Robôs de baixo custo para ensinar programação
Educador defende o ensino da robótica e da programação para aplicar conceitos de exatas ensinados em sala de aula
por Vinícius Bopprê 7 de junho de 2013
Quem é que não sabe mexer no computador? Ou mudar os canais da televisão no controle remoto? Ou jogar qualquer tipo de jogo no videogame ou no celular? Pois bem, bastante gente deve ter respondido um “sim” para algumas dessas perguntas. Agora lá vai outra. Quem é que sabe como funcionam esses dispositivos por dentro? Para o professor e designer Gilson Domingues, a robótica e a programação precisam ser inseridas nos currículos das escolas já que, além de oferecer um novo conhecimento para os alunos, é uma maneira eficiente de contextualizar os conteúdos de exatas.
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“O objetivo da educação não pode ser só transmitir conteúdo, mas sim contextualizá-lo, a gente precisa usar a tecnologia para ajudar essa criança e esse jovem a buscar soluções para seus problemas reais”, explica Domingues, que está buscando financiamento de um projeto no Catarse para a criação de dez robôs de baixo custo. Seu objetivo (caso consiga alcançar a meta) é doar três unidades para escolas públicas. “O processo nunca termina no robô, ele é só a ponta do iceberg, ele é um facilitador de uma plataforma que pode ser rearranjada para ser usada em vários outros contextos”, diz.
Para a realização de seu projeto, Domingues resumiu os caros kits de peças em poucos componentes, suficientes para a montagem de robôs simples, mas que possam ser usados de várias formas para o ensino das linguagens usadas programação. Segundo ele, a criação desses dispositivos pode fazer com as ONGs, escolas públicas e privadas voltadas para público de baixo poder aquisitivo percebam que podem usar estes robôs em aulas e projetos de ciências, tecnologias e artes.
“Uma coisa muito importante é fazer com que os educadores tenham contato com essa abordagem da tecnologia. Há um paradigma nesse meio, todo mundo tem contato com a tecnologia, mas esse modelo de uso da tecnologia ainda não foi disseminado nas escolas”, explica Domingues. Mesmo tendo trabalhado em diversas escolas com essa metodologia, ele explica que ainda existe muita resistência para a inserção dessas disciplinas no currículo.
Para ele, do mesmo modo que estudamos ciências e física para entender o mundo natural, ciências sociais e história para entender o mundo artificial, ou seja, aquele moldado pelo homem, precisamos entender também o universo técnico, que surgiu a partir do desenvolvimento da própria sociedade. “Aprender programação é uma maneira de abrir a mente, ajudar as pessoas a entender como o sistema funciona por dentro. Os países de primeiro mundo produzem tecnologia e os demais consomem de maneira incosequente, sem sabre como ele funciona”, diz.
Um exemplo de como a robótica pode ajudar no aprendizado de outras disciplinas está em Pietro Teruya, de 17 anos, que tem contato com a programação desde criança graças ao pai. “[A robótica] deveria ser aplicada na escola, mesmo porque se pode ver que é utilizado muitos conceitos da área de exatas, o que contribuiria na contextualização das matérias com algo lúdico e totalmente aplicável. Eu, por exemplo, gosto muito de exatas, pois trabalhei com a programação, a lógica, a eletrônica e vi aplicações úteis do que a gente aprende na escola”, diz.
Além de permitir que os alunos coloquem os conceitos em prática, a robótica, destaca o educador, favorece a construção e validação de protótipos. “É muito importante que o aluno tenha um objetivo e possa testar hipóteses, como na ciência, são várias tentativas e erros, ele terá que fazer várias vezes até conseguir”, diz Domingues. Para ele, ao “brincar com o robô”, o jovem se torna um pesquisador, que abre condições de estudo para buscar uma solução viável para seu problema. “Um exemplo é o seguinte: ao construir um avião, se ele não tiver forças para sair do chão, vai perceber que precisa de um motor mais leve. É esse elemento que a gente chama de disruptivo, é o momento que o avião pode voar”.