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Coronavírus

Aprendizados do período remoto para lembrar na volta às aulas

Selecionamos destaques da cobertura "Educação em Tempos de Coronavírus" para apoiar gestores e professores com novas metodologias, avaliações e ações para discutir saúde mental

por Ruam Oliveira ilustração relógio 30 de julho de 2021

O segundo semestre está chegando. Nos próximos dias, muitos estudantes vão voltar às aulas, porém, com algo novo: a possibilidade de retorno presencial. Desde a metade de 2020 diversos retornos antes previstos foram adiados devido ao andamento da vacinação no Brasil, mas, desta vez, não.

Redes de ensino estão se organizando num movimento inverso agora e, ao invés de uma preparação para permanecer em casa, há uma preparação para receber os estudantes que vão chegar. No entanto, é importante salientar que o período de pandemia e de aulas em um esquema de ensino remoto ou à distância, deixou alguns ensinamentos e aprendizados que podem ser levados para essa nova fase.

Educação socioemocional
Elementos como empatia, acolhimento e uma preocupação maior com a saúde mental, por exemplo, são observados como algumas das características que devem estar no horizonte dos educadores. As escolas vão precisar pensar no acolhimento aos professores, que têm vivenciado uma quebra muito forte de rotinas, encarando períodos longos de trabalho ao mesmo tempo em que precisam lidar com um tipo diferente de atendimento ao aluno, que está longe e mediado por uma tela.

“É preciso uma rede de apoio ao professor, composta por profissionais multireferenciais, capazes de cuidar e tratar preventivamente dos educadores, além de manter uma conexão com as redes dos estudantes”, diz o professor Sandro Ribeiro, formador de professores em Volta Redonda (RJ) ouvido pelo Porvir no início deste ano.

Não somente os sentimentos dos educadores, como também dos estudantes precisarão estar na pauta de discussão. Aspectos socioemocionais antes mesmo da pandemia já eram importantes de serem discutidos e neste retorno, seguem sendo necessários de observação. Este aprendizado de que é preciso olhar para as muitas dimensões, além da cognitiva, não pode ser ignorado.

“A escola começou a mudar e a tentar promover uma formação não restrita à dimensão cognitivo racional, mas que compreendesse o indivíduo em sua integralidade. É daí que vem a educação integral, que considera as várias dimensões dos indivíduos, inclusive subjetivas”, disse Rafaela Paiva Costa, historiadora, doutora em educação e consultora pedagógica do LIV (Laboratório Inteligência de Vida) em entrevista recente ao Porvir.

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Metodologias
Os desafios a serem enfrentados nos próximos dias podem levar em consideração o que foi visto ao longo do último um ano e meio de pandemia, quando a escola experimentou momentos variados entre distância, aulas por WhatsApp, videoconferência etc.

Quando se pensa em metodologias, é válido refletir que o ensino remoto e híbrido, mesmo que muito citados, reforçaram a importância de inclusive saber diferenciar uma modalidade da outra. Com a pandemia, tanto o ensino remoto quanto o híbrido precisaram ser vistos de maneira menos estrita. Ou seja, colocar os pingos nos is. O ensino remoto diz respeito ao ensino que é realizado inteiramente online, enquanto o ensino híbrido requer que sejam preservadas ações que dialoguem com o que o estudante vê online, com as práticas presenciais.

Nos últimos meses outro reflexo da pandemia foi o quanto o ensino híbrido e remoto foram alavancados e trouxeram consigo o crescimento de edtechs e instituições de ensino voltadas para a tecnologia. Um mapeamento feito pelo CIEB juntamente com a ABStartups revelou que houve um crescimento de 26% em relação ao ano anterior.

Essa percepção não só das diferenças entre as modalidades, mas sobre como os comportamentos foram impactados pela experiência de pandemia, também devem aparecer e não devem ser ignorados neste novo momento da educação.

“Nesse período de quarentena, uma das principais aprendizagens foi a importância do encontro. Isso fez muita falta, em todos os âmbitos. Na educação, a discussão pode ser: por que estamos todos juntos para ler um texto individualmente que poderia ter sido lido em casa?”, apontou Diana Tatit, gerente pedagógica da CLOE e integrante do grupo Tiquequê.

Avaliação
Outro aspecto que pode ser levado em consideração quando se pensa em aprendizados e percepções apresentadas pela pandemia, é observar o quanto as avaliações e a criação de portfólios se mostraram importantes neste período. Entender como acompanhar e medir o aprendizado dos estudantes pode ser um processo facilitado pelo uso dos portfólios, por exemplo. Comuns na educação infantil, eles foram aparecendo também em outros ciclos da educação e podem ser ferramentas valiosas para o andamento das aulas.

Quanto às avaliações, a tecnologia que se fez presente na maioria das aulas também pôde ser vista no momento em que os professores tiveram que avaliar os estudantes. No momento em que as provas tradicionais perderam sentido, a tecnologia facilitou a criação de portfólios, que acompanham a aprendizagem e mostram com mais clareza as dificuldades e o progresso na aprendizagem dos alunos.

Gestão
E todas essas práticas se relacionam diretamente com a postura dos gestores. É importante que o gestor esteja sensível para os aspectos socioemocionais de sua equipe, aprendendo a ouvir e a criar espaços de escuta. Isso porque os professores também precisam ser acolhidos antes de acolher as turmas, até porque falar sobre luto é algo que a escola não está acostumada.

Inclusive, cabe ao gestor também perceber que os docentes podem estar se sentindo isolados, e promover uma integração com o coletivo, entendendo que essa ação tem uma diferença saudável na comunidade.

Uma postura de liderança que esteja próxima do docente, que seja atenta, é necessária. Para o sucesso de um projeto de tecnologia nas escolas, por exemplo, uma liderança preocupada com a inovação deixou de ser uma postura tão distante, considerando que a tecnologia tem sido inserida cada vez mais no cotidiano escolar.

Para o próximo semestre e tendo em vista que o modelo presencial voltará a ser uma opção, o que foi vivido e observado ao longo da pandemia, apesar dos muitos resultados negativos, também propiciou que outras ideias pudessem surgir e que não devem ser deixadas de lado.

O ano também trouxe alguns exemplos de projetos interessantes e criativos que podem servir de inspiração para esse novo momento presencial. Confira:


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coronavírus, ensino híbrido, socioemocionais, tecnologia, videoaulas

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