O que é DeepSeek e o que dizem nossos educadores sobre ele
Matheus Bertelli de Pexels / Canva

Direto da Comunidade Porvir

O que é o DeepSeek e o que dizem nossos educadores sobre o rival do ChatGPT

Professores já estão usando a ferramenta chinesa que movimentou o mercado de tecnologia? Leia os comentários de membros da nossa comunidade no WhastApp

por Ruam Oliveira ilustração relógio 3 de fevereiro de 2025

No final de janeiro, o mundo observou uma nova plataforma de inteligência artificial vinda diretamente da China ganhar os holofotes. O DeepSeek, chatbot chinês rival do ChatGPT, balançou o mercado de tecnologia, levando empresas como a NVidia, uma das empresas das líderes no fornecimento de hardware e software para aplicativos de inteligência artificial, a perder quase US$ 600 bilhões. Estima-se que, juntos, os prejuízos sofridos por empresas norte-americanas cheguem próximo a US$1 trilhão. 

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Com um novo modelo de linguagem de IA (inteligência artificial), professores e educadores ganham mais uma plataforma para testar – e se aventurar – nas pesquisas, traduções e uma série de outros comandos a partir de perguntas que ganham respostas a partir de um banco de dados preexistentes. Mas qual a diferença dessa para as demais?

O que é o DeepSeek?

O DeepSeek é uma plataforma de inteligência artificial generativa que possibilita a criação de conteúdo e otimização de tarefas por meio de IA. Semelhante ao ChatGPT, da OpenAI, ou ao Gemini, do Google, o assistente de IA ganhou notoriedade, principalmente, pelo lançamento do novo app para celular. 

Ele faz tudo o que seus concorrentes já fazem, como criar conteúdos em texto, analisar documentos, fazer tradução ou como sistema de bate-papo. A empresa dona da ferramenta garante que a plataforma é mais rápida do que seus rivais e o que chamou a atenção do mercado foi o custo investido em sua criação. 

Enquanto a OpenAI gastou aproximadamente US$ 100 milhões para treinar o ChatGPT, a DeepSeek – empresa que leva o mesmo nome da ferramenta – afirmou ter gastado menos de US$6 milhões para fazer a aplicação funcionar. 

Qual o lugar da educação nessa história?

Cada vez que surge uma nova ferramenta, muitos educadores se veem obrigados a conhecê-la, ou entusiasmados em fazê-lo. Os que estão engajados com tecnologia, logo fazem questão de testar e verificar como essas plataformas podem auxiliar no dia a dia. 

Auxílio na elaboração de provas, organização de ideias para um plano de aula ou simplesmente a necessidade de adaptação de conteúdo são algumas das situações que levam professores a contar com as plataformas de inteligência artificial. 

O que dizem os professores do Porvir

Com o DeepSeek no noticiário, educadores da comunidade de tecnologia do Porvir no WhatsApp compartilharam com os demais suas impressões sobre a plataforma. Muitos levantaram questionamentos sobre os aspectos éticos e como o uso consciente deve ser uma premissa básica para educadores. 

Beatriz Bonadiman, especialista em IA aplicada à educação, chamou a atenção para a necessidade de tratar do tema em ambientes educacionais, principalmente levando em consideração a ética e a segurança. 

“Essa ferramenta, por exemplo, coleta Keystroke Patterns, que são as características biométricas e comportamentais do usuário. Essa informação, junto com cookies e IP, podem ser utilizados para rastreio de usuários e outras coisas”, disse.

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Trocando em miúdos, keystroke pattern é o padrão único de digitação de uma pessoa, baseado na velocidade e ritmo ao pressionar as teclas. Cookies são arquivos de texto que armazenam pequenos dados, como nome de usuário e senha, para identificar seu computador em uma rede. Endereço IP é um endereço exclusivo que identifica um dispositivo na internet ou em uma rede local.

Contudo, a educadora não considera que a plataforma seja segura para uso dos professores neste momento. “Estudei até os termos do usuário, eles coletam dados que as demais não coletam e [a plataforma] é totalmente enviesada de acordo com as políticas chinesas”, comentou. 

Uso ético e desenvolvimento de pensamento crítico

A questão dos vieses é algo que preocupa também a cientista política Heloíza Bezerra, que dá aulas na Unirio e também integra a comunidade do Porvir no WhatsApp. “Todas as plataformas e aplicativos coletam dados, inclusive alguns que nem sabemos que estão sendo coletados. E cada uma vai enviesar para um lado, para uma política ou para uma ideologia. Precisamos ser vigilantes com todas”, afirmou. 

Parte do desafio posto à escola com a chegada dessas plataformas é a tarefa de ensinar o uso crítico dessas ferramentas, levando os estudantes a compreenderem que tais plataformas podem conter vieses e leituras de mundo. Essa questão, inclusive, tem destaque no Guia IA para a Sala de Aula, com sugestões para os educadores. 

Lucimara Santos, professora e orientadora de educação digital na SME/SP (Secretaria Municipal de Educação de São Paulo), afirmou durante a conversa na comunidade do Porvir, que desde que foram lançadas essas plataformas de IA, ela sempre tenta levá-las para a sala de aula com o objetivo de treinar o olhar crítico da turma. 

“Ainda há resistência por parte dos professores com relação ao uso das IAs pelos estudantes. Mas eles já usam e, muitas vezes, sem orientação alguma. Daí o nosso papel como educadores de mostrar, orientar e fazer com que eles tenham olhares críticos e éticos”, sugeriu a educadora. 

A docente testou a ferramenta e a seguirá explorando porque entende que para ensinar é preciso se apropriar desse conhecimento. “Sempre digo aos estudantes para que desafiem a IA, questionem, articulem, proponham situações e então faremos um uso inteligente destas tecnologias.” 

O professor José Augusto de Lima Prestes, pesquisador em ética e filosofia da IA e educação tecnológica, também argumentou que os vieses encontrados nessa plataforma chamam a atenção por estarem mais escancarados que os encontrados em outras. Para ele, todas as plataformas possuem viés, mas no caso do DeepSeek, eles estão evidenciados de maneira mais clara. 

Para além disto, a legislação chinesa atualmente permite que os dados e informações dos usuários (localizados em servidores locais) sejam compartilhados com o governo quando isto é solicitado. Logo, considerando os acessos que concedemos ao DeepSeek pelos termos de uso e pelas permissões que somos obrigados a habilitar, não estão totalmente claras quais informações, registros, arquivos, dados e afins são coletados e tratados na China”, ressaltou o educador. 

Quer entrar nas conversas sobre inteligência artificial e ferramentas digitais para a sala de aula? Participe do grupo de Tecnologia do Porvir no WhatsApp.

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inteligência artificial, tecnologia

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