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Inovações em Educação

Como equilibrar aulas expositivas e metodologias ativas para melhorar a aprendizagem

Planejar aulas de forma integrada e harmoniosa é o primeiro passo para um ensino mais dinâmico e significativo. Confira as recomendações de Débora Garofalo, colunista do Porvir, para desenvolvê-las

por Débora Garofalo ilustração relógio 16 de setembro de 2024

Muito falamos no uso das metodologias ativas que têm ganhado cada vez mais espaço no cenário educacional, trazendo uma abordagem mais dinâmica e participativa para o processo de ensino-aprendizagem, não por modismo, mas por abrir espaço a um aprendizado que coloca o estudante no centro da aprendizagem. No entanto, é importante ressaltar que as aulas expositivas também têm sua relevância e devem ser utilizadas de forma equilibrada, para proporcionar uma formação integral aos estudantes.

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As metodologias ativas, nas modalidades de sala de aula invertida, aprendizagem baseada em projetos e aprendizagem colaborativa, têm como principal objetivo colocar o estudante como protagonista de seu próprio aprendizado. Nesse contexto, eles são estimulados a buscar informações, debater ideias, resolver problemas e construir conhecimento de forma mais autônoma e significativa.

Conheça os detalhes das modalidades nos vídeos do CIEB (Centro de Inovação para a Educação Brasileira).

Um exemplo prático do uso de metodologias ativas em sala de aula é a realização de um projeto interdisciplinar, no qual a turma pode ser dividida em grupos que sejam desafiados a resolver um problema real que envolva conhecimentos de diversas áreas do conhecimento. Durante o desenvolvimento do projeto, os estudantes terão a oportunidade de aplicar na prática o que aprenderam em sala de aula, desenvolvendo habilidades como trabalho em equipe, liderança e pensamento crítico.

No entanto, as aulas expositivas também desempenham um papel importante no processo de ensino. Elas permitem que os professores compartilhem conteúdos teóricos, conceitos fundamentais e informações essenciais para a compreensão de determinado assunto. Além disso, as aulas expositivas podem ser utilizadas para introduzir novos temas, contextualizar os conhecimentos adquiridos e estimular a reflexão dos estudantes.

Para José Moran, professor, pesquisador e designer de projetos inovadores na educação com ênfase metodologias ativas, “o equilíbrio entre aulas expositivas e metodologias ativas depende do projeto político-pedagógico de cada escola. Currículos por projetos e competências enfatizam a escuta ativa, a pesquisa e a experimentação; neles, as aulas expositivas são pontuais e breves: apresentam cenários, introduzem conceitos-chave, explicam aspectos complexos.”

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Como equilibrar metodologias ativas e aulas expositivas em sua aula

Para equilibrar o uso das metodologias ativas com as aulas expositivas, os professores devem planejar suas aulas de forma integrada e harmoniosa. É importante identificar os momentos em que cada abordagem é mais adequada e combinar diferentes estratégias para atender às necessidades e interesses dos estudantes. Dessa forma, é possível promover um ensino mais dinâmico, participativo e significativo, que contribua para o desenvolvimento integral da classe.

Para o professor Moran, “muitas escolas iniciam as aulas com uma participação mais intensa do professor no início (motivação, pequenas explicações) seguidas de atividades diversificadas realizadas pelos alunos (projetos, discussões) e alguma forma de fechamento e síntese. Faz muito sentido a aula invertida (aluno acessa pequenas aulas em vídeo, pesquisa antes) com o uso de plataformas e aplicativos possíveis que favoreçam uma maior personalização e que o professor desenhe atividades de acordo com as necessidades específicas dos estudantes atuando mais como designer, mediador tutor/mentor. Em escolas com mais recursos o currículo pode prever tempos individuais de atividades (plataformas adaptativas com inteligência artificial), participação criativa em projetos integradores STEAM em grupo e tempos de mentoria. Aulas expositivas são importantes, mas em projetos pedagógicos avançados não são centrais, mas integradas a um currículo com ênfase em projetos e competências.”

Assim, os professores conseguem adotar diferentes estratégias. Como exemplo, ao introduzir um novo conteúdo, o professor pode iniciar o ensino com uma breve aula expositiva para apresentar os conceitos fundamentais e, em seguida, dividir a classe em grupos para realizar atividades práticas que explorem e apliquem o conhecimento adquirido.

