Soledade (RS) se torna Cidade Educadora com parceria entre universidade e território - PORVIR
Prefeitura de Solededade

Inovações em Educação

Soledade (RS) se torna Cidade Educadora com parceria entre universidade e território

Cidade gaúcha investiu em formação continuada e parceria com universidade para ativar seus territórios educativos.

por Cecília Garcia, do Portal Aprendiz ilustração relógio 3 de abril de 2019

Soledade (RS) é cidade da região norte gaúcha, a aproximadamente 200 quilômetros da capital Porto Alegre. Com vastas áreas rurais e uma topografia rica em pedras preciosas, o pequeno município é também rico em lendas regionais, que preservam a cultura local da cidade centenária.

Soledade é também a primeira cidade da região norte gaúcha, e a 16ª brasileira, a entrar para a lista internacional de Cidades Educadoras da AICE (Associação Internacional de Cidades Educadoras). Com o compromisso firmado, o município se propõe a reconhecer e promover seu papel educador na formação integral de seus moradores.

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Ádria Brum de Azambuja, secretária de educação do município e uma das participantes mais ativas no processo de candidatura à lista, comentou o feito: “Estamos contentes e sabemos que é uma imensa responsabilidade a que Soledade assume perante seu contexto municipal e regional. Em uma época de tantos processos de desconstrução de políticas, em que o interior é sempre visto como lugar de mazelas, temos que nos manter eticamente fortalecidos. Que o conhecimento não nos endureça e nos humanize”.

Laura Alfonso, diretora da AICE, complementa: “Soledade é uma cidade que tem compromisso e projetos que pensam no fortalecimento e no aprofundamento do discurso de direitos humanos. A cidade é muito bem-vinda na AICE e tem muito a ensinar e aprender com as outras cidades também”.

Divulgação

 

Políticas públicas para uma cidade que educa
Foi entre 2013 e 2014, com a formação de uma gestão municipal mais participativa, que as primeiras práticas para uma cidade educadora pululam. Na área de educação, a formação continuada dos educadores do município convidou-os a pensar o que queriam para suas escolas, bairro e cidade.

“O processo de formação continuada tem sido feito de forma muito consistente e reflexiva, o que permitiu ampliar o olhar para além da sala de aula, direcionando-o para as potencialidades territoriais da cidade, como também acolher esse novo interagir entre escola e comunidade”.

O momento de fermentação pedagógica contou com o apoio pedagógico e operacional da Universidade de Passo Fundo (RS). Junto à Faculdade de Educação e a partir da demanda do município, a universidade comunitária ministrou as oficinas com munícipes.

O processo se fortaleceu ainda mais com a criação do programa UniverCidade Educadora, que usa os cursos de extensão como costura entre o conhecimento tecido dentro da universidade e a comunidade que a circula. Em adição a área de educação, o programa também inspirou Soledade a pensar em cultura e mobilidade urbana.

“O processo de formação criou interrogações entre os educadores, gestores e outros segmentos da comunidade. As pessoas começaram a se perguntar: “Nós fazemos o que com e na cidade? ”, relembra Eliara Levinski, coordenadora do programa UniverCidade Educadora. “Os encontros ajudaram as pessoas a se sentir mais corresponsáveis no campo da cultura, da educação e do desenvolvimento econômico e social do município”.

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Práticas intersetoriais e foco no território
O resultado dos encontros sistêmicos e formação ao longo dos anos – alguns apoiados financeiramente pela própria gestão de Soledade, que subsidiou metade das mensalidades para que educadores pudessem participar de um curso de pós-graduação, – fomentou práticas intersetoriais na cidade.

Na área de educação, Ádria explica: “Temos trabalhado fortemente para que professores e estudantes e a própria comunidade façam um trabalho de reconhecimento e se sintam pertencentes a aquele local, influenciando sua forma de estar”.

A intersetorialidade é determinante “no reconhecimento dos estudantes de si próprios e na ampliação da percepção cultural do próprio sujeito”, como complementa a secretária. Alunos das escolas têm visitado museus, mas também pesquisado e legitimado saberes locais de suas próprias comunidades, trabalhando costumes da área rural e lendas regionais.

“Não podemos, entretanto, ficar ensimesmados. É preciso saber de onde viemos, o que nos constitui e depois abrir as janelas e frestas, enxergar e abraçar outras culturas no sentido do conhecimento e valorização”, arrebata Ádria.

A universidade educadora e seu papel na cidade
Para Eliara, o reconhecimento de Soledade enquanto Cidade Educadora é uma importante legitimação do que acontece quando a universidade trabalha com a sua região: “Historicamente a universidade se enclausura, mas a UPS tem no seu processo essa corresponsabilização com sua cidade e região. Sua identidade pedagógica tem essa história de inserção regional e a extensão universitária é a potência de nos tornar cada mais comprometidos com os territórios”.

A secretaria de educação também endossa que não é possível fazer uma Cidade Educadora se todos os seus atores não estiverem comprometidos e dispostos a trabalhar em rede: “Vejo a perspectiva de uma cidade educadora associada à universidade educadora, possibilitando uma retroalimentação dessas peças”.

Para Marcio Tascheto, professor da Faculdade de Educação da Universidade de Passo Fundo e ex-coordenador do programa UniverCidade Educadora, a chancela de Cidade Educadora à Soledade pode impulsionar outros territórios próximos, com os quais a universidade também troca conhecimentos, a também se tornarem educativos.

“É um efeito dominó. Marau (RS) também está fazendo candidatura, então talvez em dois anos, possamos ter quatro ou cinco cidades, uma rede territorial e uma forma de pensar a universidade como uma grande parceira em pactuar outra forma de ver a cidade”.

Conteúdo publicado originalmente no Portal Aprendiz


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competências para o século 21, educação integral, ensino fundamental, ensino superior, formação continuada, uso do território

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