Projeto de fotografia em aula remota exercita o olhar de alunos do fundamental 2 - PORVIR
Crédito: jessicahyde/iStockPhoto

Diário de Inovações

Projeto de fotografia em aula remota exercita o olhar de alunos do fundamental 2

O que há de belo escondido na rotina do isolamento social? Para responder a essa pergunta, professora de colégio do Recife (PE) propôs uma série de atividades síncronas e assíncronas, aproveitando o uso de diferentes ferramentas digitais

Parceria com Microsoft

por Karla Martins ilustração relógio 8 de fevereiro de 2021

O Projeto Click da Quarentena traz a fotografia como objeto de conhecimento aos alunos do 8º ano do ensino fundamental e propõe a ressignificação do estado de isolamento social, por meio do exercício do olhar. Ele lança mão das seis dimensões do conhecimento propostas pela BNCC (Base Nacional Comum Curricular) – criação, crítica, fruição, estesia, expressão e reflexão. Por meio da articulação dos conhecimentos que perpassam os fundamentos da fotografia (teoria) e o seu exercício (prática), surgiram inúmeras possibilidades de criação e expressão visual utilizando recursos tecnológicos, que vão dos aplicativos dos celulares às plataformas colaborativas de criação de conteúdo.

De acordo com a BNCC, a Arte integra a área de Linguagens. Sua finalidade é possibilitar aos estudantes a participação em práticas diversificadas, que lhes permitam ampliar suas capacidades expressivas em manifestações artísticas, corporais e linguísticas, como também seus conhecimentos. Logo, a aprendizagem por meio da Arte precisa permitir que o estudante atue como protagonista no processo de construção do saber, dando vazão à sensibilidade de maneira mais plena, tendo o professor como mediador/orientador do processo. Neste sentido, o Projeto Click da Quarentena propõe a articulação entre a fundamentação teórica e a prática sobre o universo da fotografia, tomando como ponto central deste processo de ensino-aprendizagem o próprio estudante.

O projeto foi estruturado em aulas expositivas com o uso das tecnologias educacionais (abordagem historiográfica); um webinário com uma profissional da área de fotografia; a produção de um registro fotográfico sob a autoria do estudante; a criação de uma galeria virtual; apreciação coletiva e análise das produções; a amplificação da ação para além dos “muros do colégio”; e a etapa de avaliação.

Tomando como estímulo a provocação “O que há de belo escondido na rotina do isolamento social?”, avançamos na compreensão do funcionamento das diferentes linguagens e na mobilização desses conhecimentos na produção de discursos, para construirmos uma reinterpretação crítica da realidade na qual estamos inseridos. Tal proposição se materializou nas fotos realizadas pelos estudantes.

Leia mais:
Tecnologia é aliada na criação de aulas acessíveis a todos
Microsoft Teams é base para adoção de metodologias ativas

Habilidades
O projeto Click da Quarentena teve um total de seis momentos síncronos e dois assíncronos. A fotografia como instrumento produtor de (res)significados e põe em relevo a sua capacidade de eternizar o instante, auxiliando-nos na contação e percepção da nossa própria história. Logo, por meio dela, apesar dos desafios encontrados frente à pandemia do covid-19, lançamo-nos numa experiência única de contar sobre a “quarentena” por meio das imagens.

Em relação às competências e habilidades que os estudantes desenvolveram ao longo do projeto, estão: investigação e produção, de forma criativa, a partir da pergunta estímulo: “O que há de belo na rotina do isolamento social?”; noções de conexão consigo mesmo e espiritualidade podem atuar como guia e inspiração no reconhecimento de quem sou, do modo como me relaciono no “isolamento social” e como acesso o “belo”, a fim de materializá-lo em uma fotografia e impactar o meio no qual estamos inseridos; exercício da imaginação e da criatividade para reelaborar o agora; criação e compartilhamento de experiências que vão do mundo particular ao coletivo; produção e apreciação do próprio mundo e do mundo do outro, por meio das fotografias e assim atuar na construção de novos discursos e significados; utilização das tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, poética e reflexiva, a fim de amplificar conhecimentos individual e coletivamente. É importante citar que o planejamento pedagógico para o ano de 2020 foi reformulado, a fim de contemplar a nova realidade de aulas remotas e que as competências e habilidades propostas na BNCC fortaleceram o nosso Click da Quarentena.

