Vídeo permite aprendizagem colaborativa entre escolas
Programa engaja estudantes a aprenderem sobre animais em extinção com colegas de outros estados pela internet
por Marina Lopes 24 de agosto de 2015
De um lado da tela de um computador, os alunos do Colégio Municipal de Indaial (SC) mostram um desenho que fizeram do puma, um felino em extinção no município. Do outro, os alunos do Instituto Maria Auxiliadora, Porto Alegre (RS), assistem à apresentação e também compartilham suas pesquisas sobre espécies ameaçadas na capital gaúcha. Ainda que separados por uma distância de quase 600 km, a aprendizagem colaborativa acontece graças a uma videoconferência.
A atividade integra o programa Aprender em Rede, uma iniciativa do Instituto Crescer que promove o intercâmbio de experiências regionais entre alunos de escolas públicas e privadas de todo o país. Os professores das instituições inscritas se conectam por um grupo fechado no Facebook e durante oito semanas trocam os trabalhos produzidos pelos alunos, além de participarem de videoconferências com outras escolas. Todo processo acontece com a mediação do Instituto Crescer.
No colégio de Indaial, a turma do 4o ano ficou eufórica com a possibilidade de conversar com colegas de outra escola. “A aprendizagem colaborativa traz para a sala de aula esse interesse de fazer, e fazer bem feito para mostrar aos outros”, menciona a professora Rúbia Waldirene Speck Loes. De acordo com ela, a possibilidade de aprender com outras turmas estimula a participação e o interesse dos alunos.
Junto com a professora Bethina Döth, que cuida da aula de informática, ela aproveita o tema para trabalhar conteúdos de forma interdisciplinar com a sua turma. Em matemática, eles estudam o tempo de gestação de cada espécie, medidas e peso. As disciplinas de história e geografia abrem espaço para a classe aprender sobre os biomas do Brasil e sua localização no mapa. O trabalho envolve pesquisa e identificação de fontes confiáveis sobre cada espécie. Para aprimorar a redação, eles utilizam os conhecimentos de português.
Além de fazer uma conexão dos conteúdos teóricos com o que os alunos veem fora da escola, a atividade ajuda no desenvolvimento de habilidades socioemocionais, como comunicação e trabalho em equipe. Na primeira conversa pela internet que participou, com o Instituto Maria Auxiliadora e o Colégio Visconde de Porto Seguro, em São Paulo, o aluno Gustavo Henrique Gauna, 10, lembra que estava um pouco tímido, mas depois foi se soltando. “A cada videoconferência a gente perde um pouquinho de vergonha”, diz o menino, que pesquisou sobre o pica-pau-de-cara-canela, uma ave rara da região.
Gustavo e outros 20 colegas começaram o projeto sobre animais em extinção construindo fichas técnicas com informações e curiosidades sobre cada espécie. Além de pesquisas na internet, utilizaram mapas interativos para identificarem os biomas e também produziram desenhos, em tamanho real, dos animais estudados.
No dia da conferência, as professoras organizam a sala com cadeiras na frente de um monitor conectado ao Skype. Na hora de mostrar os trabalhos, cada aluno se aproxima da câmera e, após se identificar, fala sobre a espécie que pesquisou. Se alguém está com vergonha ou dificuldade, outro colega se oferece para ajudar na apresentação.
Até agora, os estudantes de Indaial já participaram de duas conferências com outros colégios. Para a aluna Mayara Cristina Schroeder, 10, a experiência de interagir com outras colegas foi muito divertida. “Foi muito, muito, legal compartilhar com as outras turmas. Eu gostei muito do que eles apresentaram porque eu não sabia sobre os outros animais que não são de Santa Catarina”, conta. “Estava todo mundo muito orgulhoso em participar de uma videoconferência para falar sobre o seu trabalho”, afirma a professora Rúbia.
Para Carlos Magno, 10, entre os trabalhos que assistiu, o que mais chamou a sua atenção foi o do leopardo, apresentado pelos alunos do Instituto Maria Auxiliadora. “Descobri que ele não é um bicho do Brasil e nem da América Latina”, conta. Carlos apresentou um trabalho sobre a ave símbolo de Curitiba, o Grimpeiro, que fez com o colega Brian da Silva, 11. “Na pesquisa, um escrevia e outro desenhava. O Carlos escrevia e eu desenha. Depois, a gente trocava. Eu escrevia e ele desenhava.”
Após as apresentações, a professora Bethina afirma que os benefícios da atividade colaborativa ficaram evidentes. “Eles perceberam, de uma forma geral, que o uso da tecnologia não fica restrito a um lazer ou brincadeira. Eles também podem utilizar essas tecnologias para aprender.”