Outra forma de trazer o equilíbrio é através da utilização de ferramentas tecnológicas em que os professores escolhem gravar vídeos explicativos para os estudantes assistirem antes da aula, permitindo que o tempo em sala seja dedicado a discussões, debates e atividades práticas. Além disso, plataformas adaptativas podem ser utilizadas para promover a interação entre eles, estimulando a colaboração e o compartilhamento de ideias.

Os projetos interdisciplinares também são excelentes exemplos de como promover esse equilíbrio. Os estudantes são desafiados a desenvolver um projeto que envolva conhecimentos de diferentes disciplinas, permitindo que apliquem na prática o que aprenderam em sala de aula. Dessa forma, é possível integrar a teoria com a prática, estimulando o pensamento crítico, a criatividade e a resolução de problemas.

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Como avaliar o equilíbrio entre um uso e outro

A avaliação da utilização de aulas expositivas e metodologias ativas deve ser feita de forma criteriosa e contínua pelo professor, levando em consideração o desempenho dos estudantes, a eficácia no processo de ensino-aprendizagem e o alcance dos objetivos educacionais.

Para avaliar a eficácia das aulas expositivas, o professor deve observar o nível de compreensão da turma em relação aos conteúdos apresentados, a capacidade de retenção e aplicação desses conhecimentos e a participação e interesse deles durante as exposições. Além disso, é válido verificar se as aulas expositivas estão contribuindo para a construção de uma base sólida de conhecimento, preparando-os para atividades mais práticas e interativas.

Já a avaliação das metodologias ativas leva em conta a capacidade da turma em trabalhar em grupo, resolver problemas de forma colaborativa, aplicar o conhecimento teórico na prática e desenvolver habilidades como pensamento crítico, criatividade e autonomia. O professor também consegue analisar o engajamento da classe, a qualidade das produções e projetos desenvolvidos e o impacto positivo no aprendizado.

Para avaliar o uso de um e do outro, o professor tem em mãos diferentes instrumentos, como provas, trabalhos individuais e em grupo, apresentações, debates, avaliações formativas, autoavaliações, rubricas e portfólios. É importante que a avaliação seja contínua e abrangente, levando em consideração não apenas o desempenho dos estudantes, mas também o processo de ensino e a aprendizagem como um todo.

O professor precisa avaliar a utilização de forma integrada e reflexiva, buscando sempre o aprimoramento constante de sua prática pedagógica. Ao observar os resultados obtidos e o impacto no processo de ensino e aprendizagem, o docente ajusta suas estratégias para encontrar o equilíbrio ideal entre diferentes abordagens de ensino, proporcionando uma experiência educacional mais eficaz, significativa e enriquecedora.

As metodologias ativas e as aulas expositivas são complementares e devem conviver de forma equilibrada no contexto educacional. Ao adotar uma abordagem que valorize a participação ativa dos estudantes, o diálogo, a colaboração e a autonomia, os professores podem potencializar o processo de aprendizagem. 

Equilibrar o seu uso requer planejamento e criatividade por parte dos professores. Ao combinar diferentes abordagens de ensino, é possível proporcionar uma experiência de aprendizagem mais rica, envolvente e engajadora, em que a chave está em encontrar o equilíbrio certo entre a transmissão de conteúdo teórico e a promoção da participação ativa dos estudantes, criando um ambiente de aprendizagem diversificado e estimulante.

Em resumo, são 6 pontos de atenção:
Metodologias ativas em alta: Abordagens como sala de aula invertida e projetos interdisciplinares colocam o aluno no centro do aprendizado, promovendo maior engajamento e retenção de conteúdo.

Relevância das aulas expositivas: A despeito do destaque das metodologias ativas, as aulas expositivas continuam importantes para apresentar conceitos teóricos e introduzir novos temas.

Equilíbrio necessário: O sucesso pedagógico está em equilibrar atividades práticas com momentos expositivos, garantindo um aprendizado dinâmico e completo.

Uso da tecnologia: Ferramentas como vídeos e plataformas adaptativas ajudam a personalizar o ensino e aumentar a interação dos alunos.

Avaliação contínua: O desempenho dos alunos deve ser avaliado por meio de métodos variados, como provas, trabalhos em grupo e autoavaliações, para medir o impacto de ambas as abordagens.

Planejamento docente: Professores precisam refletir e ajustar suas estratégias para integrar de forma harmoniosa as metodologias ativas com aulas expositivas, garantindo uma formação mais rica e eficaz.

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aprendizagem baseada em projetos, competências para o século 21, metodologias ativas

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