Labninja abre edital para capacitar oficineiros - PORVIR

Inovações em Educação

Labninja abre edital para capacitar oficineiros

Escolhidos trabalharão com jovens para desenvolver intervenções reais construídas a partir da ética hacker e da cultura livre

por Giulliana Bianconi ilustração relógio 13 de junho de 2013

O espaço onde a construção começa é virtual. Essa é uma das poucas certezas absolutas que fazem parte do Labninja, o Laboratório de Criatividade, Narrativas e Ação nas Escolas que até o dia 5 de julho está com o seu segundo edital aberto para selecionar interessados, de qualquer parte do Brasil, em desenvolver processos colaborativos com jovens e que bebam na fonte da cultura hacker.

Depois da fase de inscrições e da seleção dos 12 oficineiros, tudo passa a ser uma construção, na web e fora dela. Onde e como vão desembocar as ideias, pesquisas e projetos amadurecidos nas 12 oficinas semanais de formação a distância definidas no cronograma não é possível prever no início dos três meses de trabalho. “O que a gente busca como norte é uma intervenção real, organizada pelo oficineiro e pelos participantes das escolas ou comunidades culturais trazidas ao projeto por ele”, explica Jonaya de Castro, coordenadora geral da iniciativa. Os encontros presenciais dos oficineiros com os jovens também são semanais, e neles se desenvolvem as propostas de intervenção local, que devem buscar reflexão e impacto efetivo no espaço que compartilham.

Labninja abre edital para selecionar oficineiroscrédito diavolessa / Fotolia.com

Uma feira, um festival, um mutirão ambiental, uma exposição, um encontro para desenvolvimento de um aplicativo, um produto colaborativo. Qualquer solução que caiba no interesse dos grupos do Labninja pode ser viabilizada. O projeto não destina verba aos participantes e tem como força motriz a mobilização sustentada em formação de rede. “A primeira questão que surge, lá no começo das conversas é: mas nós vamos fazer isso onde? Em que local? E aí vem a discussão sobre todas as possibilidades da cidade, sobre o espaço público. Foi muito interessante ver essa questão ser quase ‘descoberta’ pelos participantes na primeira edição do laboratório”, conta a coordenadora Jonaya.

As intervenções do primeiro Labninja estão acontecendo agora. Em Florianópolis, a discussão resultou em um mapa afetivo da cidade, criado pelos jovens a partir da associação entre lugares e sentimentos que os espaços públicos lhes despertam. Já em Fortaleza, a escolha foi por ocupar e revitalizar um jardim público. Em São Paulo, a intervenção está sendo planejada em formato de exposição fotográfica, e exige que cada um retrate, em imagens, o seu olhar sobre a metrópole. Nas oficinas pelo Brasil, diferentes caminhos são traçados a partir desse eixo temático “espaço público” e dos outros três que baseiam o laboratório: remixologia, mídia livre e  modelos de organização.

A remixologia, esse conceito tão significativo na cultura livre, está presente para garantir que ninguém vai usar fórmulas ou conceitos prontos se essa utilização não fizer muito sentido. “Na primeira turma do Labninja, tivemos convidados para conversar com os oficineiros. Em duas das conversas, o tema ‘movimentos sociais’ foi abordado sob olhares completamente diferentes por dois dos convidados. Os oficineiros ficaram um pouco confusos. Expliquei que não havia o certo e o errado, e que remixar era justamente pegar o que para eles fazia sentido em cada uma daquelas visões apresentadas pelos convidados e construir a própria abordagem, influenciados por sua vontade, pelo ambiente em que estão”, explica Jonaya.

Intervenções reais da primeira turma do Labninjacrédito Divulgação

Vazão ao protagonismo

Aos 33 anos, a jornalista e empreendedora conduz o projeto por acreditar que há uma demanda para a criação de um protagonismo jovem que precisa ter vazão na sociedade. Além disso, parece-lhe transformador fazer isso com base em uma metodologia que privilegie a ocupação do espaço público, os modelos coletivos de gestão e o uso de ferramentas que permitem a comunicação livre.

Não é impressão, mas experiência mesmo. Jonaya é uma das integrantes do Ônibus Hacker, outro laboratório que funciona por meio das já famosas “invasões”, em cidades do Brasil. O ônibus chega com seus tutores hackers, estaciona, abre as portas e promove oficinas em que a proposta é mostrar que a apropriação de diferentes tecnologias é algo ao alcance de todos e pode fazer toda a diferença na busca e no exercício da cidadania.

“Assim como no Ônibus Hacker, outros projetos dos quais participei quando estive na coordenação cultural de CEUs (Centro Educacional Unificado) em São Paulo me mostraram que, se existe um despertar para essas possibilidades de produção e de cocriação abertas e criativas, os jovens se envolvem, têm prazer em descobrir, em construir”, afirma ela.

Alcance

O Labninja é um projeto para o Brasil inteiro, com chances de ir além das fronteiras nacionais. Na primeira edição, encontros semanais online reuniram educadores de Fortaleza, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e Florianópolis, além de um participante da Colômbia. “Também selecionamos pessoas no Norte do país, mas tivemos dificuldades em manter a comunicação, ora por causa da conexão que eles tinham, bastante ruim, ora por causa do ritmo de trabalho diferente, e isso é algo que queremos muito ajustar nesta segunda edição”, conta Jonaya.


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