Perguntas e respostas para planejar a jornada pedagógica

O início do ano traz consigo a promessa de um novo ciclo. Para quem vive a dinâmica da escola — gestores, professores, estudantes e famílias —, esse é um momento de pausa e reflexão, mas também de preparação para o futuro. Um bom planejamento escolar começa com a oportunidade de revisitar experiências passadas e alinhar expectativas para o que está por vir. 

Planejar não é apenas organizar datas e atividades. Trata-se de criar espaços para refletir sobre nossas conquistas, desafios e sobre como desejamos evoluir. Esse processo exige calma, tempo e intenção. Uma das minhas grandes referências, o biólogo, filósofo e pensador chileno Humberto Maturana (1928-2021), costumava dizer: “Em nossos esforços para produzir mudanças, muitas vezes esquecemos como é importante prestar atenção ao que está sendo conservado.” 

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Para o planejamento, essa reflexão funciona como âncora, como base, como uma oportunidade para reconhecer o que funcionou, seja uma prática pedagógica, uma relação fortalecida ou um projeto que engajou a comunidade escolar. Identificar esses pontos fortes é essencial para levá-los adiante.

Outra questão importante é: “O que queremos que seja muito diferente neste ano?”

A educação está em constante transformação, e é natural que mudanças ocorram, seja na estrutura escolar, na legislação, nas demandas das famílias ou nos desafios globais que impactam o cotidiano da escola. Antecipar essas diferenças ajuda a construir um planejamento mais resiliente e adaptável. 

Para completar essa reflexão, outra questão fundamental é: “Como essas diferenças vão impactar nossas vidas, nossas formas de nos relacionarmos e de aprender?” Essa pergunta nos convida a pensar de maneira sistêmica. 

A escola é um organismo vivo, composto por pessoas e suas interações. Mudanças em uma área inevitavelmente reverberam em outras. Antecipar essas possibilidades e nossas reações a elas é fundamental para criar um planejamento que não apenas reaja às circunstâncias, mas que permita que toda novidade seja incorporada ao ciclo de aprendizagem de maneira afetiva e efetiva. 

Exercícios para um planejamento consciente 

Planejamento do ano é tarefa de todos. 

Para gestores escolares, a reflexão pode incluir perguntas como: “Quais foram as maiores conquistas da escola no último ano?” ou “Como podemos criar um ambiente que promova mais bem-estar para nossa equipe?” 

Já para os professores, é útil pensar: “Que práticas pedagógicas mais impactaram meus estudantes?” e “Quais são as competências que eu gostaria de desenvolver em mim mesmo para este ano?” 

Os estudantes também podem ser incluídos nesse processo. Eles podem refletir: “O que eu mais gostei de aprender no último ano?” ou “Quais são as habilidades que eu quero melhorar neste ano?” Esse tipo de exercício ajuda a criar um senso de responsabilidade e protagonismo no próprio aprendizado. 

As famílias, por sua vez, podem participar por meio de conversas simples: “Quais foram os momentos mais marcantes da nossa relação com a escola no último ano?” ou “Como podemos nos envolver mais neste ano para apoiar o aprendizado dos nossos filhos?”

O descanso como parte do planejamento 

Curiosamente, o descanso também é um componente essencial do planejamento. Ter um tempo dedicado à desconexão e ao autocuidado é o que garante energia renovada para o ciclo seguinte. Planejar não significa ocupar cada minuto com compromissos; significa também criar espaços para recarregar, refletir e se reconectar com aquilo que realmente importa. 

Um planejamento que acolhe o futuro 

Um bom planejamento escolar é aquele que reconhece o valor das experiências vividas, acolhe as incertezas do futuro e coloca as pessoas no centro de todas as decisões. Ao iniciar este processo com intencionalidade e cuidado, criamos as bases para um ano mais leve, produtivo e alinhado às necessidades de todos. 

Que 2025 seja de energia, reflexão e a coragem de transformar desafios em oportunidades.

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