Criado com o Padlet

No contexto de aulas remotas, as tecnologias da informação e comunicação foram imprescindíveis para uma construção de um processo de ensino-aprendizagem dinâmico, atraente e que os estudantes, em sua maioria, com idades entre 11 e 14 anos, sintam-se à vontade para estabelecer conexões e construir experiências significativas.

O projeto Click da quarentena, como explicitado nos itens anteriores, lançou mão de uma variedade de recursos, a fim de atingir o seu objetivo. Para a fundamentação teórica, foi utilizado o Sway nas aulas expositivas; para a etapa avaliação do conhecimento adquirido, o Forms, com uma estruturação de questionário; a plataforma Kahoot! para a etapa de revisão, também é válido destacar.

Para a comunicação, o Teams foi um grande aliado, possibilitando a realização das aulas remotas (momento síncrono) com a participação dos alunos por meio do chat, uso do microfone e/ou câmera. Para o nosso webinário com a fotógrafa Morgana Narjara, utilizamos o Teams e o recurso “Levantar sua mão” foi imprescindível para organizar as perguntas e curiosidades lançadas pelos educandos. O Chat e o Canal Arte, na sala virtual do Teams, foram utilizados para orientação das produções em momento assíncrono e foi fundamental para que o projeto transcorresse de forma satisfatória.

No contexto de aulas remotas, as tecnologias da informação e comunicação foram imprescindíveis para uma construção de um processo de ensino-aprendizagem dinâmico

Para a fotografia digital lançamos mão dos aparelhos de celular e de alguns aplicativos na realização do registro e tratamento das fotografias. Na hora de montar a galeria virtual, utilizamos a plataforma Padlet, como suporte e recurso para criação, exposição e fruição no Click da Quarentena. A avaliação formal por meio do Forms, estruturada na elaboração de um pequeno questionário sobre a história da fotografia conectando o passo com o presente. A divulgação e mobilização foi feita pelo site e nos perfis do Colégio em redes sociais, como meio de amplificar e potencializar a criação dos estudantes.

Resultados
O protagonismo e o engajamento dos estudantes foi a marca do Click da Quarentena e o reflexo pode ser sentido em todas as etapas do projeto. Há um lugar de reconhecimento da fotografia como registro, memória, mas que, para além de apertar um simples botão, fala muito sobre quem somos e abre nosso baú cultural. A proposta de “enxergar o belo” no caos visava humanizar e despertar nos educandos sentimentos positivos, que os catapultassem para longe do tédio, da tristeza, do sentimento de solidão.

A cada clique, um pouquinho de cada um se ampliava e estabelecia conexão com o mundo do outro, desenvolvendo sentimentos como a autoconfiança. Mesmo diante das limitações encontradas no ensino remoto, costurar a linguagem da fotografia dentro do universo digital em que eles transitam com maestria é compreender que o processo de ensino-aprendizagem se potencializa pela troca, pelo construir junto, educador e educando em plena conexão. O maior resultado está em como cada estudante carimbou o seu olhar em um tempo-espaço dentro desse 2020, ano que nos pregou tantas peças, uma vez que a fotografia tem a capacidade eternizar o instante.

O Click da Quarentena foi desenvolvido ao longo dos meses de julho e agosto de 2020, com um total de seis momentos síncronos e dois assíncronos; construiu um acervo com mais de 100 fotografias assinadas pelos educandos; ampliou o alcance das produções por meio da abertura à visitação da galeria virtual; promoveu o engajamento dos criadores e público; e abriu passagem para o objeto de conhecimento dos meses subsequentes, o cinema; e, sem sombras de dúvidas, promoveu o campo de integração entre todos os participantes dessa jornada.

Quer saber como aliar tecnologia e metodologias ativas?
Clique e acesse

Microsoft

Karla Martins

Arte-educadora, atriz e produtora cultural. Mestra em Artes (UFRN) e graduada em Artes Cênicas (UFPE), tem atuado na educação básica como professora de Arte do ensino fundamental anos finais e ensino médio.

TAGS

aplicativos, aprendizagem ativa, aprendizagem baseada em projetos, coronavírus, educação mão na massa, ensino fundamental, socioemocionais, tecnologia

Cadastre-se para receber notificações
Tipo de notificação
guest

2 Comentários
Mais antigos
Mais recentes Mais votados
Comentários dentro do conteúdo
Ver todos comentários
Canal do Porvir no WhatsApp: notícias sobre educação e inovação sempre ao seu alcanceInscreva-se
2
0
É a sua vez de comentar!x