5 sugestões para inspirar projetos escolares na volta às aulas
Saiba como a metodologia de aprendizagem baseada em projetos incentiva o engajamento dos estudantes em sala de aula
por Alice Martins Morais 17 de fevereiro de 2025
Que tal aproveitar o início do ano letivo para implementar a aprendizagem baseada em projetos em sala de aula? Essa é uma metodologia ativa que tem o estudante como centro do processo pedagógico. Ou seja, é o jovem que conduz o processo de aprendizagem, tendo os colegas e professores como mediadores da construção do conhecimento.
No ensino médio, o método pode ser eficaz para atrair o interesse dos adolescentes e aprender as disciplinas para além da teoria. A abordagem necessariamente requer pensamento crítico, capacidade de resolução de problemas, colaboração e múltiplas ferramentas de comunicação, de fato assumindo e integrando a iniciativa como estratégia curricular.
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São os próprios estudantes que constroem respostas para os desafios sociais de suas comunidades. Eles executam, do início ao fim, os projetos até chegar a um protótipo. Essa é uma estratégia que funciona em diferentes tipos de escola e impulsiona o protagonismo do estudante, enquanto também valoriza os professores.
Pela América Latina, a aprendizagem baseada em projetos trouxe impactos positivos para jovens em diferentes contextos. Reunimos cinco casos publicados originalmente na plataforma Samsung Solve for Tomorrow Latam, da qual o Porvir é parceiro, coordenando a produção e a disseminação de conteúdo em português, espanhol e inglês (saiba mais detalhes ao final do texto)*.
O Solve for Tomorrow é um programa global da Samsung que estimula estudantes a encontrar soluções para problemas reais de suas comunidades, além de reconhecer os professores que mediam esse conhecimento. Confira alguns exemplos em diferentes países:
Mãos à obra para avançar no conhecimento
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Na região metropolitana de Santiago, no Chile, estudantes criaram o “Leak Detector” (Leak-D), dispositivo de baixo custo para identificação de vazamentos de gás. Quando há presença de gás no ambiente, o sensor aciona a luz e emite um alarme sonoro. Segundo a professora mediadora, Liliana Castro, a aprendizagem baseada em projetos e os conhecimentos STEM (integração de ciências, tecnologia, engenharia e matemática) foram fundamentais para realizar exercícios concretos.
“Nesse caso, eles tiveram que não apenas revisitar, mas avançar na compreensão de circuitos elétricos, eletricidade, comportamento dos gases e construção e leitura de gráficos. São ferramentas e conhecimentos que levarão para a vida e isso me motiva como professora: apoiá-los, como mediadora, a construírem seus próprios percursos de aprendizagem”, explica.
Estudantes motivam outras turmas da escola
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Na região de La Mojana, no Caribe colombiano, uma equipe de quatro estudantes desenvolveu o projeto “Aprovechamiento de la cáscara de arroz” (“Aproveitamento da casca de arroz”, em português), que foi finalista do Solve for Tomorrow na Colômbia, em 2022. Basicamente, o grupo criou um protótipo que transformou a casca de arroz em um material de construção artesanal sustentável (conhecido localmente como bareque ou bahareque).
Depois da participação no programa, não apenas o grupo mudou de postura, como também os demais estudantes da escola. “Antes, era difícil conseguir alunos para trabalhar com pesquisa. Depois que tivemos esse resultado, a convocatória do ano seguinte trouxe de repente 30 candidatos”, orgulha-se o professor Dario Perez. O projeto, inclusive, continuou em desenvolvimento com um novo grupo de alunos.
Experimentos que dão um gostinho da vivência científica
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Na zona rural do município de Metapán, em El Salvador, três alunos criaram um minigerador eólico como solução para o déficit energético de sua comunidade. O projeto denominado “Elitorre” foi finalista do Solve for Tomorrow 2022 – Região América Central e Caribe, que reúne 11 países: República Dominicana, Costa Rica, Panamá, Guatemala, Honduras, Nicarágua, El Salvador, Equador, Venezuela, Belize e Barbados.
Embora os jovens hoje não continuem com a formação científica na universidade, a professora Cecília Gallardo aponta a importância de ter tido essa experiência ligada à aprendizagem baseada em projetos. “Esse programa deu a eles a oportunidade de participar de um projeto científico e aprender como são desenvolvidos os experimentos. Isso lhes dá maior segurança para ingressar no mercado de trabalho”, contextualiza, explicando que nem sempre é possível ingressar na universidade. Além disso, o grupo desenvolveu habilidades interpessoais como a comunicação.
Unindo a comunidade escolar e do entorno em busca de uma solução criativa
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Um grupo de quatro estudantes do departamento de Lima, no Peru, descobriu como usar cascas de laranja e banana para descontaminar um rio de sua comunidade. O projeto “Biozono” tem o objetivo de preservar a agricultura local e a saúde das pessoas e foi finalista do Solve for Tomorrow no país, em 2021. Além do apoio da comunidade do entorno, docentes de diferentes disciplinas estiveram presentes em todo o processo – da pesquisa à redação das descobertas.
De acordo com o professor mediador, Miguel de la Cruz, os alunos precisaram estudar as reações que acontecem, mobilizando conhecimentos da biologia, física, química e bioquímica para chegar aos resultados. Ademais, também buscaram apoio de família da comunidade campesina. “Para envolver a comunidade, foi preciso que os jovens organizassem apresentações, explicassem e mostrassem seus experimentos em público, desenvolvendo um conjunto de habilidades socioemocionais”, explica.
Experiências que ampliam as perspectivas de vida
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No interior da Bahia, estado do Nordeste brasileiro, um grupo de estudantes do curso técnico em Análises Clínicas desenvolveu uma nova tecnologia, que transforma o resíduo do sisal, uma planta típica da região, em bioplástico. A partir desse material, foram criadas luvas descartáveis com baixo tempo de decomposição após o uso. O projeto, intitulado “Produção de luvas através de bioplástico”, foi o vencedor do júri popular do Solve for Tomorrow no país, em 2022.
De acordo com a professora Pachiele Cabral, a participação dos estudantes do 1º ano do ensino médio abriu novas portas e perspectivas de vida. “O rendimento dos estudantes na sala de aula era muito baixo e, depois desse projeto, eles evoluíram, os professores chamam para elogiar, os pais têm o maior orgulho e estão sempre participando”, comemora.
Saiba mais sobre a plataforma Solve for Tomorrow Latam
O conteúdo da plataforma Samsung Solve for Tomorrow Latam é coordenado e produzido pela Agência de Soluções do Instituto Porvir e voltado à rede de educadores de todos os países da América Latina. Disponível em português, inglês e espanhol, a plataforma oferece uma coleção abrangente de referências e práticas pedagógicas inspiradoras em educação STEM (Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática). O material é fruto das experiências de educadores que participaram do Samsung Solve for Tomorrow nos últimos 10 anos, compartilhando projetos inovadores realizados em escolas públicas da América Latina.