ela pode reproduzir preconceitos e discriminações que acontecem na sociedade. Afinal, a escola não é apartada da sociedade, que é extremamente violenta para as pessoas da comunidade.” 

O depoimento acima, da educadora Lucas Dantas, doutoranda em educação e professora da pós-graduação no Instituto Singularidades, definiu o tom do webinário “Questão de gênero é questão da escola”. 

Promovido pelo Porvir na terça-feira (27), em alusão ao mês do orgulho LGBTQIAP+, com mediação de Beatriz Cavallin, o debate também teve a participação de Paula Beatriz de Souza Cruz, mulher transexual, negra e pedagoga, diretora da Escola Estadual Santa Rosa de Lima, localizada no Capão Redondo, bairro na periferia de São Paulo (SP) e da estudante Isabella Glitz Kaefer, da EMEB (Escola Municipal de Ensino Básico) Getúlio D. Vargas, em Novo Hamburgo (RS).

Clique para assistir a íntegra!

Como levar o debate para a sala de aula?

Ao lado dos alunos João Renato Matias de Oliveira e Lara Pereira Hahn, sob a orientação da professora Fernanda Soares, Isabella ajudou a criar o projeto Love is Love: toda forma de amar. Premiada em 2021 pela competição nacional Criativos da Escola, a iniciativa surgiu do reconhecimento de um contexto de violência e preconceito de gênero. 

“Queríamos entender por que a sociedade não aceita o diferente. Fizemos pesquisas, começamos a fazer campanhas, palestras e apresentações”, explica a estudante. “No começo, fizemos entrevistas com a comunidade e todos disseram que não recebiam informações. Muitos se sentiam como monstros, porque as únicas coisas que escutavam eram ofensas. É importante que as escolas ofereçam espaço de acolhimento”, sugere.

O projeto ultrapassou os muros da EMEB: outras escolas e até mesmo empresas têm convidado João, Lara e Isabella para palestras. E até hoje, se há algum caso de LGBTfobia, alunos procuram pelo grupo para conversar. 

➡️ LGBTQIAP+: Confira livros, filmes e planos de aula e baixe um infográfico gratuito sobre o tema

Incluir alunos da comunidade LGBTQIAP+ implica ouvir e criar oportunidades de protagonismo, ressalta a diretora Paula Beatriz. “Quando chegamos em qualquer lugar, queremos ser bem recebidos. Temos de partir desse princípio, principalmente quando se trata de uma escola. Ainda mais sendo pública, ela precisa realmente acolher a todos e todas. Temos de ouvir nossas crianças e jovens, eles querem falar, querem se posicionar”, comenta. “Quando tratamos desse tema, não vamos ensinar ninguém a nada. Quando se trata de identidade de gênero e orientação sexual, a diversidade é inerente, nasce com a gente, não é adquirida”, reforça Paula.

Se a escola só pensar no aspecto cognitivo, não avança, enfatiza. “Quando uma pessoa não está bem emocionalmente, se suas habilidades socioemocionais não estão sendo respeitadas, acolhidas, ela não produz. Pense na dor emocional e no sofrimento diário de ser quem você é, como se a gente não pertencesse ou existisse uma anormalidade, com uma sociedade condenando, atacando, com piadas chulas. Precisamos repensar esse processo e ele tem de começar na educação infantil, para que o debate possa se fortalecer.” 

As entrevistadas concordam que é importante avançar tanto por meio do afeto e diálogo quanto por meio da conscientização das questões legais que protegem os direitos LGBTQIAP+. Trabalhar em conjunto com as famílias também é essencial para garantir esse acolhimento. Assista já ao debate!


TAGS

direitos humanos, ensino fundamental, ensino médio, formação de professores, gênero

Cadastre-se para receber notificações
Tipo de notificação
guest

0 Comentários
Comentários dentro do conteúdo
Ver todos comentários
Canal do Porvir no WhatsApp: notícias sobre educação e inovação sempre ao seu alcanceInscreva-se
0
É a sua vez de comentar!x