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Inovações em Educação

Site reúne livros e filmes que despertam empatia

A Biblioteca da Empatia é colaborativa, usuários podem inscrever e avaliar obras que os fizeram se identificar com outra pessoa

por Fernanda Kalena ilustração relógio 27 de janeiro de 2014

Já imaginou como é a vida de uma criança no Teerã? Ou como é ter nascido cego? Ou ainda como é ser um soldado de guerra? Entrar na pele de outra pessoa e ver o mundo a partir da perspectiva dela é a definição de empatia. Um dos maiores especialistas internacionais sobre o tema, o filósofo Roman Krznaric lançou este mês seu novo projeto: A Biblioteca da Empatia (Empathy Library, em inglês), baseado na crença de que a empatia pode transformar tanto as nossas próprias vidas, quanto as sociedades em que vivemos. O conteúdo do site é todo em inglês, mas, segundo Krznaric os brasileiros já representam 20% dos acessos.

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Empatia é uma das competências-chave para a vida do século 21. Está no coração da inteligência emocional e é uma habilidade essencial para o trabalho em equipe e de liderança”, diz  Krznaric que completa: “de um lado, a empatia é um antidoto à individualização, característica que herdamos do século 20 e que ainda está enraizada em nós. E do outro, é uma ferramenta política, porque a empatia pode fazer acontecer uma revolução, não uma revolução de novas instituições, leis e políticas, mas uma muito mais radical, revolução nas relações humanas”.

Esse é o objetivo da Biblioteca da Empatia, estimular a imaginação das pessoas para que elas consigam viver vidas que são muito diferentes das suas. A biblioteca virtual têm livros de ficção, não-ficção e infantis, filmes, curtas e documentários. E o que todos têm em comum é o poder de aprofundar a empatia, são histórias que fazem o leitor ou o espectador ver a vida pelos olhos dos personagens, vivenciar uma cultura diferente, uma vida diferente.

“Há hoje uma enorme quantidade pesquisas de neurociência e psicologia mostrando que podemos aprender e desenvolver empatia e que ler livros e assistir filmes é uma ótima maneira de fazer isso”, afirma Krznaric que foi um dos fundadores da The School of Life, ou Escola da Vida, instituição que dá aulas, oficinas e cria materiais sobre temas relacionados a trabalho, amor, família, política e diversão, que chegou ano passado ao Brasil. (Em entrevista anterior ao Porvir, o filósofo contou o processo de criação da The School of Life, leia a matéria).

O acervo virtual não contém as obras, é um fichamento com informações sobre elas. Na biblioteca da empatia é possível navegar pelo ranking dos livros e filmes mais populares, busca-los por tema (como amor, guerra ou religião), ou mesmo por autores e diretores. Os membros da biblioteca podem adicionar obras que os fizeram se identificar com outras pessoas à coleção e também comentar e avaliar as já existentes. É desse modo que as obras são classificadas e o ranking é formado.

“Se não nos tornarmos melhores em empatia, acho que não vamos ser capazes de evoluir e resolver os problemas globais, como a desigualdade de riqueza e a crise ecológica. A empatia é o caminho que vai nos levar a uma sociedade mais justa, equilibrada e feliz”

“É um recurso que indivíduos, pais e educadores podem usar para encontrar as mais inspiradoras e poderosas histórias e, com elas, estimular a imaginação para entrarem em outro mundo, aprender com elas e aprimorar a empatia”, explica o filósofo.

Wonder, de R.J. Palacio, ocupa o primeiro lugar entre os livros que mais geram empatia. A história gira em torno de um garoto que nunca tinha frequentado uma escola por possuir uma síndrome que deforma seu rosto e está prestes a ingressar na quinta série de uma escola particular.

Já o filme que ocupa a primeira posição é Segredos e Mentiras, de Mike Leigh, que conta a história de uma jovem negra, de 27 anos, que ao perder sua mãe adotiva vai atrás de sua mãe biológica e se espanta ao descobrir que ela é branca.

A expectativa de Krznaric é que grupos de leitura e clubes de filmes ao redor do mundo usem o acervo para promoverem e ensinarem empatia. “Se não nos tornarmos melhores em empatia, acho que não vamos ser capazes de evoluir e resolver os problemas globais, como a desigualdade de riqueza e a crise ecológica. A empatia é o caminho que vai nos levar a uma sociedade mais justa, equilibrada e feliz.”

Veja abaixo vídeo em inglês, que mostra a importância da empatia na sociedade moderna.


TAGS

cinema, competências para o século 21, socioemocionais

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