Laboratório levará pesquisa científica à educação
EduLab21 busca nas ciências como neurociência, economia e psicologia embasamento para qualificar políticas públicas
por Fernanda Kalena 14 de maio de 2015
O Instituto Ayrton Senna (IAS) lançou nesta quinta-feira, 14, o eduLab21, um laboratório dedicado à produção e disseminação de conhecimento inovador em educação para o século 21. A iniciativa se propõe a buscar respostas para questões importantes da educação a partir das ciências, e assim, gerar uma base de conhecimentos sobre quais são e como se desenvolvem as competências para o século 21 e traduzir essas informações para que gestores públicos da área possam tomar decisões mais fundamentadas.
“As ciências todas já têm conhecimento acumulado suficiente para melhorar políticas públicas, só que os gestores não sabem disso. O eduLab21 quer juntar pedagogia, economia, psicologia, neurociência e todo o conhecimento que as ciências desenvolveram e disponibilizar isso para que os secretários de educação possam melhorar as políticas que eles estão desenhando”, explicou Tatiana Filgueiras, diretora do laboratório, durante o evento de lançamento nesta quinta-feira (14), realizado no Insper, em São Paulo.
O laboratório é organizado em torno de três eixos principais: produção, sistematização e disseminação. A primeira envolve novos conhecimentos e também o mapeamento dos já existentes, com o intuito de identificar as competências importantes para a vida no século 21 e como desenvolvê-las; a sistematização vai traduzir esses conhecimentos, deixa-los claros e acessíveis para os gestores e educadores; e, por fim, a disseminação dessas informações tem como objetivo facilitar o desenho de políticas públicas educacionais inovadoras.
Para realizar o trabalho a iniciativa reúne uma rede multidisciplinar de parceiros, entre universidades, pesquisadores, fundações e organizações internacionais.
As parcerias acadêmicas se desenvolvem através de duas cátedras universitárias, uma de aplicação de políticas públicas no Insper, coordenada por Ricardo Paes de Barros, ex-secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência da República e economista-chefe do projeto, e a outra na Universidade de Ghent, da Bélgica, coordenada pelo psicólogo Filip de Fruyt.
O eduLab21 também conta com um conselho consultivo composto por seis secretários estaduais de educação: Antonio Neto (RJ), Eduardo Deschamps (SC), Fred Amancio (PE), Marco Brandão (AC), Maurício Holanda (CE) e Raquel Teixeira (GO).
A importância das socioemocionais
Ricardo Paes de Barros ressaltou a importância das competências para o século 21 permearem o currículo escolar para aproximar a escola da realidade de seus estudantes e, assim, se tornar mais interessante e atrativa para eles, o que inclusive, poderia diminuir os índices de evasão escolar. “Na medida que tivermos uma base nacional comum, é fundamental que as habilidades socioemocionais estejam explicitamente colocadas e por isso o laboratório trata de coisas extremamente aplicáveis”.
Um exemplo dado por Filgueiras está relacionado aos últimos dados do PISA. “Alunos que mais aprendem matemática são os que têm mais persistência”, disse. Segundo ela, é sabido que para ir bem na escola não é requerido apenas inteligência, mas também essas competências chamadas de socioemocionais. “Um pai que estimula o filho a seguir em frente, a estudar, consegue que ele tenha um maior foco e isso é mais poderoso para fazer a nota dele melhorar do que a inteligência”.
“Se a ciência nos mostra que atitudes dos pais interferem nas competências socioemocionais do aluno, assim como a ajuda dos professores também interfere, essa é uma ferramenta poderosa para afirmar que todo mundo tem um papel a desempenhar para melhorar a educação”, continuou a diretora, que conclui: “Essa informação faz com que todos se responsabilizem”.