Plataforma cria linha do tempo mundial e interativa
Site permite que pessoas de todo mundo postem fotos, vídeos e textos em mural com mapa e datas para contar uma história
por Marina Morena Costa 7 de janeiro de 2013
Você sabe como seus avós brincavam? Como era o local de trabalho deles? Quais fatos históricos aconteceram na sua cidade? Para resgatar memórias das gerações anteriores e contar a história coletivamente, escolas estão usando uma plataforma na internet que cria uma grande linha do tempo. O site Historypin (algo como “fixe a história”) utiliza ferramentas do Google para criar um gigantesco mural da história da humanidade.
Os mais de 200 mil pins (marcadores) postados pelos usuários aparecem fixados no mapa-múndi, e representam fotos, vídeos, textos ou arquivos de áudio. É possível navegar com o zoom ou pela busca de palavras-chave, na linha do tempo (que começa em 1840) ou por localidade. Estudantes de 12 a 13 anos da escola Billericay, em Essex, no Reino Unido, convidaram um grupo de 12 idosos para completar o Historypin do bairro. Durante o encontro, os senhores mostraram fotos antigas e compartilharam com os alunos suas memórias. As imagens foram escaneadas e fixadas na plataforma.
“Eles [os alunos] exploraram outras fotos no site e viajaram por todo o Historypin utilizando o Google Street View. A plataforma tem muito potencial para ser usada durante o currículo, especialmente em história e língua Iinglesa”, relata a professora Charlotte Berry, no site da plataforma. A ferramenta do Google permite que as imagens históricas ao ar livre sejam sobrepostas às atuais, captadas pelas câmeras do Street View. Uma atividade semelhante foi desenvolvida na escola primária Newport, também em Essex.
Lançado há pouco mais de um ano, o site conta com arquivos de mais de 200 bibliotecas, arquivos nacionais e museus, além de contribuições de pessoas comuns. De acordo com a gerente de conteúdo, Rebekkah Abraham, o Historypin tem aproximadamente 400 perfis de escolas e universidades e 42 mil usuários. As visitas mensais ultrapassam a marca de 50 mil.
Há murais temáticos, como o Jubileu de Diamante da Rainha da Inglaterra, que mostra a passagem de Elizabeth 2ª por diferentes países, e o “Relembre como costumávamos fazer”, que traz registros de como antigas gerações brincavam, trabalhavam e se divertiam. Em todos os murais, os usuários podem enviar suas contribuições ao painel.
Também é possível criar um tour, uma narrativa que conduz o visitante passo a passo por um tema, fato ou história. Os Arquivos Nacionais dos Estados Unidos, por exemplo, elaboraram cinco tours. Um deles, o da Marcha pelos Direitos Civis, realizada em 28 de agosto de 1963, em Washington, narra com fotos e textos a manifestação e sobrepõe imagens históricas às atuais.
Nick Stanhope, CEO da organização sem fins lucrativos We Are What We Do (Somos o que Fazemos, em tradução livre), criadora da ferramenta, define o Historypin como um convite às pessoas a construir relações e conversar sobre a história local. “Estamos felizes em criar uma comunidade e um lugar para as pessoas se juntarem e compartilharem a história”, disse.
A We Are What We Do cria formas para que milhões de pessoas façam mais coisas boas em prol do social e do meio ambiente, segundo sua própria definição. Tem sede em Londres e escritórios em São Francisco e na Bulgária. Para desenvolver o Historypin, a organização trabalha com o Laboratório de História Espacial da Universidade de Stanford, nos EUA, para desenvolver uma série de novos estudos e ferramentas de pesquisa e procura a colaboração de instituições acadêmicas de todo o mundo neste trabalho.