Porvir e Fundação FHC lançam roteiros para trabalhar democracia no ensino médio - PORVIR
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Porvir e Fundação FHC lançam roteiros para trabalhar democracia no ensino médio

Material gratuito apoia a construção de projetos que envolvem participação e democracia em sala de aula. Baixe agora!

por Redação ilustração relógio 9 de outubro de 2023

ilustração atualização Texto atualizado em 10 de outubro de 2023 com destaques do webinário.

Os últimos anos foram marcados por diversos ataques à democracia. Dentro deste contexto, a escola exerce um papel importante na busca da defesa e promoção de um país democrático.

Discutir democracia em sala de aula é também uma maneira de desenvolver a cidadania plena dos estudantes.

Para auxiliar as escolas nessa missão, o Porvir e a Fundação Fernando Henrique Cardoso desenvolveram três roteiros pedagógicos para apoiar a construção de projetos sobre democracia e participação nas escolas.

Os materiais são gratuitos e foram construídos para trabalhar temas presentes nas Linhas do Tempo da Construção de Direitos no Brasil, da Fundação FHC.

Voltado para professores que atuam no ensino médio, o material se inspira na metodologia de aprendizagem baseada em projetos e estimula a colaboração e participação.

Os três roteiros têm como tema: Mulheres em foco: caminho para a equidade; Caminhos sustentáveis: ações locais, impactos globais; e Saúde para todos: enfrentando desafios e construindo soluções.

Sobre os roteiros pedagógicos

O roteiro “Mulheres em foco” traz, entre os objetivos de aprendizagem, maneiras de identificar as principais conquistas e desafios enfrentados pelas mulheres no Brasil em diferentes contextos. Outro objetivo do material é apresentar soluções inovadoras para promover a igualdade de gênero.

Já o roteiro sobre “Saúde para todos” busca aproximar o tema da saúde pública da sala de aula, bem como investigar as atribuições e responsabilidades de cada instância de governo (federal, estadual e municipal) no desenvolvimento e implementação de políticas de saúde.

O último dos três roteiros traz a sustentabilidade como eixo principal de debate. Ele aborda justiça ambiental e como produzir soluções criativas para as questões do meio ambiente.

Destaques do webinário

O webinário de lançamento dos roteiros pedagógicos contou com a participação de Alexsandro Santos, professor universitário e diretor de Políticas e Diretrizes da Educação Integral Básica do Ministério da Educação desde fevereiro de 2023, e Yuri Norberto Silva, professor no Centro de Excelência Atheneu Sergipense. Gestor de projetos inovadores, como o Lead (Laboratório de Educação e Aprendizagem Digital) e o programa Atheneu Políticas Públicas – POP, que promove debates políticos em sala de aula e organizou sabatinas com candidatos a governos e ao Senado em 2002.

Na ocasião, Alexsandro Santos recordou que ensinar sobre os valores democráticos é uma tarefa prevista tanto na Constituição Federal de 1988 – que completou 34 anos no último dia 5 de outubro –, na LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) e na BNCC (Base Nacional Comum Curricular).

“Nós não nascemos sabendo viver em uma sociedade democrática, é preciso um aprendizado para sustentar as relações”

Alexsandro Santos, MEC

“Nós não nascemos sabendo viver em uma sociedade democrática. É preciso um aprendizado para sustentar as relações democráticas”, afirmou.

O professor reforçou que os regimes democráticos instigam as pessoas à participação ativa e consciente de todas as pessoas para que funcionem bem. “Não há democracia se as pessoas que compõem a sociedade não a compreendem”, disse Alexsandro.

Tendo em vista os ataques ocorridos em Brasília no dia 8 de janeiro, Alexsandro considera que trazer a educação democrática para a prática escolar se tornou ainda mais relevante.

“Parte da sociedade confunde educação para a cidadania com doutrinação. Há um certo temor de uma parcela do país que, ao fazer um trabalho de educação política para a cidadania, estaríamos corrompendo a formação moral ou interferindo na construção dos valores éticos dos estudantes”, afirmou o docente. “O que queremos mesmo é fazer valer o princípio que nos orienta à formação cidadã em parceria com a escola, a família e a sociedade”, completou.

Exemplo prático

Trazendo um bom exemplo de ensino sobre democracia na escola, o professor Yuri compartilhou o processo de criação do Atheneu Políticas Públicas, ocorrido em 2022. Para trazer os estudantes a um debate qualificado sobre política e participação cidadã, o professor passou a introduzir questões cotidianas e da rotina dos alunos por uma perspectiva política.

“Os alunos foram entendendo que tudo o que acontecia na rotina deles tinha um nome e era uma política pública”, contou Yuri. O engajamento deu muito certo. Tanto que os próprios estudantes começaram a sugerir sabatinas com os pré-candidatos ao governo de Sergipe. “Fizemos sabatinas com mil alunos numa quadra, foi uma aventura positiva”, lembrou.

O contexto de polarização política e social vivido à época preocupava um pouco Yuri, contudo, o docente destacou que mesmo tendo visões políticas distintas, as reações vividas durante o projeto dentro da escola não eram iguais às observadas fora do ambiente escolar ou nas redes sociais.

“Fomos a única instituição do Estado que conseguiu reunir todos os candidatos para as sabatinas, nem mesmo as emissoras de TV conseguiram”, disse.

“Fomos a única instituição do Estado que conseguiu reunir todos os candidatos para as sabatinas, nem mesmo as emissoras de TV conseguiram”

Yuri Norberto Silva, professor

Como alcançar os estudantes

Para fazer com que os estudantes participem do processo e se envolvam com o tema da democracia, Yuri sugere que sejam oferecidos à turma exemplos que tenham relação com experiências do cotidiano. “Como qualquer outra coisa, a política também precisa gerar interesse. Traga pequenos desafios para que eles possam pensar no dia a dia deles e relacionar com aspectos políticos”, sugeriu.

Outro ponto apontado por Yuri foi sobre a abertura que a escola tem para trazer o assunto de uma maneira leve e contextualizada. Para o docente, se os estudantes não reconhecem na escola a capacidade de ouvi-los, dificilmente vão se engajar em uma atividade.

“Aprendizagem é também onde e como se aprende. Não existe uma aprendizagem efetiva se convivo em um ambiente antidemocrático”, refletiu.

Reveja o webinário

ilustração atualização Texto atualizado em 10 de outubro de 2023 com destaques do webinário.


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ensino médio, planos de aula

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