Olimpíada digital de matemática coloca estudante como protagonista da aprendizagem
É hora de superar o modelo de memorização e permitir aos alunos experimentar uma matemática colaborativa e desafiadora. Veja por que
por Ruam Oliveira 12 de abril de 2021
A competição, quando saudável, pode ser bastante benéfica para o ambiente escolar. Quando o assunto é matemática, por exemplo, qual o estudante que nunca se propôs um desafio, talvez pessoal mesmo, de superar o próprio recorde e tentar responder um problema mais complexo?
Em momentos de uso constante da tecnologia, escolas e educadores estão cada vez mais se apropriando da tecnologia como parte de seu planejamento de aula. Ao invés de encará-las como inimiga do ensino, podem apontá-la como uma ferramenta a mais para fazer com que os estudantes entendam sobre o assunto.
É assim com a professora Liane Poggetti, coordenadora de matemática do ensino infantil até o 5º ano no colégio Rio Branco, nas unidades Granja Viana e Higienópolis, em São Paulo (SP). Ela aponta que existem diversos desafios no ensino da matemática que passam pela própria compreensão do que seria o fazer matemático.
Mais do que a noção de que todos podem entender a matemática, ela destaca que qualquer pessoa pode fazer matemática. Ou seja, criar seus próprios métodos de resolução, por exemplo, tornando o aprendiz um protagonista de seu próprio percurso de aprendizado.
Sobre competição, a professora entende um pouco. O colégio onde leciona participa da Olimpíada Digital de Matemática no Brasil desde a primeira edição e em 2020 sua turma ficou no top 10. “De modo geral, as crianças gostam de se sentir desafiadas. Algumas se retraem um pouco, mas depois vão ficando mais efetivas e as aprendizagens são múltiplas, como as de encarar o desafio, se arriscar, [as aprendizagens] emocionais de estar em grupo, de cooperação etc.”, destaca.
Poggetti já afirma que estão se preparando para participar da edição da olimpíada deste ano, que acontece nos dias 29 e 30 de abril pela plataforma de jogos matemáticos da Matific. De acordo com a organização do evento, cerca de 3 milhões de alunos vão participar este ano.
A plataforma é usada pela professora Liane em sua disciplina em conjunto com outras ferramentas de ensino da matemática. “A tecnologia veio como uma grande aliada da matemática”, destaca. Ela reforça que a mediação do professor é ainda fundamental e que a intencionalidade do uso desse tipo de ferramenta deve sempre ser observada.
Ao participar deste tipo de competição, ela avalia que outras habilidades acabam sendo exercitadas como lidar com frustração, trabalho em equipe e coletividade. Outro ponto também é compreender que o erro faz parte da aprendizagem e sem ele não é possível avançar.
Esse aprendizado alinhado à tecnologia auxilia, por exemplo, na visualização matemática e o uso de jogos é cada vez mais corriqueiro nas salas de aula. “Trata-se de uma maneira perfeita para aumentar a confiança das crianças e incentivar uma mentalidade construtiva em matemática”, comenta Dennis Szyller, CEO da Matific Brasil.
A Olimpíada é, de acordo com Szyller, uma forma de apresentar a matemática de um jeito “fascinante e engajador”, afastando a falsa ideia de que matemática é sempre muito chata. Ele critica o ensino mais conhecido da disciplina baseado em memorizar e decorar modelos.
Na edição deste ano da Olimpíada, os três melhores colocados – entre escolas, alunos e classes – receberão cerca de R$100 mil em prêmios e em dinheiro. O historiador e professor Leandro Karnal e o comunicador Marcelo Tas serão embaixadores da competição em 2021.